São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2008

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Inflação supera meta pela 1ª vez em pesquisa

Adrian Moser - 26.jan.08/Bloomberg
Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, que divulga o Focus, boletim semanal com previsões de analistas do mercado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pela primeira vez, o boletim semanal Focus, pesquisa feita pelo Banco Central com analistas do setor privado mostra que a expectativa média do mercado é que a inflação fique acima da meta estabelecida pelo governo neste ano, embora dentro da margem de erro prevista pelas normas em vigor.
Segundo o levantamento, feito na sexta-feira, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deve ter alta de 4,66%, ultrapassando a meta de 4,5% fixada pela equipe econômica. Foi a terceira semana seguida em que a pesquisa mostrou aumento nessa projeção, que há um mês estava em 4,44%.
Os números reforçam a expectativa de que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) vá elevar os juros na reunião de hoje e amanhã. A mesma pesquisa diz que, na média, se espera que a taxa Selic suba dos atuais 11,25% ao ano para 11,50%. A medida seria apenas a primeira de uma série de altas que, segundo os analistas consultados, levaria os juros a 12,75% ao ano até dezembro.
O economista Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset Management, não descarta uma alta de 0,5 ponto percentual, embora diga que o aumento de 0,25 ponto seja um pouco mais provável.
Para Póvoa, o que está descartada é manter a Selic em 11,25% ao ano. O economista diz que uma alta mais branda nos juros se explicaria pela defasagem que existe entre uma mudança na taxa e seu efetivo impacto sobre a economia.
Um corte de 0,25 ponto na Selic indicaria que, para o BC, já está chegando ao fim o estímulo que a queda dos juros ocorrida até setembro do ano passado tem a dar para o nível de consumo no país. Ao mesmo tempo, o ambiente para a expansão dos investimentos das empresas ainda estaria sendo favorecido pela queda de 8,5 pontos nos juros ocorrido entre 2005 e 2007.
Isso, diz Póvoa, ajudaria a reduzir uma das principais ameaças apontadas pelo BC ao controle da inflação: um eventual desequilíbrio entre a oferta e a demanda na economia, em que as empresas não conseguissem produzir o suficiente para atender toda a procura por produtos e aproveitariam a situação para remarcar seus preços.
Um aumento de 0,5 ponto na Selic serviria, segundo o economista, para dar "um choque mais forte nas expectativas". Um aperto maior serviria apenas para mostrar ao setor privado que o BC pode adotar medidas um pouco mais drásticas caso considere que a inflação esteja fora de controle.
Para o BC, as chamadas "expectativas do mercado" são um fator importante a ser considerado nas reuniões do Copom. O raciocínio é que, se as empresas tiverem medo de uma alta mais forte da inflação no futuro, se antecipariam para remarcar seus preços agora. Ou seja, a simples projeção de um índice mais alto seria suficiente para, efetivamente, elevar a inflação.
Para o Ministério da Fazenda, o BC poderia adiar uma eventual alta dos juros para a próxima reunião, daqui a seis semanas. A equipe do ministro Guido Mantega avalia que o ritmo da atividade econômica esteja recuando, o que reduziria as pressões inflacionárias.


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