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Inflação supera meta pela 1ª vez em pesquisa
Adrian Moser - 26.jan.08/Bloomberg
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Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, que divulga o Focus, boletim semanal com previsões de analistas do mercado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pela primeira vez, o boletim
semanal Focus, pesquisa feita
pelo Banco Central com analistas do setor privado mostra que
a expectativa média do mercado é que a inflação fique acima
da meta estabelecida pelo governo neste ano, embora dentro da margem de erro prevista
pelas normas em vigor.
Segundo o levantamento, feito na sexta-feira, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Amplo) deve ter alta de 4,66%,
ultrapassando a meta de 4,5%
fixada pela equipe econômica.
Foi a terceira semana seguida
em que a pesquisa mostrou aumento nessa projeção, que há
um mês estava em 4,44%.
Os números reforçam a expectativa de que o Copom (Comitê de Política Monetária do
BC) vá elevar os juros na reunião de hoje e amanhã. A mesma pesquisa diz que, na média,
se espera que a taxa Selic suba
dos atuais 11,25% ao ano para
11,50%. A medida seria apenas
a primeira de uma série de altas
que, segundo os analistas consultados, levaria os juros a
12,75% ao ano até dezembro.
O economista Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset
Management, não descarta
uma alta de 0,5 ponto percentual, embora diga que o aumento de 0,25 ponto seja um pouco
mais provável.
Para Póvoa, o que está descartada é manter a Selic em
11,25% ao ano. O economista
diz que uma alta mais branda
nos juros se explicaria pela defasagem que existe entre uma
mudança na taxa e seu efetivo
impacto sobre a economia.
Um corte de 0,25 ponto na
Selic indicaria que, para o BC, já
está chegando ao fim o estímulo que a queda dos juros ocorrida até setembro do ano passado
tem a dar para o nível de consumo no país. Ao mesmo tempo, o
ambiente para a expansão dos
investimentos das empresas
ainda estaria sendo favorecido
pela queda de 8,5 pontos nos juros ocorrido entre 2005 e 2007.
Isso, diz Póvoa, ajudaria a reduzir uma das principais ameaças apontadas pelo BC ao controle da inflação: um eventual
desequilíbrio entre a oferta e a
demanda na economia, em que
as empresas não conseguissem
produzir o suficiente para atender toda a procura por produtos e aproveitariam a situação
para remarcar seus preços.
Um aumento de 0,5 ponto na
Selic serviria, segundo o economista, para dar "um choque
mais forte nas expectativas".
Um aperto maior serviria apenas para mostrar ao setor privado que o BC pode adotar medidas um pouco mais drásticas
caso considere que a inflação
esteja fora de controle.
Para o BC, as chamadas "expectativas do mercado" são um
fator importante a ser considerado nas reuniões do Copom. O
raciocínio é que, se as empresas
tiverem medo de uma alta mais
forte da inflação no futuro, se
antecipariam para remarcar
seus preços agora. Ou seja, a
simples projeção de um índice
mais alto seria suficiente para,
efetivamente, elevar a inflação.
Para o Ministério da Fazenda, o BC poderia adiar uma
eventual alta dos juros para a
próxima reunião, daqui a seis
semanas. A equipe do ministro
Guido Mantega avalia que o ritmo da atividade econômica esteja recuando, o que reduziria
as pressões inflacionárias.
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