São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2008

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Exportador diz que já perde contratos por causa da greve

Auditores fiscais decidem seguir com paralisação, mesmo com ameaça de corte de ponto

Empresas vêem prejuízos com atrasos no embarque da safra agrícola; servidores estimam em 4.000 o número de caminhões parados

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os auditores fiscais da Receita decidiram manter a greve, que já dura 27 dias, mesmo com a decisão do governo de cortar o ponto dos grevistas a partir deste mês. Até o fechamento desta edição, o sindicato contabilizava 75% dos votos a favor da manutenção da greve, com a metade dos 3.000 votos dos servidores que participaram das assembléias nos Estados.
O presidente do Unafisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal), Pedro Delarue, disse que o número de votos contabilizados já garantia que a paralisação será mantida. Segundo o sindicato, o fim da apuração pode levar até 72 horas.
A greve preocupa as empresas que atuam no comércio exterior. Os principais portos do país estão com filas de caminhões para embarque e próximos do limite da capacidade de armazenagem das mercadorias importadas, que ainda não foram liberadas.
O vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, disse que a paralisação já afeta a balança comercial brasileira, em especial o embarque de produtos agrícolas. Para ele, ainda não é possível quantificar o prejuízo para as exportações. Mas lembrou que muitas empresas perderam clientes no exterior porque não conseguiram embarcar a mercadoria no tempo previsto.
"O maior prejuízo é dos exportadores. Estamos no auge da temporada de embarque da soja, e a fila no Porto de Paranaguá está enorme", disse Castro.
Ontem, cerca de mil caminhões aguardavam no pátio de triagem do Porto de Paranaguá, no Paraná. A administração do porto informou que uma falha no sistema foi a responsável pela fila no embarque de contêineres, e não a greve dos fiscais.
Delarue confirmou que os servidores de Paranaguá aderiram à greve. "Na semana passada, havia 800 caminhões na fila. Ao todo, estimamos em 4.000 o número de caminhões parados no país", disse.
Os auditores fiscais da Receita reivindicam equiparação salarial com os delegados da Polícia Federal, o maior salário do Poder Executivo. Com isso, os servidores querem aumento do teto de R$ 13,4 mil para R$ 19 mil. O piso da categoria subiria de R$ 10 mil para R$ 14 mil.
O Ministério da Fazenda tem até hoje para enviar ao Ministério do Planejamento a lista dos funcionários em greve que terão corte de ponto em abril. A folha de pagamento dos servidores federais fecha no dia 18. Apenas 30% dos servidores continuam trabalhando. Na próxima semana, haverá uma nova reunião.
Na semana passada, o sindicato disse que entrará na Justiça para impedir que o corte de ponto seja retroativo à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), no dia 8, que permitiu ao governo descontar os dias não trabalhados dos grevistas.


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