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Exportador diz que já perde contratos por causa da greve
Auditores fiscais decidem seguir com paralisação, mesmo com ameaça de corte de ponto
Empresas vêem prejuízos com atrasos no embarque da safra agrícola; servidores estimam em 4.000 o número de caminhões parados
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os auditores fiscais da Receita decidiram manter a greve,
que já dura 27 dias, mesmo com
a decisão do governo de cortar
o ponto dos grevistas a partir
deste mês. Até o fechamento
desta edição, o sindicato contabilizava 75% dos votos a favor
da manutenção da greve, com a
metade dos 3.000 votos dos
servidores que participaram
das assembléias nos Estados.
O presidente do Unafisco
(Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal), Pedro Delarue, disse que o
número de votos contabilizados já garantia que a paralisação será mantida. Segundo o
sindicato, o fim da apuração
pode levar até 72 horas.
A greve preocupa as empresas que atuam no comércio exterior. Os principais portos do
país estão com filas de caminhões para embarque e próximos do limite da capacidade de
armazenagem das mercadorias
importadas, que ainda não foram liberadas.
O vice-presidente da AEB
(Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de
Castro, disse que a paralisação
já afeta a balança comercial
brasileira, em especial o embarque de produtos agrícolas.
Para ele, ainda não é possível
quantificar o prejuízo para as
exportações. Mas lembrou que
muitas empresas perderam
clientes no exterior porque não
conseguiram embarcar a mercadoria no tempo previsto.
"O maior prejuízo é dos exportadores. Estamos no auge
da temporada de embarque da
soja, e a fila no Porto de Paranaguá está enorme", disse Castro.
Ontem, cerca de mil caminhões aguardavam no pátio de
triagem do Porto de Paranaguá,
no Paraná. A administração do
porto informou que uma falha
no sistema foi a responsável pela fila no embarque de contêineres, e não a greve dos fiscais.
Delarue confirmou que os
servidores de Paranaguá aderiram à greve. "Na semana passada, havia 800 caminhões na fila.
Ao todo, estimamos em 4.000 o
número de caminhões parados
no país", disse.
Os auditores fiscais da Receita reivindicam equiparação salarial com os delegados da Polícia Federal, o maior salário do
Poder Executivo. Com isso, os
servidores querem aumento do
teto de R$ 13,4 mil para R$ 19
mil. O piso da categoria subiria
de R$ 10 mil para R$ 14 mil.
O Ministério da Fazenda tem
até hoje para enviar ao Ministério do Planejamento a lista dos
funcionários em greve que terão corte de ponto em abril. A
folha de pagamento dos servidores federais fecha no dia 18.
Apenas 30% dos servidores
continuam trabalhando. Na
próxima semana, haverá uma
nova reunião.
Na semana passada, o sindicato disse que entrará na Justiça para impedir que o corte de
ponto seja retroativo à decisão
do STF (Supremo Tribunal Federal), no dia 8, que permitiu ao
governo descontar os dias não
trabalhados dos grevistas.
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