São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2010

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Captação de empresas no mercado dobra

Volume de recursos obtidos via emissão de papéis avança no 1º trimestre, mas BNDES se mantém como principal canal de empréstimos

Desembolsos do BNDES avançam 37%; presidente da instituição afirma que operações no mercado devem ter prazos mais longos


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O mercado de capitais brasileiro começa a retornar ao radar das empresas. No primeiro trimestre deste ano, o volume de recursos captado por meio da emissão de papéis (como ações e debêntures) teve expansão de quase 90% em relação ao mesmo período de 2009 e alcançou R$ 18,9 bilhões.
Mas, apesar do crescimento expressivo, o BNDES ainda segue na frente como porto principal das empresas: entre janeiro e março deste ano, os desembolsos do BNDES somaram R$ 25,5 bilhões, crescimento de 37%. O setor com maior volume de recursos recebidos foi a infraestrutura, com R$ 9,9 bilhões em desembolsos.
Ao menos a diferença entre os volumes captados pelas empresas no mercado e no BNDES encolheu. Nos primeiros três meses de 2009, o montante levantado no mercado de capitais representou 53,7% do emprestado via BNDES pelas empresas. Neste ano, essa proporção subiu para 74,1%.
Para levantar recursos, as companhias dispõem de diferentes canais. A forma mais tradicional é o pedido de empréstimo em bancos ou no próprio BNDES. As maiores companhias também costumam buscar o mercado de capitais, que, nas economias mais desenvolvidas, representa uma fonte de captação de recursos mais ativa e abrangente que no Brasil. Até meados de 2008, empresas de menor porte estavam começando a acessar mais esse mercado. Mas a crise prejudicou a continuidade do processo.
Nesse segmento, ao lado das ações, as debêntures e as notas promissórias aparecem como modalidades de destaque. Esses títulos rendem uma taxa de juros aos investidores que os adquirem e vencem após determinado prazo.

Recuperação e mudanças
"Há a expectativa de que o mercado brasileiro retome o ritmo em que vinha trabalhando até meados de 2008, antes da eclosão da crise. O mercado de capitais representa para as empresas mais canais para captarem e, em muitos casos, a custo menor que as formas tradicionais. Mas o setor privado brasileiro ainda depende muito de recursos oferecidos pelos bancos e pelo BNDES", afirma Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
Segundo o presidente do BNDES, o banco pretende iniciar nas próximas semanas conversas com instituições financeiras para estimular a maior participação do setor privado na oferta de crédito de longo prazo. Durante a crise financeira, o BNDES se converteu no maior instrumento do governo para evitar que houvesse uma queda acentuada no investimento. "Não queremos agigantar o banco, então temos de nos mexer", disse Coutinho.
"Queremos que o mercado de capitais migre para prazos mais longos de operação, tanto do lado da emissão de dívida do setor privado como de investidores, fundos de pensão e famílias, que podem apostar em formas de poupança de prazo mais longo. Em nenhum país do mundo você obtém no mercado de aplicação de curtíssimo prazo as taxas de rentabilidade obtidas no Brasil", disse.
A transição para um cenário de maior participação do setor privado poderá exigir alterações tributárias e mudanças na regulação. Coutinho afirmou que o banco pretende desenvolver fundos de crédito e fundos de debêntures em parceria com o setor privado.


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