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Captação de empresas no mercado dobra
Volume de recursos obtidos via emissão de papéis avança no 1º trimestre, mas BNDES se mantém como principal canal de empréstimos
Desembolsos do BNDES
avançam 37%; presidente
da instituição afirma que
operações no mercado
devem ter prazos mais longos
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O mercado de capitais brasileiro começa a retornar ao radar das empresas. No primeiro
trimestre deste ano, o volume
de recursos captado por meio
da emissão de papéis (como
ações e debêntures) teve expansão de quase 90% em relação ao mesmo período de 2009
e alcançou R$ 18,9 bilhões.
Mas, apesar do crescimento
expressivo, o BNDES ainda segue na frente como porto principal das empresas: entre janeiro e março deste ano, os desembolsos do BNDES somaram R$
25,5 bilhões, crescimento de
37%. O setor com maior volume de recursos recebidos foi a
infraestrutura, com R$ 9,9 bilhões em desembolsos.
Ao menos a diferença entre
os volumes captados pelas empresas no mercado e no BNDES
encolheu. Nos primeiros três
meses de 2009, o montante levantado no mercado de capitais
representou 53,7% do emprestado via BNDES pelas empresas. Neste ano, essa proporção
subiu para 74,1%.
Para levantar recursos, as
companhias dispõem de diferentes canais. A forma mais tradicional é o pedido de empréstimo em bancos ou no próprio
BNDES. As maiores companhias também costumam buscar o mercado de capitais, que,
nas economias mais desenvolvidas, representa uma fonte de
captação de recursos mais ativa
e abrangente que no Brasil. Até
meados de 2008, empresas de
menor porte estavam começando a acessar mais esse mercado. Mas a crise prejudicou a
continuidade do processo.
Nesse segmento, ao lado das
ações, as debêntures e as notas
promissórias aparecem como
modalidades de destaque. Esses títulos rendem uma taxa de
juros aos investidores que os
adquirem e vencem após determinado prazo.
Recuperação e mudanças
"Há a expectativa de que o
mercado brasileiro retome o
ritmo em que vinha trabalhando até meados de 2008, antes
da eclosão da crise. O mercado
de capitais representa para as
empresas mais canais para captarem e, em muitos casos, a
custo menor que as formas tradicionais. Mas o setor privado
brasileiro ainda depende muito
de recursos oferecidos pelos
bancos e pelo BNDES", afirma
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
Segundo o presidente do
BNDES, o banco pretende iniciar nas próximas semanas
conversas com instituições financeiras para estimular a
maior participação do setor
privado na oferta de crédito de
longo prazo. Durante a crise financeira, o BNDES se converteu no maior instrumento do
governo para evitar que houvesse uma queda acentuada no
investimento. "Não queremos
agigantar o banco, então temos
de nos mexer", disse Coutinho.
"Queremos que o mercado
de capitais migre para prazos
mais longos de operação, tanto
do lado da emissão de dívida do
setor privado como de investidores, fundos de pensão e famílias, que podem apostar em formas de poupança de prazo mais
longo. Em nenhum país do
mundo você obtém no mercado
de aplicação de curtíssimo prazo as taxas de rentabilidade obtidas no Brasil", disse.
A transição para um cenário
de maior participação do setor
privado poderá exigir alterações tributárias e mudanças na
regulação. Coutinho afirmou
que o banco pretende desenvolver fundos de crédito e fundos de debêntures em parceria
com o setor privado.
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