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Para analistas, reduzir taxa agora
seria precipitação devido à inflação
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A recente queda dos índices de
inflação é um bom sinal para a
economia, mas ainda não garante
ao Banco Central nem sequer a
certeza de que a meta de 2004 vá
ser cumprida.
Ou seja, se o BC se guiar por critérios estritamente técnicos, provavelmente não cortará a taxa Selic, hoje em 26,5% ao ano, na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) deste mês.
Três economistas ouvidos pela
Folha -Luis Fernando Lopes (JP
Morgan), Alexandre Schwartzman (Unibanco) e Roberto Padovani (Tendências Consultoria)-
avaliam que o melhor seria o BC
deixar para mexer nos juros somente na reunião de junho, quando ficará mais clara a tendência
do comportamento dos preços.
No ano, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) -índice oficial do governo- está
acumulado em 6,15%, o que corresponde a 72,4% da meta ajustada de inflação para 2003, de 8,5%.
Pelos cálculos do BBV Banco, a taxa de inflação mensal média de
maio a dezembro deste ano precisaria ficar em 0,27% para que a
meta de 2003 fosse cumprida.
Que a meta deste ano dificilmente será cumprida todo mundo sabe, até mesmo o BC, que negociou com o FMI (Fundo Monetário Internacional) o alvo "re-reajustado" para 2003, de até 11%.
Metas
O problema é que, pelo comportamento do IPCA até agora,
nem mesmo a meta de 2004
(5,5%) seria atingida. Segundo o
banco BBV, excluídos os preços
administrados e os produtos agrícolas, o núcleo de inflação (neste
caso, somente os preços determinados livremente pelas forças de
mercado) em abril foi de 0,81%.
Para que a meta de inflação do
ano que vem seja cumprida, estima o BBV, a média mensal dos
preços livres teria de ficar em somente 0,35%. Isto é, bem abaixo
do verificado em abril, quando o
IPCA cheio foi de 0,97%.
Para Luis Fernando Lopes, o BC
do PT sofre muito mais pressões
externas para a queda dos juros
do que o BC do governo anterior.
Ele avalia que, não fossem as pressões (de políticos do partido, de
industriais e até mesmo de integrantes da equipe econômica), o
BC não mexeria na taxa neste mês
-manteria os juros em 26,5%.
Em sua opinião, o mais provável é que o BC opte por um meio
termo, como o viés de baixa ou
um corte na alíquota do compulsório (dinheiro retido obrigatoriamente pelos bancos ao BC), liberando às instituições mais recursos para a concessão de crédito, o que tenderia a diminuir os
juros cobrados do consumidor.
"Acho que seria precipitado um
corte nos juros agora", diz
Schwartzman.
Para Padovani, a queda mais
acentuada dos IGPs (índices gerais de preços) se deve a fatores
pontuais, como o recuo do dólar,
dos produtos "in natura" e da gasolina. "Não há queda generalizada de preços. Não sabemos se o
recuo no atacado se estenderá aos
preços ao consumidor."
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