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Fraude no IPVA tira R$ 1 bi de SP em 3 anos
326 locadoras paulistas são acusadas de simular endereços falsos no Paraná e no Tocantins para recolher imposto menor
Cerca de 7.500 veículos em 26 locadoras de São Paulo tiveram os documentos bloqueados ontem com a operação Rosa Negra
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Operação conjunta da Secretaria da Fazenda do Estado de
São Paulo, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao
Crime Organizado (Gaeco), do
Ministério Público Estadual, e
da Delegacia Fazendária da Polícia Civil identificou 326 locadoras de veículos paulistas acusadas de fraudar o pagamento
de IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores).
Essas 326 empresas deixaram de pagar cerca de R$ 1,1 bilhão aos cofres do Estado de
São Paulo nos últimos três
anos, dos quais R$ 500 milhões
de IPVA e R$ 600 milhões de
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
Para coibir a fraude, 41 locadoras foram alvo ontem de busca e apreensão de documentos
nos Estados de São Paulo, Paraná e Tocantins. No Estado de
São Paulo, 26 locadoras tiveram documentos de seus carros
bloqueados, com base em 26
mandados de busca e apreensão da Justiça paulista.
Com a ação, cerca de 7.500
veículos dessas 26 locadoras
estão sem documentos. Só poderão voltar a circular depois
que os registros forem transferidos para São Paulo e de as empresas quitarem os débitos de
IPVA e ICMS. O IPVA é dividido entre Estados e municípios
-50% para cada um.
Em todos esses locais foram
encontrados documentos, placas de veículos e papéis que
comprovariam ligação dessas
locadoras com quadrilhas no
Paraná e no Tocantins.
Para escapar do IPVA no Estado de São Paulo, de 4% sobre
o valor venal do veículo, as empresas teriam simulado endereços falsos no Paraná e no Tocantins. No Paraná, o IPVA é
1% para veículos de frota e, no
Tocantins, de 1% a partir do segundo ano -no primeiro ano, a
alíquota do imposto é zero.
A investigação para identificar os fraudadores de IPVA teve início em abril do ano passado, conforme a Folha noticiou.
A Fazenda paulista identificou,
com base em amostra colhida
entre dezembro de 2005 e
março de 2006, que 44 mil veículos de São Paulo tinham sido
transferidos a outros Estados,
22 mil só para o Paraná.
Milhares de contribuintes
foram notificados no ano passado para transferir o registro
de seus carros para São Paulo,
pois o Código de Trânsito Brasileiro estabelece que o veículo
deve ser registrado no órgão de
trânsito do município onde o
proprietário reside.
O cerco às locadoras faz parte da segunda parte da operação, batizada de Rosa Negra,
em referência a despachante
de Tocantins.
A Folha procurou a empresa
Rosa Negra, mas os telefones
não foram atendidos.
Para identificar as locadoras
que fraudam o pagamento de
IPVA, a Fazenda paulista cruzou informações de Detrans de
vários Estados, da Receita Federal e de arquivos de fotos de
placas de carros que circulam
principalmente no município
de São Paulo.
Prisões no Paraná
No Paraná, 14 pessoas foram
presas ontem por envolvimento na fraude, e 40 computadores foram apreendidos. "Constatamos que essa organização
criminosa atuava bem à vontade com escritórios de despachantes e com funcionários dos
Detrans do Paraná e do Tocantins", afirmou Arthur Lemos,
promotor do Gaeco.
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