São Paulo, sexta-feira, 15 de maio de 2009

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Juro do BNDES cai até 6,35 pontos

Banco de fomento reduz taxas para acompanhar a queda na taxa Selic e estimular economia na crise

Linha para capital de giro cai de 14,5% para 10,25% ao ano; a para empréstimos-ponte vai de 14,5% para faixa entre 8,15% e 10,05%

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Em mais uma medida anticíclica para combater a crise econômica, o BNDES anunciou a redução, a partir de hoje, de taxas de juros cobradas em três linhas de financiamento entre 2 e 6,35 pontos percentuais. O objetivo é acompanhar a queda na taxa básica da economia (Selic), de 13,75% para 10,25% desde o início do ano.
"Com a queda da taxa básica, as linhas de curto prazo estavam perdendo competitividade para os bancos. Queremos recuperar a competitividade e forçar os bancos a reduzir as taxas ainda mais", disse Luciano Coutinho, presidente do BNDES.
Nenhuma das linhas beneficiadas destina-se a investimento de longo prazo, que compõem a maior parte da carteira do banco. A decisão é resultado de medida provisória publicada hoje, na qual o governo reduz de 8,75% para até 7,25% o custo básico dos repasses do Tesouro ao BNDES.
A essa taxa o banco ainda acrescenta sua própria taxa de remuneração e uma taxa de risco relativa ao cliente.
Os recursos do BNDES, por lei, vêm do FAT (Fundo do Amparo ao Trabalhador), que é remunerado pela taxa de juros de longo prazo (TJLP), hoje em 6,25% ao ano, mais uma taxa de juros calculada com indicadores financeiros do mercado externo. Tradicionalmente, com essa fórmula, o dinheiro do FAT custa menos ao BNDES do que se a instituição tivesse que captar no mercado, como o Tesouro.
Neste ano, por decisão do governo, o Tesouro injetou R$ 100 bilhões no orçamento do banco para compensar a queda no crédito privado devido à crise econômica.
Para garantir que o BNDES ofereça empréstimos com juros mais baixos, o Tesouro tem que absorver a diferença entre a taxa com que capta -Selic- e a que o BNDES paga.
O custo básico pago pelo BNDES ao Tesouro, que foi reduzido com a MP publicada hoje, de 8,75% ao ano, havia sido atingido em janeiro.
"Naquela época, para evitar que as linhas de financiamento de longo prazo, que são o foco de atuação do banco, subissem, tivemos que compensar nas linhas de curto prazo, que ficaram mais caras", diz Coutinho.
Por isso, neste momento, fica descartada a redução dos juros cobrados nas linhas de longo prazo.
Na linha para capital de giro, reaberta depois da crise, a queda foi de 14,5% para 10,25% ao ano. Essa linha, que deve ser desativada até o fim do ano, tem orçamento de R$ 6 bilhões, dos quais R$ 3 bilhões em pedidos já estão em consulta ou análise pelo banco.

Na linha pré-embarque, para financiamento da produção de bens para exportação, a taxa vai cair dos máximos de 10,55% e 11,25% ao ano (dependendo do cliente) para a faixa entre 8,55% a 9,05% ao ano. Essa linha liberou cerca de R$ 6 bilhões no ano passado.
Nos empréstimos-ponte para projetos de infraestrutura, liberados em caráter emergencial para clientes que esperam crédito para pagamento em longo prazo, as taxas encolhem de 14,5% para a faixa entre 8,15% e 10,05% ao ano.

Crescimento na crise
O BNDES desembolsou R$ 18,7 bilhões de janeiro a março, crescimento de 13% em relação a igual período do ano passado. Mesmo com a crise, o desempenho do banco nesse quesito foi recorde para um primeiro trimestre. Com o aperto no mercado de crédito por causa da crise, mais empresas buscam se financiar com o BNDES.
Os dados do primeiro trimestre do ano mostram que os bancos públicos estão sustentando o aumento da oferta de crédito. Desde setembro, o BNDES respondeu por 34% do aumento da oferta de crédito.
O BNDES tem em carteira 257 projetos para obras de hidroelétricas, ferrovias, entre outros. O valor dos projetos contratados e enquadrados chega a R$ 101 bilhões. Muitos dos desembolsos desse primeiro trimestre refletem operações aprovadas no ano passado.


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