São Paulo, sexta-feira, 15 de maio de 2009

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Interesse na AL freia acordo de GM e Fiat

Desejo da montadora italiana de adquirir divisão da rival na região trava acordo para comprar operações na Europa

De acordo com pessoa envolvida nas negociações, GM não quer entregar "de mão beijada" operações na AL, que são lucrativas

DO "FINANCIAL TIMES"

As negociações da Fiat com a General Motors para a criação de um supergrupo automobilístico que incluiria a Opel/ Vauxhall, a Saab e a Chrysler encontraram obstáculos com relação às operações na América Latina da montadora americana, que incluem o Brasil.
Em um novo revés para a proposta de Sergio Marchionne, o presidente-executivo da Fiat, de criação de uma grande montadora transatlântica, Klaus Franz, o líder do sindicato dos funcionários da Opel, disse que a parceria com a empresa italiana pode resultar em uma perda de até 18 mil postos de trabalho. "Encaro essa fusão como uma necessidade crítica", afirmou Marchionne.
Diferentemente dos seis outros interessados na aquisição da Opel/Vauxhall, a Fiat também deseja o controle da lucrativa divisão sul-americana da GM, que inclui adicionalmente as operações da empresa na África e no Oriente Médio.
O grupo de autopeças belga RHJ, controlado em parte pela Ripplewood (uma empresa especializada em fusões e aquisições), foi confirmado como um dos potenciais interessados em adquirir uma participação na GM Europe, que também inclui o grupo canadense Magna.
No entanto, a GM está relutante em abrir mão de uma de suas operações mais lucrativas, de acordo com duas pessoas informadas sobre as discussões. A GM vendeu 1,3 milhão de carros na América Latina no ano passado e é a segunda maior montadora de automóveis no mercado brasileiro.
"A América Latina é o problema", disse uma dessas pessoas. "A GM não vai simplesmente ceder e entregar a divisão de mão beijada."
E as duas partes tampouco concordaram quanto às participações respectivas em uma Fiat/Opel combinada. A GM deseja encontrar um investidor para suas operações europeias até o final deste mês, quando se esgota o prazo que o governo americano concedeu à empresa para reestruturação. Caso a montadora fracasse, deverá promover um pedido de concordata em regime expresso.
A GM precisa de investidores externos para seus negócios europeus a fim de conseguir garantias de empréstimos da Alemanha e de outros países em que está instalada, para evitar uma crise de caixa prevista para o começo de julho. No entanto, a companhia deseja reter uma participação minoritária significativa na Opel/Vauxhall.
A Fiat propôs que a GM detenha cerca de 20% no grupo Fiat/Opel combinado, com uma fatia maior reservada aos controladores da empresa italiana, a família Agnelli, e outras ações lançadas em mercado como parte de uma oferta pública inicial. Porém, a GM está insistindo em uma participação maior, da ordem de 40%, em uma montadora combinada.
Um porta-voz da montadora norte-americana na Europa disse que as negociações estavam indo "muito bem" e que a empresa ainda não havia "estreitado suas opções a parceiros". A Fiat não quis comentar.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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