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Vale planeja se desfazer de 2 subsidiárias
Empresa quer vender operação amazônica de caulim, mineral usado na fabricação de produtos como papel, cerâmica e medicamentos
Subsidiárias PPSA (Pará Pigmentos) e Cadam (Caulim da Amazônia) poderão ser negociadas
com grupos estrangeiros
PAOLA CARVALHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A exploração amazônica do
caulim -mineral usado na fabricação de papel, cerâmica e
produtos farmacêuticos- está
prestes a ser dominada por empresas estrangeiras.
A Vale quer se desfazer de
suas subsidiárias PPSA (Pará
Pigmentos S.A) e Cadam (Caulim da Amazônia S.A), que, juntas, são responsáveis por 56%
da produção nacional, de acordo com o último levantamento
do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral).
Vídeo institucional do conglomerado mostra uma grande
mancha branca em meio ao
verde da floresta.
As duas empresas, diz a Vale,
atuam em área de 544 km2,
equivalente à soma da extensão territorial de Belo Horizonte e João Pessoa, conforme o
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística). As minas e as plantas de beneficiamento ocupam 20 km2.
O último balanço da companhia, referente ao primeiro trimestre do ano, revela que a mineradora "está em processo de
desinvestir os ativos de caulim
(PPSA e Cadam)".
Fonte ligada à transação, que
pediu para não ser identificada,
disse que a venda está avançada, à espera de desembaraço
burocrático para anúncio oficial. Em um negócio da ordem
de US$ 160 milhões, a PPSA
pode ser vendida ao grupo
francês Imerys, e a Cadam, à
americana KaMin.
A PPSA, localizada em Barcarena (Pará), tem capacidade
instalada para 672 mil toneladas de caulim ao ano. Em 2009,
somou 354 mil. Se comprada
pela Imerys, a francesa se tornaria líder de produção no
mercado brasileiro, com 64%
de participação, segundo o
DNPM.
A Imerys Rio Capim Caulim
(IRCC) já responde por 40% da
produção nacional. Procurada
pela Folha, a empresa não quis
conceder entrevista.
Já a Cadam, situada em Vitória do Jari (Amapá), tem condições de produzir 645 mil toneladas anuais. No ano passado,
atingiu 427 mil toneladas. Caso
a KaMin, antiga unidade de
caulim da L.M. Huber Corporation, feche negócio, entraria
no mercado já como a segunda
maior do ramo, com participação de 32%.
A reportagem entrou em
contato com a KaMin, mas não
obteve retorno.
A Vale informou que a movimentação faz parte da "gestão
proativa de ativos". O analista
de mercado da SLW Corretora,
Pedro Galdi, acredita em processo de revisão da estratégia
nas áreas onde não tem potencial de crescer ou não é competitiva, como no caulim e no alumínio.
No início do mês, vendeu por
US$ 4,9 bilhões os ativos de
alumínio para a Norsk Hydro,
da Noruega, com a justificativa
de que o custo com energia era
incompatível.
Na operação, a Vale tomou
em contrapartida 22% do controle da Norsk Hydro, tornando-se a segunda acionista, atrás
apenas do Estado norueguês.
Foram comprados da brasileira
51% na produtora de alumínio
Albras, 57% na refinaria de alumínio Alunorte, propriedade
conjunta com a Norsk Hydro
-que controlará agora 91%-, e
60% na mina de bauxita da Paragominas.
"A Vale é uma empresa globalizada. Sai do país quando
não consegue ter operação
competitiva ou diante de oportunidades", afirma o analista
da Brascan Corretora, Pedro
Montenegro.
O caulim tem impacto ínfimo nas contas da empresa. No
primeiro trimestre, rendeu
R$ 78 milhões, menos de 0,5%
da receita do período (R$ 13,03
bilhões). Já o tripé bauxita, alumina e alumínio somou R$ 1,12
bilhão, 8,6% do total.
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