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Brasil está pronto para crise na UE, diz Meirelles
Para o presidente do Banco Central, não devem ocorrer quebras como as de 2008
Meirelles vê "consenso de que a economia necessita
de um ajuste" ao defender corte de gastos de
R$ 10 bilhões pelo governo
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem que o Brasil está
preparado para enfrentar os
efeitos da crise europeia. Em
um dia marcado pela desconfiança dos investidores em relação à capacidade de recuperação da região, Meirelles disse
que ainda é cedo para fazer um
diagnóstico preciso da crise.
O presidente do BC afirmou
que itens como estabilidade de
preços, inflação sob controle,
câmbio flutuante e reservas
elevadas dão segurança ao país.
Ele participou do encerramento do seminário sobre metas de
inflação organizado pelo banco
no Rio de Janeiro.
"Crise não é bom para ninguém. Crise sempre custa muito. (...) Mas o fato concreto é
que, por enquanto, é um pouco
prematuro tentar ver a dimensão da que atinge a Europa."
Ontem as Bolsas europeias
terminaram o dia em queda e o
euro registrou a menor cotação
desde outubro de 2008. Mesmo
assim, Meirelles afirmou que é
natural o mercado discutir a
eficácia de medidas anunciadas
para combater a crise, como o
pacote de socorro à Grécia.
Meirelles explica que a
ameaça para o Brasil de um
eventual agravamento da crise
é um aumento da aversão ao
risco. Isso poderia ocorrer como consequência da maior dificuldade de financiamento de
países europeus. Na prática, o
capital pode ficar mais caro no
mundo todo. Ele citou ainda a
possibilidade de um crescimento mais lento das economias da região, o que teria impacto sobre as exportações.
Juro
Questionado sobre os efeitos
de uma crise em meio a um ciclo de alta nos juros, Meirelles
disse que esse é o aumento de
juros mais pacífico dos últimos
sete anos. A taxa básica de juros
está em 9,5% ao ano.
"É um consenso hoje entre os
formadores de opinião que a
economia necessita de um
ajuste, o próprio pacote fiscal
de corte de gastos vai nessa direção", afirmou, em referência
ao corte de R$ 10 bilhões anunciado anteontem pelo governo
para evitar um superaquecimento da economia.
Meirelles disse ainda que é
pouco provável que o país seja
surpreendido durante o ciclo
de alta dos juros por um evento
semelhante à quebra do banco
Lehman Brothers, em 2008.
"Toda a estrutura institucional está preparada para evitar a
falência de uma instituição financeira sistemicamente importante. É trabalhar esperando o pior e torcer pelo melhor."
O presidente do Deustche
Bundesbank, o banco central
alemão, Axel Weber, que participou do seminário, declarou
que a crise é um processo longo
e que deve continuar.
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