São Paulo, sábado, 15 de maio de 2010

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Brasil está pronto para crise na UE, diz Meirelles

Para o presidente do Banco Central, não devem ocorrer quebras como as de 2008

Meirelles vê "consenso de que a economia necessita de um ajuste" ao defender corte de gastos de R$ 10 bilhões pelo governo

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem que o Brasil está preparado para enfrentar os efeitos da crise europeia. Em um dia marcado pela desconfiança dos investidores em relação à capacidade de recuperação da região, Meirelles disse que ainda é cedo para fazer um diagnóstico preciso da crise.
O presidente do BC afirmou que itens como estabilidade de preços, inflação sob controle, câmbio flutuante e reservas elevadas dão segurança ao país. Ele participou do encerramento do seminário sobre metas de inflação organizado pelo banco no Rio de Janeiro.
"Crise não é bom para ninguém. Crise sempre custa muito. (...) Mas o fato concreto é que, por enquanto, é um pouco prematuro tentar ver a dimensão da que atinge a Europa."
Ontem as Bolsas europeias terminaram o dia em queda e o euro registrou a menor cotação desde outubro de 2008. Mesmo assim, Meirelles afirmou que é natural o mercado discutir a eficácia de medidas anunciadas para combater a crise, como o pacote de socorro à Grécia.
Meirelles explica que a ameaça para o Brasil de um eventual agravamento da crise é um aumento da aversão ao risco. Isso poderia ocorrer como consequência da maior dificuldade de financiamento de países europeus. Na prática, o capital pode ficar mais caro no mundo todo. Ele citou ainda a possibilidade de um crescimento mais lento das economias da região, o que teria impacto sobre as exportações.

Juro
Questionado sobre os efeitos de uma crise em meio a um ciclo de alta nos juros, Meirelles disse que esse é o aumento de juros mais pacífico dos últimos sete anos. A taxa básica de juros está em 9,5% ao ano.
"É um consenso hoje entre os formadores de opinião que a economia necessita de um ajuste, o próprio pacote fiscal de corte de gastos vai nessa direção", afirmou, em referência ao corte de R$ 10 bilhões anunciado anteontem pelo governo para evitar um superaquecimento da economia.
Meirelles disse ainda que é pouco provável que o país seja surpreendido durante o ciclo de alta dos juros por um evento semelhante à quebra do banco Lehman Brothers, em 2008.
"Toda a estrutura institucional está preparada para evitar a falência de uma instituição financeira sistemicamente importante. É trabalhar esperando o pior e torcer pelo melhor."
O presidente do Deustche Bundesbank, o banco central alemão, Axel Weber, que participou do seminário, declarou que a crise é um processo longo e que deve continuar.


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