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ONU E DESENVOLVIMENTO
Negócios entre economias do Sul crescem 176% de 1990 a 2001, enquanto comércio global avança 74% durante igual período
Países em desenvolvimento aceleram trocas
ANDRÉ SOLIANI
EM SÃO PAULO
O comércio entre países em desenvolvimento cresce num ritmo
mais rápido do que o das exportações mundiais. Entre 1990 e 2001,
os negócios entre os países do Sul
subiram 175,93%, chegando a
US$ 767,92 bilhões. No mesmo
período, segundo a Unctad, o comércio mundial subiu 73,91%.
Amanhã, os países em desenvolvimento que são membros do
SGPC (Sistema Geral de Preferências Comerciais) lançarão uma
rodada de negociação para cortar
tarifas comerciais, com o objetivo
de dinamizar ainda mais os negócios entre o grupo. Ao contrário
do que acontece com os acordos
celebrados na OMC (Organização
Mundial do Comércio), as concessões entre os membros do
SGPC não precisam ser estendidas para os países ricos.
"Está surgindo uma nova geografia econômica, em particular
do comércio mundial, resultante,
entre outros fatores, do aumento
das trocas comerciais entre os
países em desenvolvimento", afirmou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao enfatizar, em
discurso, a importância da cooperação Sul-Sul.
Segundo Lula, há 14 anos, os
países em desenvolvimento eram
responsáveis por 34% do comércio mundial. "Hoje, já alcançam
43%", disse o presidente.
Para o premiê da Tailândia,
Thaskin Shinawatra, os países em
desenvolvimento precisam reduzir sua dependência das economias centrais, pois é improvável
que elas abram seus mercados para os produtos mais competitivos
das regiões menos favorecidas.
"Dada a crescente atitude de soma-zero do Norte em relação ao
comércio, nós devemos diversificar o nosso risco, explorando
mais oportunidades no Sul", disse
Shinawatra, no seu pronunciamento, na abertura da 11ª Unctad.
Na América Latina, as exportações para países em desenvolvimento já representa quase a metade do total das vendas da região.
Em 1990, 36,2% das exportações
da região tinham como destino
países do Sul. No ano passado, essa participação alcançou 48,5%.
Os dados excluem o México, cujo principal mercado é os EUA.
No início da década passada, os
mexicanos entraram para o Nafta
(sigla em inglês para Acordo de
Livre Comércio da América do
Norte) e passaram a ter um comércio crescente com os norte-americanos.
De acordo com dados da Unctad, segundo Lula, um corte de
30% nas tarifas dos 47 membros
do SGPC poderá aumentar o comércio em US$ 8,5 bilhões. "Uma
redução tarifária de 50% geraria
aumento de comércio em até US$
18 bilhões", disse o presidente.
Além de apresentar um maior
dinamismo nos últimos anos, o
comércio entre os países pobres
envolve exportações mais rentáveis. "Na maioria dos casos, o comércio intraregional é composto
em sua maior parte por bens industrializados, com maior valor
agregado do que o comércio com
o resto do mundo, que é dominado por uma ou duas commodities", afirma relatório da Unctad.
O organismo cita o Mercosul
como exemplo. Segundo a instituição, 47% das exportações brasileiras dentro do bloco são de
bens industrializados. Para os Estados Unidos, as vendas de manufaturas representam 30% do total.
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