São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2004

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ONU E DESENVOLVIMENTO

Negócios entre economias do Sul crescem 176% de 1990 a 2001, enquanto comércio global avança 74% durante igual período

Países em desenvolvimento aceleram trocas

ANDRÉ SOLIANI
EM SÃO PAULO

O comércio entre países em desenvolvimento cresce num ritmo mais rápido do que o das exportações mundiais. Entre 1990 e 2001, os negócios entre os países do Sul subiram 175,93%, chegando a US$ 767,92 bilhões. No mesmo período, segundo a Unctad, o comércio mundial subiu 73,91%.
Amanhã, os países em desenvolvimento que são membros do SGPC (Sistema Geral de Preferências Comerciais) lançarão uma rodada de negociação para cortar tarifas comerciais, com o objetivo de dinamizar ainda mais os negócios entre o grupo. Ao contrário do que acontece com os acordos celebrados na OMC (Organização Mundial do Comércio), as concessões entre os membros do SGPC não precisam ser estendidas para os países ricos.
"Está surgindo uma nova geografia econômica, em particular do comércio mundial, resultante, entre outros fatores, do aumento das trocas comerciais entre os países em desenvolvimento", afirmou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao enfatizar, em discurso, a importância da cooperação Sul-Sul.
Segundo Lula, há 14 anos, os países em desenvolvimento eram responsáveis por 34% do comércio mundial. "Hoje, já alcançam 43%", disse o presidente.
Para o premiê da Tailândia, Thaskin Shinawatra, os países em desenvolvimento precisam reduzir sua dependência das economias centrais, pois é improvável que elas abram seus mercados para os produtos mais competitivos das regiões menos favorecidas.
"Dada a crescente atitude de soma-zero do Norte em relação ao comércio, nós devemos diversificar o nosso risco, explorando mais oportunidades no Sul", disse Shinawatra, no seu pronunciamento, na abertura da 11ª Unctad.
Na América Latina, as exportações para países em desenvolvimento já representa quase a metade do total das vendas da região. Em 1990, 36,2% das exportações da região tinham como destino países do Sul. No ano passado, essa participação alcançou 48,5%.
Os dados excluem o México, cujo principal mercado é os EUA. No início da década passada, os mexicanos entraram para o Nafta (sigla em inglês para Acordo de Livre Comércio da América do Norte) e passaram a ter um comércio crescente com os norte-americanos.
De acordo com dados da Unctad, segundo Lula, um corte de 30% nas tarifas dos 47 membros do SGPC poderá aumentar o comércio em US$ 8,5 bilhões. "Uma redução tarifária de 50% geraria aumento de comércio em até US$ 18 bilhões", disse o presidente.
Além de apresentar um maior dinamismo nos últimos anos, o comércio entre os países pobres envolve exportações mais rentáveis. "Na maioria dos casos, o comércio intraregional é composto em sua maior parte por bens industrializados, com maior valor agregado do que o comércio com o resto do mundo, que é dominado por uma ou duas commodities", afirma relatório da Unctad.
O organismo cita o Mercosul como exemplo. Segundo a instituição, 47% das exportações brasileiras dentro do bloco são de bens industrializados. Para os Estados Unidos, as vendas de manufaturas representam 30% do total.


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