São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2004

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OUTRO LADO

Ministro afirma que a proibição é "desagradável"

EM SÃO PAULO

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, classificou de desagradável a notícia de mais um carregamento de soja recusado pela China.
"Fiquei desagradavelmente surpreendido com essa novidade", disse o ministro à Folha. Ele está em São Paulo para participar da 11ª Unctad.
Segundo o ministro, se a China não mudar sua política com relação à soja brasileira, haverá um grande prejuízo para as exportações dos país. Antes do episódio de ontem, o setor privado calculava as perdas em cerca de US$ 1 bilhão.
"Se eles firmarem o pé nisso vai haver um constrangimento muito sério na área de exportação de soja para a China como um todo", disse Rodrigues.
Com as medidas de ontem, 15 empresas estão proibidas de exportar soja para a China. Até ontem, eram apenas sete. "Agora são mais 15 empresas, é quase todo o universo de "traders" [exportadores]". Mais grave, segundo ele, é que entre as 15 estão as maiores vendedoras de soja do país.
No início do mês passado, os chineses decidiram que não iriam mais aceitar carregamentos de soja que estivessem misturados com sementes tratadas com fungicida.
Como resposta ao problema, o governo brasileiro decidiu criar um padrão de qualidade para a soja brasileira similar ao usado internacionalmente. Anunciado na última quarta-feira, o padrão estabelece que só estão automaticamente liberados para venda os carregamentos que contenham, no máximo, uma semente tóxica por quilo de produto.
Se for encontrada mais de uma semente, o produto precisa passar por análise laboratorial para averiguar o nível de contaminação da carga toda.
"Tinha a franca expectativa de que isso [o novo padrão de qualidade] seria reconhecido pela China como um esforço importante para retomar as negociações. Agora estou surpreso", afirmou Rodrigues.
Apesar do critério brasileiro ser mais rigoroso do que o usado nos Estados Unidos, que libera cargas com até três sementes por quilo, ele é mais flexível do que as demandas dos chineses. "O argumento deles é tolerância zero."

Sem posição
A Coamo Agroindustrial Cooperativa, a maior cooperativa agropecuária da América Latina, que reúne 18,4 mil cooperados nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, informa, por meio da assessoria de imprensa, que não tem posição sobre a decisão chinesa. Isso porque a cooperativa não vende diretamente à China, mas por meio de "tradings". A Coamo aguarda o posicionamento das "tradings".
A Folha procurou a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, a Cooperativa Agroindustrial Lar, a Bunge Alimentos e a Fertimourão Agrícola, mas não obteve retorno sobre o assunto.


Colaborou a Reportagem Local

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Agrofolha
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