|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TANGO DA DÍVIDA
Depois de renegociação, índice despenca de 6.607 pontos para 904 e deve ficar abaixo de 500 em julho
Risco argentino cai e se aproxima do brasileiro
MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES
O risco-país da Argentina, país
que promoveu o maior calote da
história, caiu de 6.607 sexta para
910 pontos anteontem, fechando
ontem em 904 pontos, segundo
anunciou o banco de investimentos JP Morgan. Em julho, a expectativa é que caia ainda mais, para
menos de 500 pontos, ou seja, patamar similar ao brasileiro, fechado ontem em 418 pontos.
A mudança brusca não reflete
uma alteração repentina no humor dos investidores. Com a reestruturação da dívida argentina,
saíram do mercado os papéis "caloteados", ou em "default", e entraram os novos títulos emitidos
pelo governo do país vizinho.
Em fevereiro, cerca de 76% de
credores aceitaram trocar títulos
velhos da dívida, em "default",
por novos, com valor médio 70%
menor. A troca, que foi atrasada
por conta de uma decisão judicial
nos EUA, foi concluída no início
deste mês. A queda do risco-país
da Argentina já era esperada.
Segundo especialistas, o risco
medido até anteontem pelo JP
Morgan era considerado um número irreal, já que os papéis argentinos estavam em "default".
Dizer que o risco de um papel
argentino é de 500 pontos, por
exemplo, significa na verdade
afirmar que os juros que os investidores "pedem" para aceitar tal
papel é 5 pontos percentuais superior à taxa de juros dos títulos
norte-americanos, considerados
como os papéis de menor risco no
mercado internacional.
No final do mês passado, a
agência de qualificação de risco
Standard and Poor's já havia
anunciado a elevação da nota da
dívida de longo prazo da Argentina para "B-". Os papéis argentinos até agora estavam classificados com a pior nota, a "SD", aquela para títulos em "default".
Apesar de ter saído do calote e
da queda do seu risco-país, economistas ressaltam que a Argentina tem como desafio agora buscar
uma solução para os 24% de credores que não aderiram à troca. O
FMI condiciona um novo acordo
com o país a uma negociação com
esses credores.
Mas esse não é o único entrave a
um novo acordo: os principais sócios europeus do FMI estariam
pressionando o organismo para
que um acordo também seja feito
mediante a garantia de que a Argentina permita o aumento nas
tarifas de serviços públicos privatizados, que estão congeladas desde pelo menos o início de 2002.
Mas as eleições em outubro para
renovar parte do Parlamento devem dificultar decisão do governo
a favor dos reajustes.
Texto Anterior: Fitch não vê impacto de crise no "rating" Próximo Texto: Aviação: Fundação diverge de conselho na Varig Índice
|