São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2006

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Justiça não decide, e Varig prolonga crise

Avaliação sobre proposta de compra feita por trabalhadores volta a ser adiada; acordo pode incorporar novos investidores

Juízes analisam agora três ofertas pela companhia e ainda descartam falência; resultado, no entanto, deve ficar para a próxima semana


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Aguardada para ontem, a decisão do caso Varig não aconteceu, e o impasse deverá se arrastar até a próxima semana. O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio, passou o dia reunido com interessados na empresa aérea e não anunciou uma conclusão.
Paulo Fragoso, outro juiz que cuida do processo, explicou que, enquanto ninguém pedir, a Justiça não deverá decretar a falência da empresa.
Questionado sobre a hipótese de a Justiça estar prolongando a agonia da Varig, que tem cancelado diariamente cerca de 10% de seus vôos nos últimos dias, o juiz afirmou que qualquer decisão neste momento seria apressada. "Basta um único argumento para responder: mesmo na situação atual, ninguém requereu a falência."
A Justiça está analisando três propostas. A primeira é de um consórcio formado pela companhia portuguesa TAP, pela Air Canada e pelo fundo de investimentos Brookfield.
Outra proposta foi apresentada na segunda-feira por José Carlos Rocha Lima, ex-presidente da Varig Log e sócio da SYN Logística. Ele está fazendo uma oferta em parceria com a empresa Fonditec Brasil Investimento e com recursos do fundo americano Carlyle.
A Folha apurou que a terceira proposta em análise é do empresário German Efromovich, dono da Ocean Air. Esta hipótese, no entanto, só seria válida se a Varig tivesse sua falência decretada.
A Justiça considera a hipótese de uma união da proposta da NV Participação, empresa do TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) que venceu o leilão realizado na semana passada, com um desses investidores. Outra possibilidade é a realização de um novo leilão.
Ontem, a NV Participações entregou à Justiça uma petição de 29 páginas que ainda será analisada pelo juiz Ayoub.
A petição será encaminhada à Deloitte, administradora judicial da Varig, e ao Ministério Público Estadual, para que ambos dêem seu parecer. Com isso, a decisão sobre o futuro da companhia aérea deverá ficar para a próxima semana, em razão do feriado de hoje e do ponto facultativo de amanhã.
Segundo Paulo Fragoso, o TGV não apresentou a origem do dinheiro. "Eles não conseguiram provar que a proposta é viável", afirmou. De acordo com o advogado do TGV, Otávio Neves, a NV Participações atendeu a todos os pedidos da Justiça. Apesar disso, informou que o pagamento de R$ 500 milhões em debêntures, uma modalidade que não está prevista no edital, seria mantido.

"Loucos"
Para Fragoso, a Varig se tornou "um catalisador de loucos", que atrai propostas de toda natureza.
O movimento do tribunal ontem foi intenso. Enquanto o juiz Ayoub analisava a petição do TGV, o vice-presidente de uma empresa que ainda estaria sendo constituída no Brasil, Antonio Carlos Dekleva, esperava com uma proposta na mão. Os recursos viriam da Market Street Holding Company, companhia supostamente canadense.
"Temos 50 Boeings parados. Se não formos investir na Varig, vamos criar uma nova companhia no Brasil", disse Dekleva.
De acordo com Fragoso, a Varig precisa de um investidor que se associe ao TGV ou de alguém que consiga sustentar a empresa até um novo leilão. "Trabalhamos com a hipótese de esgotar todas as possibilidades até o último momento."
Ontem, TGV e SYN Logística tentavam costurar um acordo na sede da Varig. Já o presidente da TAP, Fernando Pinto, descartou a hipótese de participar ao lado do TGV. A empresa portuguesa espera comprar a Varig em um novo leilão.


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