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Justiça não decide, e Varig prolonga crise
Avaliação sobre proposta de compra feita por trabalhadores volta a ser adiada; acordo pode incorporar novos investidores
Juízes analisam agora três ofertas pela companhia e ainda descartam falência; resultado, no entanto, deve ficar para a próxima semana
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Aguardada para ontem, a decisão do caso Varig não aconteceu, e o impasse deverá se arrastar até a próxima semana. O
juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª
Vara Empresarial do Rio, passou o dia reunido com interessados na empresa aérea e não
anunciou uma conclusão.
Paulo Fragoso, outro juiz que
cuida do processo, explicou
que, enquanto ninguém pedir,
a Justiça não deverá decretar a
falência da empresa.
Questionado sobre a hipótese de a Justiça estar prolongando a agonia da Varig, que tem
cancelado diariamente cerca de
10% de seus vôos nos últimos
dias, o juiz afirmou que qualquer decisão neste momento
seria apressada. "Basta um único argumento para responder:
mesmo na situação atual, ninguém requereu a falência."
A Justiça está analisando três
propostas. A primeira é de um
consórcio formado pela companhia portuguesa TAP, pela
Air Canada e pelo fundo de investimentos Brookfield.
Outra proposta foi apresentada na segunda-feira por José
Carlos Rocha Lima, ex-presidente da Varig Log e sócio da
SYN Logística. Ele está fazendo
uma oferta em parceria com a
empresa Fonditec Brasil Investimento e com recursos do fundo americano Carlyle.
A Folha apurou que a terceira proposta em análise é do
empresário German Efromovich, dono da Ocean Air. Esta
hipótese, no entanto, só seria
válida se a Varig tivesse sua falência decretada.
A Justiça considera a hipótese de uma união da proposta da
NV Participação, empresa do
TGV (Trabalhadores do Grupo
Varig) que venceu o leilão realizado na semana passada, com
um desses investidores. Outra
possibilidade é a realização de
um novo leilão.
Ontem, a NV Participações
entregou à Justiça uma petição
de 29 páginas que ainda será
analisada pelo juiz Ayoub.
A petição será encaminhada
à Deloitte, administradora judicial da Varig, e ao Ministério
Público Estadual, para que ambos dêem seu parecer. Com isso, a decisão sobre o futuro da
companhia aérea deverá ficar
para a próxima semana, em razão do feriado de hoje e do ponto facultativo de amanhã.
Segundo Paulo Fragoso, o
TGV não apresentou a origem
do dinheiro. "Eles não conseguiram provar que a proposta é
viável", afirmou. De acordo
com o advogado do TGV, Otávio Neves, a NV Participações
atendeu a todos os pedidos da
Justiça. Apesar disso, informou
que o pagamento de R$ 500
milhões em debêntures, uma
modalidade que não está prevista no edital, seria mantido.
"Loucos"
Para Fragoso, a Varig se tornou "um catalisador de loucos",
que atrai propostas de toda natureza.
O movimento do tribunal ontem foi intenso. Enquanto o
juiz Ayoub analisava a petição
do TGV, o vice-presidente de
uma empresa que ainda estaria
sendo constituída no Brasil,
Antonio Carlos Dekleva, esperava com uma proposta na
mão. Os recursos viriam da
Market Street Holding Company, companhia supostamente canadense.
"Temos 50 Boeings parados.
Se não formos investir na Varig,
vamos criar uma nova companhia no Brasil", disse Dekleva.
De acordo com Fragoso, a
Varig precisa de um investidor
que se associe ao TGV ou de alguém que consiga sustentar a
empresa até um novo leilão.
"Trabalhamos com a hipótese
de esgotar todas as possibilidades até o último momento."
Ontem, TGV e SYN Logística
tentavam costurar um acordo
na sede da Varig. Já o presidente da TAP, Fernando Pinto,
descartou a hipótese de participar ao lado do TGV. A empresa
portuguesa espera comprar a
Varig em um novo leilão.
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