São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2006

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TRABALHO

Sem acordo, Volks ameaça demissões "imediatamente"

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Volkswagen deu um ultimato ontem aos representantes dos trabalhadores e ameaçou demitir a partir de hoje, caso os sindicatos não aceitem implementar medidas necessárias para a empresa se reestruturar no país, reduzir em 15% seus custos com mão-de-obra e compensar oito anos de prejuízos no Brasil. Os sindicalistas prometem responder "à altura".
Como os 12 mil empregados da fábrica de São Bernardo têm acordo de estabilidade até novembro deste ano, os cortes podem começar nas unidades de Taubaté e de São José dos Pinhais (PR).
A Volks emprega cerca de 21,5 mil trabalhadores em cinco unidades. Segundo os sindicalistas, a empresa anunciou que vai cortar 5.773 empregos até 2008. Desde a semana passada, há rumores em Taubaté de que a montadora pretendia demitir a partir de segunda.
Antes de se reunir ontem com dirigentes sindicais, o vice-presidente de RH da Volks, Josef-Fidelis Senn, e o gerente de relações trabalhistas, Nilton Junior, afirmaram que as demissões poderiam começar "imediatamente". "Nós temos de fazer demissões. São conseqüência de um plano de adequação de volumes e de reposicionamento de preços [a empresa alega prejuízo em suas exportações com a atual taxa de câmbio]", disse Nilton Jr. "Se as negociações não evoluírem, vamos responder imediatamente."
A reação também foi imediata entre os sindicalistas: "A empresa tem de formalizar em um papel timbrado o que pretende fazer, quantos quer demitir, onde e quais medidas quer adotar. Sem essa transparência, não há como negociar", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo. "É preciso haver contrapartidas, não dá só para impor cotas de sacrifício."
A VW informou que está "lutando" para evitar o fechamento de uma de suas fábricas no país. "Estamos lutando para que haja um futuro [para todos os trabalhadores] e evitar o fechamento de uma unidade", disse Senn.
A montadora reafirmou que precisa reduzir a tabela salarial para novas contratações, terceirizar setores, acabar com tempo livre de sindicalistas, rever acordo salarial que prevê aumento real e aumentar jornada (sem pagar hora extra) nos casos de falta de qualidade para se tornar mais competitiva.


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