São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2007

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Sinal positivo do BC leva Bolsa a novo recorde

Núcleo da inflação no atacado dos EUA fica como o esperado e alimenta o otimismo externo; Bovespa ganha 1,36%

Ata mostra otimismo com a evolução dos preços, dizem analistas, e derruba juros de longo prazo na BM&F; dólar recua 0,98%, para R$ 1,927


TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Considerada otimista, a ata da reunião do Banco Central que baixou o juro em 0,5 ponto percentual na semana passada trouxe fôlego ao mercado. A Bovespa subiu 1,36% e bateu seu 22º recorde no ano, com 53.712 pontos. Foi o segundo dia de alta após o pessimismo recente com a elevação no retorno dos títulos públicos dos Estados Unidos -ontem, os papéis de dez anos seguiram com juro alto, de 5,217%, em ganho de 0,33%.
Na ata, o Copom afirmou ver potencial para o país crescer ainda mais nos próximos meses. Destacou a importância das importações para segurar os preços, mas não respondeu à principal dúvida colocada pelo próprio comunicado do BC ao divulgar a taxa, quando citou a expressão "neste momento": os juros vão cair a um ritmo de 0,5 ponto ou de 0,25 ponto nas próximas reuniões?
"Obviamente, [o BC] não iria deixar isso claro. Diria que há uma tendência maior para cortes de 0,5 ponto. O cenário externo está confortável. A demanda não preocupa e [os diretores do BC] não esperam mudanças", disse Flavio Serrano, da corretora López León.
"Diria que veio em um tom bem mais otimista ou menos conservador. Talvez tenha a ver com a mudança na diretoria, mas não tenho argumento para afirmar isso", disse Carlos Nunes, da Coinvalores.
Por outro lado, o Copom admitiu uma preocupação com um eventual aquecimento da demanda no médio prazo, fato explicitado no resultado do PIB (Produto Interno Bruto) pelo crescimento de 6% no consumo das famílias.
"Com a equipe dividida, não vi tanto otimismo. Foi mais uma ata bastante cautelosa, que aproveitou muitos argumentos passados. Talvez o pessoal seja menos conservador, no geral. A defesa do meio ponto não foi tão forte. Tudo o que foi escrito justificaria um corte de 0,25 [ponto]", disse Elson Teles, da Concórdia.
Além da ata do Copom, a melhora foi deflagrada mais uma vez por indicadores americanos. A Bolsa de Nova York encerrou o dia com valorização de 0,53% no índice Dow Jones e de 0,48% no S&P 500. Ontem, saiu o PPI (índice de preços no atacado), acima das expectativas, mas com núcleo (que desconta a variação com energia e alimentos) em sintonia com as projeções. Hoje, sai o CPI (índice de preços ao consumidor) de maio, o mais importante indicador de inflação. Ainda na Bovespa, o destaque ficou com as ações ON da Sabesp, que dispararam 7,15% -maior alta entre os papéis do Ibovespa. A empresa detalhou o seu plano de investimento e surpreendeu os analistas com seu programa de pagamento de dividendos.

Câmbio e juros
No mercado de câmbio, o dólar fechou a R$ 1,927, com baixa de mais 0,98%, refletindo a melhora geral nos mercados. O BC aceitou poucas ofertas de compra de dólares à vista.
Na BM&F, os juros mais longos recuaram com o otimismo da ata do Copom. A taxa para janeiro de 2009 passou de 10,61% para 10,53%.


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