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FolhaInvest
Ações "abatidas" pela crise lideram retomada
Recuperação da Bovespa restabelece os valores de papéis mais afetados, aponta estudo da consultoria Economática
Ações da Agrenco, por exemplo, tiveram queda de 97,7% por conta da crise e da operação da PF, mas já acumulam alta de 245,5%
TONI SCIARRETTA
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
As ações que mais perderam
valor no ano passado com a crise nos mercados são agora as
que lideram a recente retomada na Bolsa, segundo estudo da
consultoria Economática.
No levantamento, as empresas que experimentaram os
dois extremos da mudança de
humor dos mercados são todas
novatas da Bolsa, que abriram
capital entre 2007 e 2008, época do boom da entrada de recursos de estrangeiros.
As ações que mais aparecem
na amostra são as de bancos pequenos, construtoras, frigoríficos e usinas de açúcar e de álcool. São setores prejudicados
pela contração no crédito,
aperto na liquidez e problemas
de geração de caixa.
O caso mais grave é o da
Agrenco, empresa do agronegócio cujos sócios foram presos
na operação Influenza da Polícia Federal. Os papéis chegaram a cair 97,7% no ano passado; neste ano, já subiram
245,5%. Além da crise, os papéis foram penalizados porque
a empresa recorreu à recuperação judicial (mecanismo de
proteção contra credores) após
seus sócios e executivos serem
acusados de fraude por simular
vendas de grãos, falsificar documentos, lavar dinheiro, sonegar impostos, além de praticar tráfico de influência e corrupção passiva.
Segundo Einar Rivero, autor
do estudo da Economática, a
recuperação em 2009 das ações
mais penalizadas no ano passado mostra que não houve "enganação" dos bancos que prepararam as empresas para os
IPOs [ofertas iniciais de ações]
feitos nos últimos dois anos.
"Alguns IPOs saíram com
preços exorbitantes. Como o
mercado não conhecia essas
empresas, é natural que fossem
mais penalizadas em um primeiro momento. Depois, os
preços foram corrigidos e voltaram a patamares mais consistentes. A noiva foi enfeitada,
mas tinha fundamento. Tanto
que os preços voltaram a subir.
Não houve enganação", disse.
Rivero lembra que essas
ações saíram de um patamar
muito baixo de preço, portanto
tinham mais perspectivas de
recuperação com a retomada
do otimismo do mercado.
"É importante registrar que
esse crescimento intenso vem
de uma queda bastante forte."
Para Ricardo Tadeu Martins,
gerente de análise da corretora
Planner, as ações de empresas
que fizeram IPO só se recuperaram devido ao retorno do dinheiro de investidores estrangeiros ao país. Martins lembra
que foram os mesmo investidores estrangeiros que compraram essas ações no momento
do IPO, entre 2007 e 2008.
"Você vê que, basicamente,
foi o fluxo [externo] que valorizou as Bolsas emergentes. O estrangeiro veio buscar os papéis
que estavam muito depreciados, da mesma forma que em
junho do ano passado eles iniciaram um processo de venda
contínua, que desvalorizou esses papéis", disse.
O analista lembra ainda que o
governo desenvolveu programas específicos para reverter
os problemas de liquidez e geração de caixa dos setores mais
prejudicados pela crise.
No caso das construtoras, as
ações foram beneficiadas também pelo programa "Minha
Casa, Minha Vida", focado na
habitação para baixa renda. Já
os bancos pequenos tiveram
socorro por meio de venda de
carteira de crédito, liberação de
compulsórios e recursos do
Fundo Garantidor de Crédito.
"O pacote da construção civil
não saiu do papel, mas as ações
subiram forte em cima disso",
disse Martins.
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