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Contratos impedem que lojas abram unidades em concorrentes
DA REDAÇÃO
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)
terá que decidir quem tem razão na disputa pelos lojistas
que vão agregar valor ao "mix"
dos shoppings de luxo.
O shopping Iguatemi está
sendo acusado pelo setor, capitaneado pelo Eldorado, que fica
a apenas 900 metros de distância, de restringir a concorrência
com a cláusula de raio e/ou exclusividade nos contratos de locação, impedindo que as lojas
abram unidades a uma determinada distância ou em concorrentes diretos.
Em 2004, o Cade já tinha
multado o Iguatemi em 1% do
faturamento anual em processo aberto pelo shopping Jardim
Sul, condenando a cláusula de
exclusividade. O Iguatemi recorreu e, por meio de uma liminar, continua com a prática.
Neste ano, a queda-de-braço
foi reavivada quando a Siberian, marca de roupas que pertence ao grupo Valdac, abriu
uma loja no Eldorado, e o Iguatemi entrou com uma ação de
despejo. Procurado pela reportagem, o grupo disse que está se
defendendo da ação na Justiça,
mas prefere não se pronunciar.
Questionado sobre quantas
lojas têm a cláusula, Carlos Jereissati Filho, do Iguatemi, disse que "não comenta assuntos
que estão em análise jurídica".
Para contornar a situação, o
Iguatemi propôs um acordo,
que valeria por três anos, reduzindo para 2 km o raio -hoje
chega a até 5 km- e excluindo a
cláusula de 10% da base relevante de lojas (282). Além disso, pagaria 50% da multa a que
foi condenado em 2004. Na
consulta pública feita pelo Cade com o setor, as sugestões foram rejeitadas e agora cabe ao
órgão, ligado ao Ministério da
Justiça, a decisão final.
Para Amalia Spinardi, que
criou a marca de moda praia Jo
de Mer, com unidades na Oscar
Freire e no Iguatemi, "ninguém
assina um contrato sem estar
de acordo com ele". "Se o projeto da marca é entrar no segmento de luxo, vai ter que fazer
escolhas", completou.
O diretor da Abrasce, Luiz
Veiga, disse que a entidade defende a cláusula "como uma
prática lícita", mas que deve ser
"discutida caso a caso" e alfinetou: "Lojista só faz contrato
com advogado ao lado".
Para Paulo Veríssimo, do Eldorado, as cláusulas fazem com
que o lojista e o consumidor se
tornem reféns, opinião compartilhada por Nabil Sahyoun,
da Alshop. "Quem quer entrar
em um determinado shopping
aceita cláusulas que o prejudiquem", afirmou.
Segundo Sharon Beting, diretora do shopping Cidade Jardim, nenhum dos lojistas que já
garantiram espaço no centro
comercial terá de cumprir esse
tipo de cláusula. "Cada lojista
sabe do seu negócio."
(TR)
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