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CEF reestrutura sua cúpula para agradar a aliados políticos
Confusão política de última hora levou o "Diário Oficial" a publicar nomes dos novos vice-presidentes sem os cargos
A disputa política PT-PMDB também impediu que o total de vice-presidências no banco federal pudesse ser reduzido de 11 para 10
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além de brigarem para emplacar seus indicados nas vice-presidências da Caixa Econômica Federal, PT e PMDB disputaram até o último minuto as
atribuições de cada um. A acomodação dos aliados requereu
uma reestruturação na cúpula
do banco, que ainda não terminou. O PMDB, por exemplo, às
vésperas de tomar posse, descobriu que ficaria com algumas
áreas esvaziadas, enquanto outras do PT seriam fortalecidas.
A descoberta aconteceu
quando os novos executivos do
banco foram chamados para
um seminário na instituição.
No encontro, ocorrido há duas
semanas, parte da reestruturação, que era mantida em sigilo,
vazou, provocando constrangimentos entre os novos vice-presidentes.
Wellington Moreira Franco,
um dos indicados do PMDB,
perderia a coordenação dos pagamentos do Bolsa Família,
além das áreas de seguro-desemprego e do PIS (Programa
de Integração Social).
Consideradas de interesse do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva por envolver as classes sociais de menor renda, que formam boa parte da base eleitoral
do mandatário, essas atribuições passariam para a vice-presidência de Jorge Hereda.
Petista, braço-direito da presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, Hereda,
que já tinha sob sua responsabilidade todos programas de
saneamento e habitação, ficaria
ainda mais fortalecido. Enquanto isso, Moreira Franco
cuidaria do FGTS e do relacionamento com as loterias. O
peemedebista não gostou e foi
feita uma nova distribuição.
Nomeação
Em meio à confusão política
de última hora, os nomes dos
novos vice-presidentes foram
publicados no "Diário Oficial"
da União sem os respectivos
cargos. Somente Bolivar Tarragó Moura Neto, vice-presidente de Administração de Ativos
de Terceiros (área que estava
fora da disputa política), e Moreira Franco tiveram suas funções especificadas no decreto
presidencial.
No caso do peemedebista ficou explícito que ele estava
sendo nomeado para "exercer o
cargo de vice-presidente, responsável exclusivamente pela
administração e operacionalização de fundos, programas e
serviços delegados pelo governo federal, da Caixa Econômica
Federal". Apesar do nome, Moreira Franco, segundo explicações da assessoria do banco,
perdeu o Bolsa Família, mas ficou com o PIS e o seguro-desemprego, além do FGTS.
A disputa política PT-PMDB
também impediu que o número de vice-presidências fosse
reduzido de 11 para 10, com a
extinção da área de Administração de Riscos. Ela era ocupada por Moura Neto, funcionário de carreira do BC que foi
transferido para outra área.
No entanto, foi preciso dividir a vice-presidência de Crédito para acomodar Carlos Antônio de Brito -indicado pelo
PMDB e ligado ao ex-senador
Joaquim Roriz- sem dispensar Fábio Lenza, outra indicação do PMDB. Com isso, Brito
cuidará do crédito para as pessoas jurídicas, e Lenza, para as
pessoas físicas.
Mesmo depois da posse dos
indicados, algumas atribuições
ainda permanecem indefinidas. A assessoria do banco não
sabia explicar, por exemplo,
sob o comando de quem ficará a
área de administração de risco.
Além disso não há uma definição de como ficarão todas as diretorias e superintendências
nacionais. No organograma antigo, cada vice-presidência tinha atrelada uma diretoria e,
pelo menos, duas superintendências nacionais.
(SHEILA D'AMORIM)
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