São Paulo, domingo, 15 de julho de 2007

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CEF reestrutura sua cúpula para agradar a aliados políticos

Confusão política de última hora levou o "Diário Oficial" a publicar nomes dos novos vice-presidentes sem os cargos

A disputa política PT-PMDB também impediu que o total de vice-presidências no banco federal pudesse ser reduzido de 11 para 10

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Além de brigarem para emplacar seus indicados nas vice-presidências da Caixa Econômica Federal, PT e PMDB disputaram até o último minuto as atribuições de cada um. A acomodação dos aliados requereu uma reestruturação na cúpula do banco, que ainda não terminou. O PMDB, por exemplo, às vésperas de tomar posse, descobriu que ficaria com algumas áreas esvaziadas, enquanto outras do PT seriam fortalecidas.
A descoberta aconteceu quando os novos executivos do banco foram chamados para um seminário na instituição. No encontro, ocorrido há duas semanas, parte da reestruturação, que era mantida em sigilo, vazou, provocando constrangimentos entre os novos vice-presidentes.
Wellington Moreira Franco, um dos indicados do PMDB, perderia a coordenação dos pagamentos do Bolsa Família, além das áreas de seguro-desemprego e do PIS (Programa de Integração Social).
Consideradas de interesse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por envolver as classes sociais de menor renda, que formam boa parte da base eleitoral do mandatário, essas atribuições passariam para a vice-presidência de Jorge Hereda.
Petista, braço-direito da presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, Hereda, que já tinha sob sua responsabilidade todos programas de saneamento e habitação, ficaria ainda mais fortalecido. Enquanto isso, Moreira Franco cuidaria do FGTS e do relacionamento com as loterias. O peemedebista não gostou e foi feita uma nova distribuição.

Nomeação
Em meio à confusão política de última hora, os nomes dos novos vice-presidentes foram publicados no "Diário Oficial" da União sem os respectivos cargos. Somente Bolivar Tarragó Moura Neto, vice-presidente de Administração de Ativos de Terceiros (área que estava fora da disputa política), e Moreira Franco tiveram suas funções especificadas no decreto presidencial.
No caso do peemedebista ficou explícito que ele estava sendo nomeado para "exercer o cargo de vice-presidente, responsável exclusivamente pela administração e operacionalização de fundos, programas e serviços delegados pelo governo federal, da Caixa Econômica Federal". Apesar do nome, Moreira Franco, segundo explicações da assessoria do banco, perdeu o Bolsa Família, mas ficou com o PIS e o seguro-desemprego, além do FGTS.
A disputa política PT-PMDB também impediu que o número de vice-presidências fosse reduzido de 11 para 10, com a extinção da área de Administração de Riscos. Ela era ocupada por Moura Neto, funcionário de carreira do BC que foi transferido para outra área.
No entanto, foi preciso dividir a vice-presidência de Crédito para acomodar Carlos Antônio de Brito -indicado pelo PMDB e ligado ao ex-senador Joaquim Roriz- sem dispensar Fábio Lenza, outra indicação do PMDB. Com isso, Brito cuidará do crédito para as pessoas jurídicas, e Lenza, para as pessoas físicas.
Mesmo depois da posse dos indicados, algumas atribuições ainda permanecem indefinidas. A assessoria do banco não sabia explicar, por exemplo, sob o comando de quem ficará a área de administração de risco. Além disso não há uma definição de como ficarão todas as diretorias e superintendências nacionais. No organograma antigo, cada vice-presidência tinha atrelada uma diretoria e, pelo menos, duas superintendências nacionais.
(SHEILA D'AMORIM)


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