São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Greve leva Petrobras a plano de emergência

No 1º movimento de petroleiros com parada da produção no governo Lula, estatal aciona equipes de contingência para manter operação

Ontem, protesto reduziu em 63 mil barris a extração de óleo e gerou perda de receita de US$ 7,6 mi; estatal afirma que tem estoque suficiente

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE NO RIO

Teve início ontem a primeira greve dos petroleiros com parada da produção no governo Lula -desde 2001, não havia movimento semelhante. No primeiro dia, a paralisação reduziu em 63 mil barris a extração de óleo da Petrobras e causou perda de receita de US$ 7,6 milhões à estatal, que foi obrigada a acionar um plano de contingência para operar as plataformas e assegurar o suprimento.
Segundo a Petrobras, a greve atingiu, inicialmente, apenas quatro plataformas -o que gerou queda de produção de 300 mil barris, com redução de 16% ante o volume normal de extração (1,5 milhão de barris/ dia). Duas delas, porém, voltaram ao controle da empresa à tarde e a perda de produção declinou -para 7%, ou 136 mil barris.
Ao final do dia, a produção, segundo a Petrobras, estava "praticamente normalizada" e a empresa operava com 96% da capacidade de extração de óleo e gás da bacia de Campos, responsável pela produção de 84% de óleo do país e foco da greve.
Uma ação da estatal para mobilizar equipes de contingência fez com que os líderes do movimento abandonassem a estratégia de controlar a produção das plataformas. "Passamos a impedir os embarques", disse Marcos Breda, coordenador de comunicação do SindipetroNF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense).
Segundo o sindicato, pela manhã estavam sob controle do movimento 12 das 33 plataformas que aderiam à paralisação. Nessas unidades, a produção era mantida no mínimo necessário para não provocar danos aos equipamentos. Em nove plataformas, a extração de óleo chegou a ser interrompida, mas ainda pela manhã havia sido retomada pelas equipes de contingência. Em outras 12, a produção não foi afetada.
Mas, mesmo diante da reação da Petrobras, Breda disse que a greve vai terminar apenas na sexta-feira. Ele não descartou a possibilidade de que a paralisação se estenda, caso a categoria não chegue a um entendimento com a Petrobras. O sindicato quer a mudança do regime de folgas e pleiteia que o dia do desembarque das plataformas passe a contar como dia trabalhado. Atualmente, os funcionários da estatal ficam 14 dias embarcados e folgam 21.
Ontem à noite, o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense ingressou na Justiça com pedido de habeas corpus, alegando que a Petrobras mantinha os operários sob cárcere privado e impedia o desembarque deles das plataformas.
O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que a empresa tem estoque suficiente para o mercado brasileiro caso a greve iniciada hoje pelos petroleiros cause mais prejuízos.
Costa afirmou que a produção se normalizará à medida que as equipes de contingência assumirem as unidades que pararam. Já Breda disse que elas não conseguirão manter a produção no patamar atual, pois têm poucos funcionários.
Diferentemente da semana passada, quando foi apontada como causa para a alta do petróleo, a greve da Petrobras praticamente não afetou a cotação da commodity em Nova York. O barril fechou com alta de US$ 0,10, a US$ 145,18.


Texto Anterior: Vinícius Torres Freire
Próximo Texto: Funcionários da CVM devem fazer paralisação hoje
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.