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Greve leva Petrobras a plano de emergência
No 1º movimento de petroleiros com parada da produção no governo Lula, estatal aciona equipes de contingência para manter operação
Ontem, protesto reduziu em 63 mil barris a extração de óleo e gerou perda de receita de US$ 7,6 mi; estatal afirma que tem estoque suficiente
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE NO RIO
Teve início ontem a primeira
greve dos petroleiros com parada da produção no governo Lula -desde 2001, não havia movimento semelhante. No primeiro dia, a paralisação reduziu em 63 mil barris a extração
de óleo da Petrobras e causou
perda de receita de US$ 7,6 milhões à estatal, que foi obrigada
a acionar um plano de contingência para operar as plataformas e assegurar o suprimento.
Segundo a Petrobras, a greve
atingiu, inicialmente, apenas
quatro plataformas -o que gerou queda de produção de 300
mil barris, com redução de 16%
ante o volume normal de extração (1,5 milhão de barris/ dia).
Duas delas, porém, voltaram ao
controle da empresa à tarde e a
perda de produção declinou
-para 7%, ou 136 mil barris.
Ao final do dia, a produção,
segundo a Petrobras, estava
"praticamente normalizada" e
a empresa operava com 96% da
capacidade de extração de óleo
e gás da bacia de Campos, responsável pela produção de 84%
de óleo do país e foco da greve.
Uma ação da estatal para mobilizar equipes de contingência
fez com que os líderes do movimento abandonassem a estratégia de controlar a produção
das plataformas. "Passamos a
impedir os embarques", disse
Marcos Breda, coordenador de
comunicação do SindipetroNF
(Sindicato dos Petroleiros do
Norte Fluminense).
Segundo o sindicato, pela
manhã estavam sob controle
do movimento 12 das 33 plataformas que aderiam à paralisação. Nessas unidades, a produção era mantida no mínimo necessário para não provocar danos aos equipamentos. Em nove plataformas, a extração de
óleo chegou a ser interrompida,
mas ainda pela manhã havia sido retomada pelas equipes de
contingência. Em outras 12, a
produção não foi afetada.
Mas, mesmo diante da reação da Petrobras, Breda disse
que a greve vai terminar apenas
na sexta-feira. Ele não descartou a possibilidade de que a paralisação se estenda, caso a categoria não chegue a um entendimento com a Petrobras. O
sindicato quer a mudança do
regime de folgas e pleiteia que o
dia do desembarque das plataformas passe a contar como dia
trabalhado. Atualmente, os
funcionários da estatal ficam 14
dias embarcados e folgam 21.
Ontem à noite, o Sindicato
dos Petroleiros do Norte Fluminense ingressou na Justiça
com pedido de habeas corpus,
alegando que a Petrobras mantinha os operários sob cárcere
privado e impedia o desembarque deles das plataformas.
O diretor de Abastecimento
da Petrobras, Paulo Roberto
Costa, disse que a empresa tem
estoque suficiente para o mercado brasileiro caso a greve iniciada hoje pelos petroleiros
cause mais prejuízos.
Costa afirmou que a produção se normalizará à medida
que as equipes de contingência
assumirem as unidades que pararam. Já Breda disse que elas
não conseguirão manter a produção no patamar atual, pois
têm poucos funcionários.
Diferentemente da semana
passada, quando foi apontada
como causa para a alta do petróleo, a greve da Petrobras
praticamente não afetou a cotação da commodity em Nova
York. O barril fechou com alta
de US$ 0,10, a US$ 145,18.
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