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Camargo Corrêa ameaça levar Odebrecht à Justiça
Batalha judicial entre vencedores de leilões no Madeira pode atrasar usinas hidrelétricas
Odebrecht questiona mudança em projeto de Jirau;
Camargo Corrêa afirma que
vencedor de Santo Antonio
também alterou plano
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Camargo Corrêa, sócia da
Enersus (Energia Sustentável
do Brasil) -consórcio vencedor do leilão de Jirau, um dos
projetos elétricos do rio Madeira-, esquentou ontem a discussão com o Grupo Odebrecht
e agora ameaça um contragolpe
que pode levar à paralisação
dos dois principais projetos
elétricos do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
As obras, estimadas em R$ 18
bilhões, vão acrescentar mais
6.450 MW de capacidade ao
sistema elétrico e são consideradas fundamentais para evitar
um "apagão" no país.
Segundo João Canellas de
Mello, diretor da Camargo Corrêa, a empresa pode questionar
na Justiça as mudanças promovidas pela empresa Mesa (Madeira Energia S.A.) na usina de
Santo Antonio, também no rio
Madeira, caso o grupo Odebrecht, líder da Mesa, cumpra a
promessa de ingressar com
ação no Poder Judiciário para
questionar a vitória do consórcio Enersus na disputa de Jirau.
A retaliação anunciada pela Camargo não foi comentada pela
direção do consórcio de que faz
parte.
"Vamos ver se a Odebrecht
vai ou não brigar na Justiça. Se
for, vamos reagir", disse Mello.
O rumo dessa batalha deverá
ser conhecido a partir de hoje.
A Enersus, empresa formada
pela Camargo Corrêa, pela
franco-belga Suez e pelas estatais Chesf e Eletrosul, aguarda
para hoje a confirmação do
consórcio como vencedor do
leilão de Jirau.
O recurso administrativo do
consórcio liderado pela Odebrecht que perdeu a disputa do
leilão (Jirau Energia) apontava
irregularidade documental da
Enersus e pedia à Comissão Especial de Licitação da Aneel
que impugnasse o consórcio.
Na reunião de hoje, o relatório
refutando o pedido da Odebrecht deve ser aprovado pela
diretoria executiva da agência.
Em seguida, o resultado do leilão de Jirau deve ser ratificado.
Com isso, começa a correr o
prazo para a Enersus apresentar ou não um sócio estratégico
para o projeto. Se não apresentar, a empresa poderá assinar o
contrato de concessão em outubro deste ano, em vez de em
janeiro de 2009. Entretanto isso dependerá da decisão do
Grupo Odebrecht, que pode
sair da esfera administrativa
para questionar a vitória da
concorrente na Justiça. Procurada, a direção da Mesa não se
pronunciou se irá para a esfera
judicial.
No recurso administrativo, a
Odebrecht alegou problemas
documentais do consórcio
Enersus que impediriam o reconhecimento deste como vencedor. A alteração do eixo da
barragem de Jirau, decisão tomada pelo consórcio liderado
pela Suez, também é criticada
pela Odebrecht, mas o assunto
deve ser objeto de contestação
mais adiante.
A Odebrecht tem questionado a mudança do eixo da barragem em 12,5 quilômetros da
posição original. O consórcio
Enersus diz que a mudança foi
de 9,2 quilômetros e que a decisão reduzirá os impactos ambientais e reduzirá o custo do
projeto em R$ 1 bilhão. Segundo Irineu Meirelles, diretor-presidente da Mesa, o deslocamento da barragem de Jirau rio
abaixo é ilegal porque invade
área já sob concessão de outra
empresa e amplia os impactos
ambientais com a elevação do
lago da usina sobre as margens.
Mello (Camargo Corrêa) diz
que a Odebrecht também alterou o eixo da barragem e apresentou projeto diferente do original. "Eles fizeram isso e nem
por isso questionamos. Mas, se
eles partirem para a Justiça, vamos questionar as mudanças
que a empresa fez no layout de
Santo Antonio e o arranjo feito
para o novo projeto."
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