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Reforma do sistema de saúde dos EUA pode custar US$ 1 tri
Metade da conta será paga com o aumento dos impostos dos mais ricos, segundo plano democrata
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Os democratas da Câmara
dos Representantes (deputados federais) dos EUA apresentaram ontem à tarde sua proposta de lei para a mais ampla
reforma do sistema de saúde
pública da história recente do
país. Com o apoio do presidente Barack Obama, a medida
custará aos cofres públicos cerca de US$ 1 trilhão em dez anos
-um valor próximo ao Produto
Interno Bruto de 2008 do México, a segunda maior economia da América Latina.
Pelo plano do partido da situação, metade da conta será
paga por um aumento progressivo nos impostos da fatia mais
rica da população na próxima
década. Os atingidos são famílias que ganham mais de US$
250 mil por ano (ou R$ 41,7 mil
por mês), que representam menos de 3% dos americanos.
Entre os pontos principais do
projeto proposto, está um seguro-saúde oferecido pelo governo americano que pretende
competir em qualidade com os
planos privados, a um custo
menor, já que será subsidiado.
Com isso, a ideia é baixar o custo dos planos pagos em geral,
que subiram em média anual
5% acima da inflação, um disparate para os padrões econômicos dos Estados Unidos.
Além disso, se a medida for
aprovada, o governo ampliará
gradualmente a cobertura atual
do sistema público aos cerca de
40 milhões de norte-americanos que não contam com seguro algum. Fará isso implantando uma das ideias defendidas
no livro "Nudge -O Empurrão
para a Escolha Certa" de Cass
Sunstein, chamada "arquitetura das escolhas".
Segundo o expert de Harvard, hoje indicado para ser o
"czar regulatório" da Casa
Branca obamista, se deixadas
inertes, as pessoas tendem a fazer escolhas que as prejudicam
em assuntos como saúde; se
forçadas a optar, elas frequentemente decidem pelo melhor.
É o que a medida de ontem
propõe: todos os hoje não segurados serão automaticamente
cadastrados; apenas os que se
manifestarem contra posteriormente serão desligados. É
uma "cobertura universal" de
fato, embora não de direito, como defendia Obama na campanha presidencial.
Além disso, as empresas privadas serão proibidas de negar
a cobertura por condições médicas preexistentes, o que arrepia o setor, por ser uma das
suas principais fontes de lucro.
Esses dois aspectos e o aumento dos impostos dos mais ricos
são as pedras no sapato da oposição republicana, que vem
chamando a proposta pejorativamente de "socialista".
Proposta semelhante feita
pelo então presidente Bill Clinton em 1993 foi rejeitada numa
das maiores derrotas políticas
do democrata: 16 anos depois, o
comando obamista trabalha
por uma aprovação do plano
antes do recesso do mês que
vem. A versão do Senado deve
ser apresentada até o fim da semana -os democratas são
maioria em ambas as Casas.
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