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São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2003

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PETROLÍFERA

No primeiro semestre, companhia teve seu primeiro superávit comercial; analistas esperavam resultado ainda melhor

Petrobras tem lucro recorde de R$ 9,4 bi

JULIANA RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras anunciou ontem um lucro recorde de R$ 9,372 bilhões durante os seis primeiros meses de 2003. O resultado é 223,1% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando o lucro da estatal foi de R$ 2,901 bilhões. Considerando a inflação do período, o crescimento do lucro foi de 148%.
Além desse resultado recorde, a companhia também anunciou ter registrado seu primeiro superávit comercial, de US$ 97 milhões.
Vários motivos contribuíram para esse superávit. Entre eles, o aumento de 219,1% das vendas ao exterior, o aumento de 10,7% na produção de petróleo e derivados e a queda nas vendas para o mercado interno, provocada pelo enfraquecimento do consumo.
O volume total de vendas para o mercado externo no período foi de 442 mil barris diários de petróleo e derivados. As importações, por sua vez, ficaram em 498 mil barris. Embora a quantidade importada tenha sido maior, o superávit foi obtido graças ao maior valor dos produtos exportados.

Expectativa
Apesar do lucro inédito da companhia, seus resultados ficaram abaixo da expectativa do mercado. O lucro líquido da Petrobras no segundo trimestre foi de R$ 3,827 bilhões, contra estimativas de até R$ 5,5 bilhões. O desempenho ficou 31% menor do que os R$ 5,545 bilhões computados nos três primeiros meses do ano. No semestre, o lucro ficou 15% abaixo do consenso dos analistas.
De acordo com o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, José Sérgio Gabrielli, a empresa reduziu suas vendas em 5% para o mercado interno, em função da queda da atividade econômica do país. Também pesou sobre as finanças uma provisão de R$ 330 milhões relativa à compra de turbinas de gás.
"Os grande elementos do segundo trimestre foram uma forte valorização do real, a redução do volume de vendas no mercado interno e a provisão para perdas relativas a turbinas de gás que estão chegando e que são avaliadas no mercado a valores inferiores àqueles gastos para a sua compra", explicou.

Perdas e ganhos
Segundo Gabrielli, o recuo do dólar teve dois efeitos sobre o resultado da empresa no período. Se, por um lado, reduziu a dívida da empresa em R$ 3,950 bilhões (já que 85% do passivo da Petrobras está contabilizado em dólar), por outro diminuiu os ganhos da companhia com as vendas ao exterior. "O resultado líquido da variação cambial foi um ganho de R$ 470 milhões no trimestre e de R$ 724 milhões no semestre", contabilizou.
No semestre, a receita operacional líquida consolidada da empresa atingiu R$ 47,891 bilhões, com aumento de 77,1% sobre o mesmo período do ano passado.
O Ebitda (lucro antes de amortizações, pagamento de juros e impostos) somou R$ 17,448 bilhões no período. O resultado é 116,9% mais alto que o computado nos seis primeiros meses de 2002.
Segundo Gabrielli, o valor de mercado da estatal passou de US$ 15,5 bilhões em dezembro do ano passado para US$ 20,7 bilhões em junho deste ano. "Em junho, nossas ações alcançaram o mesmo valor de mercado dos papéis de empresas petroquímicas internacionais listadas na Bolsa de Valores de Nova York", comparou.

Deságio
Segundo o analista André Querne, da Máxima Asset, as ações da estatal brasileira chegaram a ser negociadas com deságio de até 40% no ano passado, em meio a tensões e indefinições em relação ao processo eleitoral brasileiro.
"Alcançamos em junho o mesmo valor das ações das grandes empresas internacionais. Isso reflete uma visão mais otimista em relação às perspectivas da economia brasileira", disse Gabrielli.


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