São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

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Lucro do BNDES registra recuo no primeiro semestre

Ganho de R$ 4,1 bilhões representa baixa de 6,82% em relação aos resultados de igual período do ano passado

Números do banco de fomento do governo federal se aproximam dos lucros de instituições comerciais, como Bradesco e Itaú

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) registrou lucro de R$ 4,1 bilhões no primeiro semestre. O resultado representa um decréscimo de 6,82% em relação ao de igual período do ano passado, quando os ganhos haviam somado R$ 4,4 bilhões.
O resultado do banco de fomento de janeiro a junho é similar ao dos principais bancos comerciais do país, como Bradesco e Itaú. Segundo Vânia Borgerth, chefe do departamento de Contabilidade, no primeiro semestre do ano passado, o desempenho foi influenciado por efeitos extraordinários, como a liquidação antecipada de contratos de financiamento à exportação no valor de R$ 649 milhões e a receita extraordinária de reversão para provisão de risco de crédito, de R$ 1,2 bilhão. No primeiro semestre deste ano o montante ficou em R$ 415 milhões.
Segundo do banco, sem os fatos extraordinários o lucro do primeiro semestre seria superior ao de igual período do ano passado em R$ 700 milhões.
"O lucro do banco está mais associado ao desempenho da renda variável", afirmou Borgerth. As participações societárias somaram R$ 4,8 bilhões e tiveram crescimento de 111,7% em relação ao primeiro semestre do ano passado.
No primeiro semestre, o BNDES anunciou a redução de "spreads" (diferença entre a taxa de captação e a repassada aos clientes). As taxas básicas cobradas pelo banco passaram de 0% a 3% para 0% a 1,8%.

Demanda aquecida
Diante do ritmo de crescimento da economia, o banco estima que a demanda possa ultrapassar o teto de R$ 80 bilhões fixado no orçamento. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, apresentou ontem ao Conselho de Administração do banco uma série de alternativas para obter recursos mirando não só a complementação deste ano, como também os anos de 2009 e 2010. "Mostramos um leque de alternativas como mais FAT, captação no exterior, no mercado doméstico, que depende de circunstâncias do mercado, entre outros." O presidente do BNDES afirma que é difícil mensurar o comportamento exato da demanda no restante do ano. "Isso depende da força do crescimento da economia e do quanto vai ser deslocado para o BNDES, mas [a demanda no ano] seria um valor mais perto de R$ 85 bilhões. Ainda não podemos fazer prognósticos."
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que faz parte do conselho, disse ontem que o BNDES pediu R$ 10 bilhões ao ministério via recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). O ministro afirmou, no entanto, que dificilmente os recursos do FAT serão liberados neste ano. Coutinho afirmou que o montante seria favorável, mas que não sabe se o FAT tem essa disponibilidade. "Temos várias alternativas, ainda há discussão com o Tesouro em andamento, temos um volume de dividendos bom", disse.
Em evento após a reunião, Lupi disse que o banco precisava de R$ 40 bilhões. Segundo o BNDES, o valor pode representar a diferença entre a perspectiva de estoque de operações aprovadas e desembolsadas no fim do ano, mas que o banco não está pedindo esse valor.


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