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Artifício contábil aumenta o lucro da Caixa no 2º tri
Ganho cresce R$ 820 milhões e turbina resultados do 1º semestre em 53%
Limite de crédito tributário se amplia com CSLL maior e banco usa desconto em impostos para compensar prejuízos anteriores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Artifício contábil aumentou
o lucro da Caixa Econômica Federal em R$ 820 milhões no segundo trimestre do ano, levando o resultado no semestre para R$ 2,543 bilhões, crescimento de 53% em relação aos primeiros seis meses de 2007.
O desempenho foi possível
graças a uma medida tomada
pelo governo para compensar
as perdas com o fim da CPMF.
Em janeiro, subiu de 9% para
15% a alíquota da CSLL (Contribuição sobre o Lucro Líquido) cobrada dos bancos.
Com isso, também subiu, na
mesma proporção, o limite de
crédito tributário que pode ser
utilizado pelas instituições financeiras. Por meio desses créditos, empresas conseguem um
desconto nos impostos a pagar
para compensar prejuízos apurados em anos anteriores.
Ainda assim, o lucro da Caixa
ficou abaixo do resultado alcançado pelos principais bancos privados que atuam no país.
O Bradesco, por exemplo, teve
ganhos de R$ 4,105 bilhões de
janeiro a junho deste ano.
Desconsiderado o impacto
do crédito tributário, o lucro da
Caixa teria crescido 19% no primeiro semestre deste ano.
A presidente da Caixa, Maria
Fernanda Ramos Coelho, classificou o lucro do banco estatal
no primeiro semestre como
"satisfatório". "O resultado demonstra o acerto da Caixa em
priorizar a expansão do crédito
e a inclusão bancária no país."
A carteira de crédito da Caixa
chegou a R$ 58,1 bilhões no final do primeiro semestre, um
crescimento de 29,2% em relação ao saldo de junho do ano
passado. Os ganhos obtidos
com a cobrança de juros de empréstimos, porém, registraram
uma expansão de apenas 8,6%.
De acordo com o vice-presidente de Finanças da Caixa,
Márcio Percival, esse movimento se explica pela queda
das taxas de juros observada
entre o começo do ano passado
e o início deste ano.
Além disso, a Caixa contou
com um aumento de 8,3% no
faturamento com tarifas bancárias, que somou R$ 3,630 bilhões no primeiro semestre.
Ao contrário do que ocorreu
com muitos bancos privados,
atingidos pelas regras mais rígidas impostas pelo governo, os
ganhos da Caixa com tarifas se
mantiveram em alta, em boa
parte, por causa das receitas
obtidas com a prestação de serviços para o governo -como o
pagamento de benefícios de
programas sociais, como o Bolsa Família. Esses serviços representam metade dos ganhos
da Caixa com tarifas.
Em compensação, a Caixa
também mantém em níveis
elevados a parcela de seus lucros que foram repassados ao
governo federal, único acionista do banco. No mês passado,
foram pagos ao Tesouro R$ 588
milhões como adiantamento
dos dividendos a serem auferidos ao longo de 2008. Em 2007,
do lucro total de R$ 2,5 bilhões
obtido pela Caixa, R$ 1,1 bilhão
foi parar nos cofres do governo.
FGTS
A presidente da Caixa se
mostrou contrária a uma mudança que pudesse aumentar a
rentabilidade dos saldos do
FGTS (hoje corrigidos pela variação da TR, mais juros de 3%
ao ano). "A TR é o mesmo indexador que remunera os contratos habitacionais", disse.
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