São Paulo, sábado, 15 de agosto de 2009

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Petrobras lucra R$ 7,7 bi e supera previsões

Resultado da estatal avança 33% no 2º tri, mas ganho no semestre ainda é 20% menor que o do mesmo período de 2008

Recuperação do preço do petróleo e alta da produção interna melhoram balanço, mas não compensam todos os estragos da crise global


30.mar.2009/Divulgação
Plataforma da Petrobras na bacia de Campos

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE NO RIO

A Petrobras fechou o primeiro semestre com lucro líquido 20% abaixo do obtido em igual período do ano passado. A redução, de R$ 16,95 bilhões para R$ 13,55 bilhões, foi motivada pela recente desvalorização cambial e pelo fato de os preços do petróleo ainda estarem, em média, 52% menores na comparação dos dois períodos.
Mas a estatal festejou o resultado do segundo trimestre deste ano, que, em comparação com o anterior, apontou um crescimento de 33% no lucro, atingindo R$ 7,734 bilhões.
O resultado no período ultrapassou o previsto por analistas, que o estimavam entre R$ 5,6 bilhões a R$ 6,5 bilhões.
Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Almir Barbassa, o lucro trimestral poderia ter ultrapassado os R$ 10 bilhões, não fosse a desvalorização cambial de 15% acumulada de abril a junho, que produziu efeito contábil negativo de R$ 2,5 bilhões.
Como ela tem mais ativos do que passivos atrelados ao dólar, a valorização do real gera uma desvalorização igual de bens e investimentos no exterior.
Barbassa atribuiu a melhoria no trimestre a dois fatores principais: o aumento da produção e a tendência de recuperação dos preços do petróleo no mercado internacional, a partir do início do ano.
À medida que sobem os preços, a empresa tem um ganho adicional da valorização de seus estoques de combustíveis acumulados quando os preços estavam em baixa. Segundo Barbassa, esse ganho foi de R$ 1,4 bilhão no trimestre.
Passado o turbilhão da crise econômica global, que fez despencar o preço do barril no mercado internacional, a cotação média do petróleo subiu 38% no segundo trimestre. O tipo Brent, negociado em Londres, passou de US$ 43,08, no primeiro trimestre, para US$ 59,61 o barril.
Segundo Barbassa, embora os preços do petróleo estejam abaixo dos praticados no ano passado, a Petrobras teve o benefício de importar petróleo a preço menor, o que reduziu o custo dos produtos em 21%. Também caíram os gastos com pagamentos de royalties, que são atrelados ao dólar e ao preço do barril no exterior.
"O primeiro semestre do 2008 foi de euforia, de crescimento continuado dos preços, que chegaram ao pico histórico de US$ 147 o barril no início de julho de 2008. Com a crise, o preço despencou, mas já está em recuperação."

Vendas
Contribuiu para o aumento do lucro, no segundo trimestre, além do encarecimento do petróleo, a expansão de 10% nas vendas de derivados no mercado interno, em relação aos três primeiros meses do ano, reflexo do início de recuperação da atividade econômica.
O consumo de gás natural cresceu 13%, no trimestre, segundo a Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado). Outro fator que impulsionou o lucro foi a alta da produção doméstica de óleo e gás, de 1% no segundo trimestre e de 6% entre janeiro a junho, ante o primeiro semestre de 2008.
Segundo Barbassa, a balança comercial do petróleo (diferença entre as exportações e as importações da estatal) deu uma virada em 2009. O saldo entre o volume comercializado subiu de 27 mil barris/dia para 184 mil barris/dia, o que teve um impacto financeiro. A balança passou de deficitária (menos US$ 566 milhões no primeiro semestre do ano passado) para superavitária em US$ 1,3 bilhão no último semestre.
A empresa atribui tal fenômeno à maior produção interna de diesel, à retração econômica, comparada à atividade do ano passado, e ao maior quantitativo exportado.

Investimento
A estatal investiu R$ 32,5 bilhões no semestre -equivalentes a R$ 170 milhões por dia- e prevê ultrapassar a meta de R$ 60 bilhões prevista para este ano, em razão do aumento de gastos para a exploração da camada do pré-sal. Vão ser adquiridas duas novas sondas neste ano e mais seis no ano que vem.
O diretor disse que a meta de produção de petróleo em campos nacionais para o ano é de 2,050 milhões de barris/dia e que deve ser atingida com o aumento da produção das plataformas que começaram a operar no final do ano passado.
Com R$ 10 bilhões em caixa, e financiamentos de US$ 32 bilhões contratados com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e bancos estrangeiros, a empresa se considera em situação confortável para cumprir o plano de investimento.


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