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Petrobras terá fatia de 30% no pré-sal
Governo define participação mínima que estatal terá como operadora dos consórcios que vão explorar região de petróleo
Petrobras também poderá
ser contratada sem licitação para explorar poços mais
rentáveis; regra para royalties
ainda está indefinida
SIMONE IGLESIAS
LEANDRA PERES
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Petrobras conseguiu mais
uma vitória na discussão do
marco regulatório do pré-sal. A
estatal terá fixado em lei o percentual mínimo de 30% de participação nos consórcios que
vão explorar a região. Como a
empresa também poderá participar das licitações de blocos do
pré-sal, a fatia da Petrobras poderá ser ainda maior.
A informação foi divulgada
pelo ministro Edison Lobão
(Minas e Energia), após reunião com o presidente Lula. Lobão e a ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) defendiam que a
participação mínima da Petrobras seria definida a cada leilão.
A estatal também terá garantidos outros privilégios no marco regulatório que será enviado
ao Congresso após discussão
com empresários e trabalhadores. Poderá ser contratada diretamente pela União, sem licitação, para explorar os poços
mais rentáveis. Além disso, será a exploradora única dos
campos, ou seja, terá que ser
contratada pelas outras empresas que participarem dos leilões para retirar o petróleo.
"A estatal poderá participar
da licitação de todos os blocos
e, então, ela poderá ter 40%,
50% ou ganhar sozinha. Mas a
participação societária mínima
será de 30% em todos os blocos
para poder ser operadora", afirmou Lobão.
Lula decidiu fixar o percentual defendido pela Petrobras
depois que o presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, argumentou que a ANP (Agência
Nacional do Petróleo) já exige
hoje uma participação mínima
de 30% da empresa que será a
operadora nos consórcios formados para explorar as áreas
fora do pré-sal.
Segundo Lobão, falta só definir como será a regra para os
royalties, assunto que gerou divergência dentro do governo.
Nos dois cenários apresentados
a Lula, há uma mudança na forma de distribuição dos recursos, para que o dinheiro beneficie todos os Estados, e não só os
produtores, como hoje. A dúvida é se, além disso, o governo
também reduz de 10% para 5%
a alíquota dos royalties.
"Tínhamos a esperança de
concluir tudo hoje [ontem],
mas ficaram algumas pendências. Basicamente sobre os royalties, não definimos ainda o
que fazer com eles", disse.
Como esse ponto é criticado
pelo governador Sérgio Cabral
(RJ), a decisão será política. Lula se reunirá com Cabral na terça, no Rio, quando deverão discutir o assunto. Principal Estado beneficiado com royalties
do petróleo, o Rio recebeu R$
2,26 bilhões em 2008.
Lula disse aos ministros que
esse tem sido o assunto que
tem despertado maior interesse político e reclamações na
discussão do pré-sal. Por isso,
quer ouvir as lideranças políticas antes de bater o martelo.
Em razão da indefinição sobre
royalties, o governo vai adiar
em uma semana o anúncio do
marco regulatório do pré-sal.
A criação da estatal para cuidar do pré-sal e de um fundo
social com parte dos lucros foi
confirmada pelo presidente.
Esse fundo, disse Lobão, será
aplicado no exterior e terá "caráter de fundo soberano". Todas as propostas serão encaminhadas ao Congresso, por meio
de três projetos de lei ordinária,
em caráter de urgência. Segundo o ministro, nada será feito
por medida provisória.
Lula incumbiu Lobão e Dilma de se reunir com empresários e sindicatos ligados ao petróleo na próxima semana para
apresentar as conclusões e colher sugestões.
As medidas seriam anunciadas na próxima quinta, em reunião ministerial. Mas, por conta das reuniões encomendadas
pelo presidente, o anúncio deverá ocorrer nos dias 26 ou 27.
Depois, o governo enviará as
propostas ao Congresso e convocará uma reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O
nome da estatal deverá ser escolhido por concurso, mas Lobão não deu detalhes.
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