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BNDES eleva provisão contra calotes e lucro recua 83%
Ganho de R$ 702 mi é o pior desempenho em um primeiro semestre desde 2002
Apesar da queda, analistas consideraram que resultado foi positivo; receita com participação acionária cai
de R$ 4,8 bi para R$ 1,3 bi
DANIELE CARVALHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
O aumento na provisão (reserva) de risco de crédito e a diminuição nos ganhos com
ações levaram o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a
registrar queda de 83% em seu
lucro líquido no primeiro semestre do ano na comparação
com igual período de 2008, para R$ 702 milhões.
Foi o pior desempenho em
um primeiro semestre desde
2002, período em que o lucro
foi de R$ 576 milhões.
Apesar do recuo, o resultado
foi considerado positivo por
analistas do mercado. "O balanço veio muito satisfatório. A alta no provisionamento tem relação direta com a elevação nos
desembolsos feitos no período,
que cresceram 11% em relação
ao primeiro semestre do ano
passado. Além disso, houve
crescimento na receita com intermediações financeiras",
afirma Luís Santacreu, economista da Austin Rating.
De acordo com o balanço financeiro divulgado ontem pela
instituição, as despesas com
provisão para risco de crédito
subiram 175% nos primeiros
seis meses do ano em relação ao
primeiro semestre de 2008,
atingindo R$ 1,1 bilhão.
O superintendente da área financeira do BNDES, Selmo
Aronovich, afirma que, apesar
do aumento das provisões, o
desempenho do BNDES nesse
indicador deve ser avaliado como positivo. Isso porque o ano
de 2008 foi beneficiado com a
devolução de provisionamentos antigos que não foram utilizados pelo banco e se converteram em receita.
"A diferença entre os volumes devolvidos que não foram
utilizados e o provisionamento
para crédito feito pelo banco
fez com que o provisionamento
do BNDES no primeiro semestre do ano passado fosse de apenas R$ 400 milhões", diz ele.
Aronovich afirma que o
montante de provisionamento
neste ano não reflete aumento
de inadimplência no banco,
que, segundo ele, tem se mantido em patamares muito abaixo
dos da média do mercado, em
torno de 0,18%.
"Na realidade, o BNDES quis
se prevenir de possíveis problemas por conta da crise, o que,
até agora, não ocorreu. Foi criterioso", afirmou.
Ações
Outro impacto negativo sofrido pelo BNDES diz respeito à
redução dos ganhos com a negociação de ações. Por conta da
pouca liquidez em Bolsa, o banco reduziu seu ritmo de transações no mercado, o que resultou na queda da receita com
participações acionárias, de
R$ 4,8 bilhões no primeiro semestre do ano passado para
apenas R$ 1,3 bilhão no mesmo
período deste ano.
"O BNDES obteve no ano
passado um ganho extraordinário com ações. Mas, no primeiro semestre [de 2009], o
mercado mudou. Como o banco estava bem capitalizado, não
precisou se desfazer de sua carteira. Pôde aguardar um momento melhor. Se não fosse isso, o desempenho do primeiro
semestre teria sido até superior
ao do de igual período do ano
passado", afirma Francisco Baroni, economista da Fundação
Getulio Vargas.
Apesar da implantação de
uma política anticíclica de
combate à crise econômica, que
resultou na redução das taxas
de juros praticadas pela instituição, o BNDES conseguiu aumentar para R$ 2,7 bilhões sua
receita bruta com intermediação financeira no primeiro semestre do ano. O resultado é
28,5% superior aos R$ 2,1 bilhões obtidos em igual período
do ano passado.
"Isso mostra que a redução
nas taxas foi compensada pelo
aumento no volume de crédito
no período", afirma Aronovich.
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