São Paulo, domingo, 15 de setembro de 2002

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COMÉRCIO EXTERIOR

BC põe US$ 690 mi; BNDES, US$ 300 mi

Apenas US$ 1 bilhão do governo vira linha de crédito para exportadores

MARIANA MAINENTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dos novos recursos em linhas de crédito à exportação prometidos pelo governo no mês passado chegou até o balcão das instituições financeiras, até o momento, somente US$ 1 bilhão.
O BC vendeu US$ 690 milhões para os exportadores por meio dos bancos e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) liberou até o momento US$ 300 milhões dos quase US$ 700 milhões (R$ 2 bilhões) que reservou do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
Os empréstimos de bancos privados estrangeiros também vêm aos poucos voltando a fluir para os bancos brasileiros. O Banco do Brasil anunciou nesta semana um empréstimo de US$ 115 milhões.
O diretor de Câmbio e Agribusiness do Unibanco, Angelo Vasconcellos, disse que o banco conseguiu captar valor superior a esse em bancos americanos e alemães. "Os bancos estrangeiros estão realmente voltando a emprestar para o Brasil e os recursos estão sendo suficientes para equilibrar a demanda", afirmou.
Segundo ele, só com os recursos dos leilões do BC, dos quais o Unibanco abocanhou 15%, já foram fechadas 50 operações com exportadores.
O diretor de Assuntos Internacionais do BC, Beny Parnes, que acaba de voltar de viagem à Europa, onde teve reuniões com investidores para tentar reabrir linhas de linhas de crédito para o Brasil, disse que nesses encontros não houve sinalização de mais recursos no curto prazo, mas afirmou que teve "ótimos encontros".
"É um processo longo, mas investidores e administradores de recursos demonstram que a oferta de linhas está se estabilizando e que eles vão ajudar", disse.
Segundo a Folha apurou, a demanda por linhas de crédito de curto prazo (até 180 dias), como as do BC, está de fato sendo atendida. Quem precisa de linhas de até 12 meses também está conseguindo. Mas a falta de crédito persiste para os exportadores com necessidades de financiamento superiores a um ano.

Custo dos empréstimos
Segundo Parnes, o dinheiro do BC está saindo ao custo médio da variação cambial mais 4,58% para as instituições financeiras. Como elas estão cobrando taxa média de 2,9%, o custo para o exportador é a variação cambial mais 7,6%.
Esse custo é semelhante às operações com os recursos do BNDES que são atreladas à taxa Libor (de Londres), que também seguem a variação cambial. Já as operações do BNDES fechadas em reais, que seguem a TJLP, têm taxas muito mais altas, de cerca de 14% ou 15% para o exportador.
Segundo o diretor do Unibanco, Francisco Crema, até pouco tempo atrás os exportadores preferiam recorrer aos empréstimos em reais para não correr o risco da variação cambial, mas agora a situação se inverteu.
"Mais de 80% das operações que fechamos agora foram em dólar. Acho que os exportadores preferem correr o risco cambial e pagar taxa mais baixa porque o dólar já está muito alto e eles não acreditam que vá subir muito mais", analisa.


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