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Renda cresce, mas não recupera pico de 96
Aumento em 2006 é maior entre mais pobres, turbinado pela alta no mínimo, e reduz desigualdade, que ainda é alta
Pesquisa ampla do IBGE sobre 2006, a Pnad revela ainda a geração de
2,1 milhões de novos empregos no ano passado
PEDRO SOARES
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O rendimento do trabalho
cresceu 7,2% em 2006, a maior
alta desde 1995. Em valor médio (R$ 888), porém, ainda é inferior ao pico de 1996 (R$ 975),
quando o país vivia o "boom"
do Plano Real. Foi o segundo
ano seguido de alta -em 2005,
havia subido 4,6%-, após sete
anos de queda ou estagnação,
revelam dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios) feita pelo IBGE em
145,6 mil domicílios em todo o
país, com 410,3 mil entrevistas.
Nos quatro anos do governo
Lula (2003 a 2006), a renda do
trabalho cresceu numa média
anual de 1,1% -abalada pela
queda de 2003 (7,6%). No segundo mandato de Fernando
Henrique Cardoso (99-2002),
havia caído 3%, afetada pelas
crises externas, a desvalorização de 1999 e o apagão. No primeiro mandato de FHC (1995-1998), a renda cresceu numa
média anual de 5,61%.
Em valores, a renda média do
trabalho em 2006 chegou a R$
888, o mesmo nível de 1999,
contra R$ 975 em 1996. Para os
50% mais pobres, porém, cresceu mais, voltando ao pico de
1996. E subiu menos no topo da
pirâmide. Foram gerados 2,1
milhões de empregos em 2006,
com alta de 2,5% na comparação com 2005. O resultado foi a
queda da taxa de desemprego
para 8,5% em 2006, a menor
desde 1997 (7,8%). Em 2005,
havia sido de 9,4%. A informalidade também caiu.
O crescimento da renda, diz o
IBGE, é reflexo do reajuste de
13,3% do salário mínimo, que
beneficia mais as camadas mais
pobres. O perfil de expansão da
renda -mais intensa para os
pobres- contribuiu para a continuidade da redução da desigualdade no país. "A desigualdade teve uma queda suave. O
Brasil segue com forte concentração de renda", disse Márcia
Quintslr, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.
A concentração de renda
também teve queda. O índice
de Gini da renda do trabalho
-cerca de 75% do rendimento
total das famílias- caiu de
0,547 em 2004 para 0,543 em
2005 e 0,540 em 2006. Para Sonia Rocha, economista do Iets
(Instituto de Estudos de Instituto de Estudos do Trabalho e
Sociedade), "foi uma queda
bem forte repetindo o que temos visto nos últimos anos".
Para Lena Lavinas, da UFRJ,
a renda dos mais pobres está
convergindo lentamente com a
dos mais ricos, com impacto
positivo na desigualdade. Isso
ocorre graças à valorização do
salário mínimo e ao aumento
do emprego especialmente na
faixa até três salários mínimos.
Mas a Pnad mostra que o caminho a percorrer ainda é longo: o rendimento dos 10% mais
pobres representa 1% do total;
o dos 10% mais ricos, 44,4%.
A pesquisa revela ainda que
1,34 milhão de brasileiros passaram a se declarar de cor preta
ao IBGE. Na educação, o número de estudantes na universidade subiu 13,2% em 2006.
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