São Paulo, sábado, 15 de setembro de 2007

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Renda cresce, mas não recupera pico de 96

Aumento em 2006 é maior entre mais pobres, turbinado pela alta no mínimo, e reduz desigualdade, que ainda é alta

Pesquisa ampla do IBGE sobre 2006, a Pnad revela ainda a geração de 2,1 milhões de novos empregos no ano passado

PEDRO SOARES
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O rendimento do trabalho cresceu 7,2% em 2006, a maior alta desde 1995. Em valor médio (R$ 888), porém, ainda é inferior ao pico de 1996 (R$ 975), quando o país vivia o "boom" do Plano Real. Foi o segundo ano seguido de alta -em 2005, havia subido 4,6%-, após sete anos de queda ou estagnação, revelam dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) feita pelo IBGE em 145,6 mil domicílios em todo o país, com 410,3 mil entrevistas.
Nos quatro anos do governo Lula (2003 a 2006), a renda do trabalho cresceu numa média anual de 1,1% -abalada pela queda de 2003 (7,6%). No segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (99-2002), havia caído 3%, afetada pelas crises externas, a desvalorização de 1999 e o apagão. No primeiro mandato de FHC (1995-1998), a renda cresceu numa média anual de 5,61%.
Em valores, a renda média do trabalho em 2006 chegou a R$ 888, o mesmo nível de 1999, contra R$ 975 em 1996. Para os 50% mais pobres, porém, cresceu mais, voltando ao pico de 1996. E subiu menos no topo da pirâmide. Foram gerados 2,1 milhões de empregos em 2006, com alta de 2,5% na comparação com 2005. O resultado foi a queda da taxa de desemprego para 8,5% em 2006, a menor desde 1997 (7,8%). Em 2005, havia sido de 9,4%. A informalidade também caiu.
O crescimento da renda, diz o IBGE, é reflexo do reajuste de 13,3% do salário mínimo, que beneficia mais as camadas mais pobres. O perfil de expansão da renda -mais intensa para os pobres- contribuiu para a continuidade da redução da desigualdade no país. "A desigualdade teve uma queda suave. O Brasil segue com forte concentração de renda", disse Márcia Quintslr, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.
A concentração de renda também teve queda. O índice de Gini da renda do trabalho -cerca de 75% do rendimento total das famílias- caiu de 0,547 em 2004 para 0,543 em 2005 e 0,540 em 2006. Para Sonia Rocha, economista do Iets (Instituto de Estudos de Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), "foi uma queda bem forte repetindo o que temos visto nos últimos anos".
Para Lena Lavinas, da UFRJ, a renda dos mais pobres está convergindo lentamente com a dos mais ricos, com impacto positivo na desigualdade. Isso ocorre graças à valorização do salário mínimo e ao aumento do emprego especialmente na faixa até três salários mínimos.
Mas a Pnad mostra que o caminho a percorrer ainda é longo: o rendimento dos 10% mais pobres representa 1% do total; o dos 10% mais ricos, 44,4%.
A pesquisa revela ainda que 1,34 milhão de brasileiros passaram a se declarar de cor preta ao IBGE. Na educação, o número de estudantes na universidade subiu 13,2% em 2006.


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