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Bovespa encara o pior ciclo desde 2002
Índice da Bolsa registra quatro meses seguidos de desvalorização, o que não ocorria desde o período da pré-eleição de Lula
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar da melhora registrada na semana passada, a Bovespa ainda está no vermelho e enfrenta seu quarto mês seguido
de desvalorização. Uma seqüência tão longa de quedas na
Bolsa não era presenciada desde 2002, ano marcado pelas
turbulências geradas pelo período anterior à eleição do presidente Lula.
O fato de a Bovespa ter subido nos últimos três pregões da
semana passada pode levar
muita gente a se questionar se o
fundo do poço não ficou para
trás. Porém analistas alertam: o
cenário internacional ainda é
muito incerto e não surpreenderá se a Bolsa voltar a perder
fôlego e testar novas mínimas.
Neste mês, o índice Ibovespa
-principal referência, que reúne as 66 ações de maior liquidez- ainda sofre depreciação
de 5,9%. No ano, a queda acumulada da Bolsa alcança 18%.
"Ainda é hora de ter uma postura defensiva em relação à
Bolsa. O cenário segue incerto e
perigoso para o mercado acionário, exigindo cautela e paciência neste segundo semestre", afirma Leonel Molero Pereira, professor do laboratório
de finanças da FIA (Fundação
Instituto de Administração).
"O melhor seria esperar diminuir a volatilidade, que está
muito elevada, para começar a
comprar ações", diz Pereira.
As fortes oscilações da Bolsa
nas últimas semanas tornam
esse mercado ainda mais arisco
e imprevisível. O índice da Bolsa que mede a volatilidade -intensidade e freqüência das oscilações dos preços dos ativos-
ilustra bem isso. No período de
um mês até a última sexta-feira, o Ibovespa teve volatilidade
de 33,48%. Se for considerado
um período de seis meses, a volatilidade diminui bastante, ficando em 30,23%.
"A recuperação dos últimos
pregões pode ter feito as pessoas pensarem que é a hora de
voltar a comprar [ações]. Mas é
importante seguir cauteloso",
afirma Alexandre Póvoa, diretor responsável pela Modal Asset Management.
Na semana passada, entre a
pontuação mínima e a máxima,
o Ibovespa oscilou 12,8%.
No pregão de sexta-feira, a
Bovespa encerrou com 52.392
pontos, 28,7% abaixo de seu pico histórico, que foram os
73.516 pontos registrados no
fechamento de 20 de maio.
Se ninguém pode afirmar se a
Bovespa vai reencontrar seus
melhores momentos ainda
neste ano, ao menos alguns
analistas e instituições financeiras mostram estar enxergando boas oportunidades no
mercado local.
Na sexta-feira, o banco de investimento americano Morgan
Stanley divulgou relatório onde
manteve o Brasil em um seleto
grupo de emergentes com a recomendação "acima da média
do mercado", o que indica que
há boas oportunidades de ativos para se aplicar no país.
Além disso, a instituição elevou
a participação das ações brasileiras em seu portfólio modelo.
Se entre analistas e profissionais do mercado não faltam dúvidas em relação ao desempenho da Bovespa nos próximos
meses, ao menos um conselho
parece ser consenso. O investidor que tem aplicações em Bolsa não deve vender suas ações
em um momento turbulento
como o atual, a não ser que realmente necessite do dinheiro.
"Quem já está na Bolsa não
deve sair nesse momento de
baixa acumulada", diz Carlos
Daniel Coradi, diretor-presidente da EFC (Engenheiros Financeiros & Consultores).
O fato de a Bovespa ser muito
dependente das commodities
-mais de 40% dos papéis do
Ibovespa são de empresas ligadas às oscilações desses produtos- piora as previsões nesse
momento. As commodities têm
oscilado consideravelmente
nesse período de crise internacional. O petróleo, por exemplo, superou históricos US$ 145
por barril no começo de julho
para depois se depreciar. Na semana passada, ameaçou romper o piso de US$ 100.
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