São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2008

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folhainvest

Bovespa encara o pior ciclo desde 2002

Índice da Bolsa registra quatro meses seguidos de desvalorização, o que não ocorria desde o período da pré-eleição de Lula

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da melhora registrada na semana passada, a Bovespa ainda está no vermelho e enfrenta seu quarto mês seguido de desvalorização. Uma seqüência tão longa de quedas na Bolsa não era presenciada desde 2002, ano marcado pelas turbulências geradas pelo período anterior à eleição do presidente Lula.
O fato de a Bovespa ter subido nos últimos três pregões da semana passada pode levar muita gente a se questionar se o fundo do poço não ficou para trás. Porém analistas alertam: o cenário internacional ainda é muito incerto e não surpreenderá se a Bolsa voltar a perder fôlego e testar novas mínimas.
Neste mês, o índice Ibovespa -principal referência, que reúne as 66 ações de maior liquidez- ainda sofre depreciação de 5,9%. No ano, a queda acumulada da Bolsa alcança 18%.
"Ainda é hora de ter uma postura defensiva em relação à Bolsa. O cenário segue incerto e perigoso para o mercado acionário, exigindo cautela e paciência neste segundo semestre", afirma Leonel Molero Pereira, professor do laboratório de finanças da FIA (Fundação Instituto de Administração). "O melhor seria esperar diminuir a volatilidade, que está muito elevada, para começar a comprar ações", diz Pereira.
As fortes oscilações da Bolsa nas últimas semanas tornam esse mercado ainda mais arisco e imprevisível. O índice da Bolsa que mede a volatilidade -intensidade e freqüência das oscilações dos preços dos ativos- ilustra bem isso. No período de um mês até a última sexta-feira, o Ibovespa teve volatilidade de 33,48%. Se for considerado um período de seis meses, a volatilidade diminui bastante, ficando em 30,23%.
"A recuperação dos últimos pregões pode ter feito as pessoas pensarem que é a hora de voltar a comprar [ações]. Mas é importante seguir cauteloso", afirma Alexandre Póvoa, diretor responsável pela Modal Asset Management.
Na semana passada, entre a pontuação mínima e a máxima, o Ibovespa oscilou 12,8%.
No pregão de sexta-feira, a Bovespa encerrou com 52.392 pontos, 28,7% abaixo de seu pico histórico, que foram os 73.516 pontos registrados no fechamento de 20 de maio.
Se ninguém pode afirmar se a Bovespa vai reencontrar seus melhores momentos ainda neste ano, ao menos alguns analistas e instituições financeiras mostram estar enxergando boas oportunidades no mercado local.
Na sexta-feira, o banco de investimento americano Morgan Stanley divulgou relatório onde manteve o Brasil em um seleto grupo de emergentes com a recomendação "acima da média do mercado", o que indica que há boas oportunidades de ativos para se aplicar no país. Além disso, a instituição elevou a participação das ações brasileiras em seu portfólio modelo.
Se entre analistas e profissionais do mercado não faltam dúvidas em relação ao desempenho da Bovespa nos próximos meses, ao menos um conselho parece ser consenso. O investidor que tem aplicações em Bolsa não deve vender suas ações em um momento turbulento como o atual, a não ser que realmente necessite do dinheiro.
"Quem já está na Bolsa não deve sair nesse momento de baixa acumulada", diz Carlos Daniel Coradi, diretor-presidente da EFC (Engenheiros Financeiros & Consultores).
O fato de a Bovespa ser muito dependente das commodities -mais de 40% dos papéis do Ibovespa são de empresas ligadas às oscilações desses produtos- piora as previsões nesse momento. As commodities têm oscilado consideravelmente nesse período de crise internacional. O petróleo, por exemplo, superou históricos US$ 145 por barril no começo de julho para depois se depreciar. Na semana passada, ameaçou romper o piso de US$ 100.


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