São Paulo, terça-feira, 15 de setembro de 2009

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@grupofolha.com.br

"Não é justo ser o pulmão do mundo e não receber nada"

"O Brasil tem que ser muito mais agressivo [nas discussões para o acordo climático]", diz Rubens Ometto, presidente da Cosan, a maior processadora mundial de cana-de-açúcar.
"Não é só cobrar dos outros países. Tem que ameaçar, ser mais duro nas negociações, para conseguir vantagens, recursos", diz o empresário, sobre a posição que o Brasil deve adotar na Convenção do Clima das Nações Unidas, em Copenhague, em dezembro.
"O governo está sendo muito bonzinho e ser bonzinho é fácil, mas improdutivo."
Ometto alega que os países desenvolvidos devastaram suas florestas, criam barreiras para produtos brasileiros como o açúcar, e ainda cobram do Brasil, mesmo que com razão, uma solução para o problema da devastação da floresta.
"Não dá para os brasileiros agora pagarem toda a conta sozinhos. Veja o exemplo do norte-coreano [o líder Kim Jong-il], ele ameaça para valorizar a posição dele."
Se o Brasil não tem bomba, tem com que barganhar, segundo o controlador da Cosan.
"A floresta é a nossa bomba. Temos que criar momentos firmes de troca, senão vamos vendê-la barato", afirma.
Ometto lembra que os Estados Unidos e a Europa protegem-se bem ao não permitir que produtos brasileiros, entre eles o etanol, sejam vendidos sem a cobrança de muita taxa, a ponto de torná-los proibitivos.
"Temos que valorizar nossa floresta também. Não é justo ser o pulmão do mundo sem receber nada. E pior, ainda querer que agricultores e o povo brasileiro paguem a conta", diz.
"É preciso ser mais duro: é a única linguagem que esse pessoal [o mundo desenvolvido] entende, mas com elegância."
Países ricos, segundo o empresário, pressionam para depreciar produtos brasileiros. Em relação ao etanol, diz que o mundo desenvolvido inventa regras infundadas e argumenta, erroneamente, que a cana entra em área de alimento.
"Temos muita terra para ser plantada, não precisamos devastar florestas. Não há concorrência para nós."

CLAVE DE SOL
O mercado de instrumentos musicais já calcula o aquecimento estimulado pela lei n.º 11.769 -sancionada em agosto de 2008-, que obriga escolas do país a oferecerem aulas de música. A previsão era que as instituições se adequassem em três anos. Synésio da Costa, presidente da Abemúsica (associação do setor), já estima aumento de 10% ao ano na venda de instrumentos com a entrada da disciplina no currículo escolar. O mercado, que em 2008 movimentou R$ 505 milhões, deve passar para R$ 555 milhões neste ano e alcançar R$ 700 milhões em 2011.

NA FILA
Desde o lançamento do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, até o último dia 4, a Caixa Econômica Federal recebeu 1.642 propostas de empreendimentos para serem analisadas para a construção de 313.922 unidades, correspondentes a um montante de R$ 20,58 bilhões. Foram contratados 258 empreendimentos para a construção de 45.519 unidades, num total de R$ 2,8 bilhões. A meta prometida pelo presidente Lula é de 1 milhão de imóveis. Na faixa salarial de famílias que ganham até R$ 1.395 (três salários mínimos), principal dificuldade do governo, foram contratadas 19.592 unidades.

GÁS NA TARIFA
A Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo) solicitou mais 30 dias para responder ao pedido dos grandes consumidores de gás para a agência refazer os cálculos da revisão tarifária da Comgás. O prazo para a agência se manifestar vencia hoje. Em maio, a tarifa de gás para a indústria caiu 18%, mas os consumidores pedem cortes maiores.

GÁS NA TARIFA 2
A estimativa de Lucien Belmonte, da Abividro, uma das entidades autoras do recurso, é que a Comgás recebeu R$ 1 bilhão a mais nos últimos cinco anos pelo fornecimento de gás por erro no cálculo da revisão tarifária. A Arsesp contratou a consultoria Insights Economics para avaliar a questão e diz que precisa de mais tempo para concluir os estudos.

TELHADO BAIXO
O HSBC vai reduzir as taxas de juros para crédito imobiliário para contratos fechados no 4º Salão Imobiliário de SP. A taxa mínima e a máxima caem um ponto percentual, para 9% e 11% ao ano. O evento acontece entre os dias 24 e 27.

HOMENS BLINDADOS
No primeiro semestre, foram blindados 3.147 veículos no país, segundo levantamento da Associação Brasileira de Blindagem. Os homens são o maior público consumidor (75%).

NOS TRILHOS
O governo do Iraque vai construir 40 quilômetros de metrô e 40 estações ao custo de US$ 3 bilhões. O país está em busca de oito parceiros internacionais. O projeto será anunciado pela Câmara Brasil Iraque neste mês.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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