ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

A corretora do Bank of America foi multada ontem em R$ 2 milhões pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por não ter seguido a regra de "marcação a mercado" - atualização diária pelo valor de mercado- das cotas de quatro fundos de investimento em junho de 2002, quando o mercado financeiro passou por forte oscilação. O responsável pelos fundos, José Alfredo Lamy, também foi punido com multa de R$ 200 mil.
Eram fundos voltados para aplicações de risco, que perseguiam alta rentabilidade, e sofreram pesadas perdas naquele período. Segundo a CVM, o fundo Bank of America Moderado, de menor risco, teve perda de 2,31% na ocasião, enquanto o "Multicarteira Arrojado", de maior risco, perdeu 24,15%. Os intermediários "Dinâmico" e "High Yield" perderam 6,36% e 20,18%, respectivamente.
O economista José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-98), depôs como testemunha de defesa do banco sobre o período de incertezas e o nervosismo vividos pelo mercado financeiro em 2002.
Ele lembrou que o mercado passou por um "turbilhão" naquele ano, quando o risco Brasil passou de 900 para 1.700 pontos em dois meses, refletindo receio dos investidores com a iminente eleição de Lula para a Presidência.
O relatório do processo administrativo da CVM diz que a corretora do banco apostou que haveria queda nas taxas de juros, mas ocorreu o contrário.
Segundo ainda o relatório, outros fundos de investimento com perfil de alto risco no mercado tiveram rentabilidade média de 5,01% em junho de 2002.
A principal argumentação da defesa dos acusados foi que os investidores dos fundos em questão sabiam que se tratava de aplicações de alto risco e eram informados das decisões tomadas pela administração.


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