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Só 33% das empresas são inovadoras
Pesquisa revela que poucos grupos nacionais inovam com produtos que atendem às necessidades dos consumidores
Indústria funciona como motor da geração de novas idéias e serviços; mulheres já lideram 37% de processos de inovação nas empresas
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pesquisa inédita feita
pela consultoria Symnetics
mostra que apenas uma em cada três empresas brasileiras são
inovadoras. Os números revelam que as indústrias são o motor da geração de novas idéias e
que as mulheres têm força à
frente desse processo.
A Symnetics é uma consultoria que representa a ECC (Experience Co-Creation Partnership), empresa de Venkat
Ramaswamy, professor de
Marketing da Michigan University, nos EUA, idealizador
de um modelo de inovação batizado de "co-criação".
Para a pesquisa, foi ouvida
quase uma centena de presidentes, diretores, superintendentes e gerentes de empresas
industriais, comerciais e prestadoras de serviço.
Apesar de pequena, a amostragem permitiu extrapolar o
resultado para o total de empresas nacionais. É o que afirma o diretor da Symnetics, Reinaldo Manzini, que contou com
a ajuda da H2R, uma companhia especializada em pesquisas de mercado.
O perfil das inovadoras
Para a Symnetics, uma companhia inovadora tem de dispor, obrigatoriamente, de ferramentas de comunicação para captar as necessidades dos consumidores em relação aos produtos e serviços disponíveis.
"Não basta coletar reclamações obtidas pelo call center",
diz Manzini. "É preciso usar as
dicas que os consumidores dão
a respeito de como usam (ou
gostariam de usar) os produtos
para criar algo novo." A internet, por meio de canais de contato em sites e blogs, tem um
papel decisivo nesse processo.
De acordo com o levantamento, é na indústria em que o
nível de inovação é maior, em
torno de 40%. Esse índice cai
para 30% entre as empresas do
comércio e entre as prestadoras de serviços.
Cerca de 40% operam com
mais de 5.000 funcionários,
70% faturam acima de R$ 500
milhões por ano e 53% têm capital aberto. Noventa por cento
contam com gestores profissionais, e as mulheres comandam
a inovação em 37% delas.
Na seguradora Real Tokio
Marine, a superintendente Zilea Santos liderou uma pesquisa com os clientes, no início
deste ano, que serviu de base
para a mudança de estratégia
da companhia. "Uma das descobertas foi a de que os jovens,
especialmente, queriam seguros de vida pensando em acidentes no trânsito", afirma
Santos. "Agora, nosso seguro de
vida venderá a idéia de qualidade de vida, e não a de indenização pela morte."
Na americana 3M, multinacional conhecida por suas fitas
adesivas, o processo de inovação determina que os vendedores -que operam no varejo ou
nas redes atacadistas- estejam
atentos a novas oportunidades.
"Não temos medo de mudar
os caminhos da companhia se
descobrirmos um filão inovador", afirma o diretor Luís Serafim. Segundo ele, a 3M nasceu como empresa mineradora e, por causa de uma visita de
um vendedor numa funilaria,
acabaram detectando uma
oportunidade de negócio para
as fitas adesivas. "Os funileiros
prendiam jornais com cola nos
carros antes de aplicar a tinta."
Para ele, as empresas não podem temer a inovação porque
correm o risco de serem tragadas por esse processo, que se
transformou num fator decisivo na competição por mercado.
"São os clientes que dizem o
que querem comprar."
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