São Paulo, segunda-feira, 15 de outubro de 2007

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Só 33% das empresas são inovadoras

Pesquisa revela que poucos grupos nacionais inovam com produtos que atendem às necessidades dos consumidores

Indústria funciona como motor da geração de novas idéias e serviços; mulheres já lideram 37% de processos de inovação nas empresas

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pesquisa inédita feita pela consultoria Symnetics mostra que apenas uma em cada três empresas brasileiras são inovadoras. Os números revelam que as indústrias são o motor da geração de novas idéias e que as mulheres têm força à frente desse processo.
A Symnetics é uma consultoria que representa a ECC (Experience Co-Creation Partnership), empresa de Venkat Ramaswamy, professor de Marketing da Michigan University, nos EUA, idealizador de um modelo de inovação batizado de "co-criação".
Para a pesquisa, foi ouvida quase uma centena de presidentes, diretores, superintendentes e gerentes de empresas industriais, comerciais e prestadoras de serviço.
Apesar de pequena, a amostragem permitiu extrapolar o resultado para o total de empresas nacionais. É o que afirma o diretor da Symnetics, Reinaldo Manzini, que contou com a ajuda da H2R, uma companhia especializada em pesquisas de mercado.

O perfil das inovadoras
Para a Symnetics, uma companhia inovadora tem de dispor, obrigatoriamente, de ferramentas de comunicação para captar as necessidades dos consumidores em relação aos produtos e serviços disponíveis.
"Não basta coletar reclamações obtidas pelo call center", diz Manzini. "É preciso usar as dicas que os consumidores dão a respeito de como usam (ou gostariam de usar) os produtos para criar algo novo." A internet, por meio de canais de contato em sites e blogs, tem um papel decisivo nesse processo.
De acordo com o levantamento, é na indústria em que o nível de inovação é maior, em torno de 40%. Esse índice cai para 30% entre as empresas do comércio e entre as prestadoras de serviços.
Cerca de 40% operam com mais de 5.000 funcionários, 70% faturam acima de R$ 500 milhões por ano e 53% têm capital aberto. Noventa por cento contam com gestores profissionais, e as mulheres comandam a inovação em 37% delas.
Na seguradora Real Tokio Marine, a superintendente Zilea Santos liderou uma pesquisa com os clientes, no início deste ano, que serviu de base para a mudança de estratégia da companhia. "Uma das descobertas foi a de que os jovens, especialmente, queriam seguros de vida pensando em acidentes no trânsito", afirma Santos. "Agora, nosso seguro de vida venderá a idéia de qualidade de vida, e não a de indenização pela morte."
Na americana 3M, multinacional conhecida por suas fitas adesivas, o processo de inovação determina que os vendedores -que operam no varejo ou nas redes atacadistas- estejam atentos a novas oportunidades.
"Não temos medo de mudar os caminhos da companhia se descobrirmos um filão inovador", afirma o diretor Luís Serafim. Segundo ele, a 3M nasceu como empresa mineradora e, por causa de uma visita de um vendedor numa funilaria, acabaram detectando uma oportunidade de negócio para as fitas adesivas. "Os funileiros prendiam jornais com cola nos carros antes de aplicar a tinta." Para ele, as empresas não podem temer a inovação porque correm o risco de serem tragadas por esse processo, que se transformou num fator decisivo na competição por mercado. "São os clientes que dizem o que querem comprar."


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