São Paulo, segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Investidor se prepara para "comprar" Bolsa

Período de reserva de ações da Bovespa começa hoje; expectativa é que estréia dos papéis no mercado aconteça no dia 26

Abertura de capital da Bolsa segue tendência mundial; BM&F também deve ofertar papéis em pregões como qualquer outra empresa

Eduardo Knapp - 2.out.07/Folha Imagem
Visitantes no saguão da Bovespa, que terá abertura de capital


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem quiser ser dono de um pedacinho da Bolsa de Valores de São Paulo terá essa oportunidade a partir de hoje, quando começa o período de reservas para comprar as ações resultantes do processo de abertura de capital da instituição.
Seguindo uma tendência mundial, a Bovespa e a BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) decidiram, ainda em 2006, dar andamento ao processo de desmutualização -como é conhecida a abertura de capital das Bolsas-, que agora está perto de sua conclusão. As ações da Bovespa devem estrear em pregão no próximo dia 26. As da BM&F também devem iniciar seus negócios neste último trimestre do ano.
As ações das Bolsas irão ser negociadas em pregão como os papéis de qualquer outra empresa de capital aberto.
Estima-se que ao menos 70% das principais Bolsas de Valores do mundo já tenham passado ou estejam em meio a um processo de abertura de capital. Entre as maiores que contam com suas ações vendidas em pregão, estão as Bolsas de Frankfurt, Londres, Hong Kong, Nova York e a Nasdaq.
Para as corretoras de valores, até então donas das Bolsas brasileiras, a operação em andamento é bilionária: o cenário mais otimista prevê que o montante arrecadado com a venda das ações de Bovespa e BM&F alcance R$ 10 bilhões. No processo de desmutualização, os títulos patrimoniais que as corretoras detinham se transformaram nas ações que serão ofertadas ao mercado.

Interesse estrangeiro
Apesar da expectativa de que os papéis da Bovespa Holding -companhia formada em decorrência da abertura de capital- estréiem antes no pregão, a BM&F saiu na frente e já vendeu R$ 1 bilhão em ações decorrentes de sua desmutualização para o fundo norte-americano General Atlantic, conhecido por seu interesse em IPOs de Bolsas.
"A abertura de capital das Bolsas brasileiras é um marco, um divisor de águas. Se a Bovespa tem ambições de ser cada vez mais encarada como um mercado de envergadura internacional, sua desmutualização era inevitável", afirma o analista Luiz Antonio Vaz das Neves, da KNA Consultores.
As corretoras não poderão vender de cara todas as suas ações. Dessa forma, além do dinheiro que devem levantar na estréia dos papéis no pregão, poderão, no futuro, conseguir mais recursos.
A Bovespa é a maior Bolsa da América Latina, com capitalização bursátil (valor das empresas listadas em pregão) que chega a R$ 2,3 trilhões.
O IPO (lançamento inicial de ações, na sigla em inglês) da Bovespa tem sido encarado como o mais esperado do ano e pode movimentar a cifra recorde de mais de R$ 5,2 bilhões.
No começo deste mês, a notícia de que o investidor Naji Nahas entrou com ação na Justiça contra a Bovespa e a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (comandada atualmente pela BM&F) causou mal-estar entre investidores. O temor era que a indenização de R$ 10 bilhões pedida por Nahas, por danos materiais e morais, atrapalhasse as aberturas de capital.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Oferta reserva papéis para as pessoas físicas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.