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Bancos planejam criação de fundo para conter crise
Fundo teria dotação de US$ 75 bilhões, com verba do setor privado; Tesouro dos EUA tem participado das discussões
Recursos comprarão ativos lastreados em hipotecas que têm se desvalorizado; objetivo é evitar que bancos tenham prejuízos maiores
DA REDAÇÃO
Alguns dos maiores bancos
do mundo planejam a criação
de um fundo de cerca de US$ 75
bilhões para comprar títulos
hipotecários e outros ativos,
em tentativa de evitar que a crise financeira contagie o restante da economia. A informação é
dos jornais norte-americanos
"The New York Times" e "The
Wall Street Journal".
Entre esses bancos estão o
Citigroup, maior instituição financeira do mundo, o Bank of
America e o JP Morgan Chase,
além de diversos outros. A criação do fundo pode ser anunciada ainda nesta semana.
Representantes dessas instituições têm se reunido nas últimas semanas para discutir a
criação desse fundo, o que evitaria a venda em massa de títulos em poder de divisões de investimento desses próprios
bancos. Essa venda em cadeia
tem provocado a desvalorização dos ativos e, portanto, prejuízo de bilhões de dólares a
instituições financeiras.
Os encontros entre bancos
têm contado com a colaboração
de representantes do Tesouro
norte-americano, que trabalha
para evitar que a crise financeira leve a maior economia do
planeta a uma recessão.
À frente da secretaria do Tesouro há pouco mais de um ano
está Henry Paulson, egresso de
Wall Street, onde comandava o
Goldman Sachs desde 1999.
Mas, segundo se comenta,
embora participe das discussões, o Tesouro não entraria
com recursos no fundo, o que
caberia ao setor privado.
As perdas bilionárias reportadas pelos maiores bancos do
mundo nas últimas semanas,
por conta de ativos reavaliados
para baixo, na esteira da crise
no segmento imobiliário dos
EUA, podem levá-los a retrair a
oferta de crédito a empresas e
consumidores, o que fatalmente afetaria a economia real.
Bancos de outros países podem participar. Segundo o
"Wall Street Journal", a agência reguladora do mercado de
capitais do Reino Unido, a FSA
(Financial Services Authority),
já sugeriu a participação de
bancos locais no fundo.
Os esforços para a criação do
fundo começaram há cerca de
três semanas, segundo o "New
York Times", quando o secretário do Tesouro do governo de
George W. Bush, Paulson, convocou reunião em Washington
com executivos de alto escalão
de grandes bancos. O objetivo
era encontrar soluções para o
fato de derivativos e títulos lastreados em hipotecas não encontrarem mais compradores.
Nos dias seguintes, dois homens de confiança de Paulson
no Tesouro se encarregaram de
liderar encontros na capital
norte-americana, em Nova
York e em conferências telefônicas: Robert Steel, ex-executivo do Goldman Sachs e hoje
subsecretário para finanças domésticas, e Anthony Ryan,
atual secretário-assistente para
mercados financeiros.
História se repete
Esta não é a primeira vez que
grandes instituições se reúnem
para discutir meios de evitar
uma crise mais grave. Em 1998,
bancos norte-americanos tiveram que montar uma operação
de resgate de US$ 3,5 bilhões
para evitar a falência de um
"hedge fund", o Long-Term Capital Management, ou LTCM.
Na ocasião, a intervenção dos
bancos foi coordenada pelo Fed
(o BC dos EUA), então presidido por Alan Greenspan.
A operação, no entanto, foi
contestada por analistas e até
investigada pelo Congresso
norte-americano, que questionou a necessidade de bancos
que têm seus depósitos garantidos pelo governo federal emprestarem dinheiro para fundos de alto risco especularem.
Com agências de notícias
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