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Juros entre bancos recuam na Europa; investidor teme risco de calote argentino
DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI
Enquanto o cenário catástrofe não se materializa na economia real, os mercados de ações
se mantiveram em território
positivo na Europa, com exceção da Islândia, em estado falimentar, cuja Bolsa caiu ontem
espetaculares 76%.
Nas demais Bolsas importantes, os resultados foram essencialmente os de dias normais,
sem o espetáculo das últimas
semanas: ganhos de algo menos
de 3% em cada uma, exceto
Londres, que subiu 3,23%.
Mas mais importante que os
números da Bolsa é o Euribor, a
taxa em euros que os bancos
cobram para empréstimos entre eles. Mede a confiança no
setor financeiro, que havia se
evaporado completamente antes dos pacotes da semana passada e desta. Por isso, o Euribor
chegara a patamares recordes,
mas recuou nos dois últimos
dias. Pouco, mas recuou: foi ontem de 5,425% para 5,358%.
Posto de outra forma: não há
entre os bancos a euforia que
houve na Bolsa. Tanto não há
que Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo, formado
pelos governantes dos países
que usam o euro, diz que "não
há nenhuma razão para crer no
fim da crise financeira".
Com a dupla experiência de
quem já esteve na ponta de emprestador de recursos -como
presidente do Banco Central e
agora dono de banco de investimentos-, Armínio Fraga concorda: "A desconfiança foi muito longe, não vejo os bancos se
animando muito tão cedo".
Desânimo
Aliás, os investidores estão é
desanimando em relação a alguns países emergentes, antes
vistos como a salvação do planeta, informa o jornal britânico
"Financial Times", influenciados pelo derretimento da Islândia, que não é emergente, mas
também nunca entrou na lista
dos ricos: o risco de calote para
países como Paquistão, Ucrânia e Argentina, além da Islândia, passa de 80% aos olhos dos
investidores.
Aí é que mora o perigo para o
Brasil, onde a Bolsa também
moderou sua subida e fechou
com alta de 1,81%: num mundo
em transe, qualquer abalo na
vizinhança afeta duramente todos os países próximos.
Talvez por isso o respeitado
Iedi (Instituto de Estudos de
Desenvolvimento Industrial)
afirma em seu mais recente boletim: "Diante de um quadro
como esse, tudo o que foi construído pelo Brasil nos últimos
anos em termos de constituição de reservas internacionais
e fortalecimento de instituições financeiras pode se revelar
pouco para enfrentar a crise.
Medidas talvez muito mais graves e de alcance muito maior
tenham de ser adotadas".
Reforça José Francisco de
Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator: "A crise
de crédito cria o risco -nada
desprezível- de a desaceleração não seguir o rumo de uma
trajetória suave. Falta de capital de giro faz a economia bater
na parede em vez de apenas desacelerar".
(CR)
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