NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo decidiu elevar em R$ 5,5 bilhões o volume de recursos que os bancos terão que aplicar no financiamento da safra 2008/09. Ontem, o CMN (Conselho Monetário Nacional) elevou a parcela dos depósitos em conta corrente que as instituições são obrigadas a destinar ao crédito rural.
A medida tem como objetivo amenizar os impactos que a crise financeira tem tido sobre os financiamentos para o setor agrícola. Atualmente, os bancos são obrigados a usar 25% dos saldos mantidos em conta corrente no crédito rural. Ontem, essa parcela foi elevada para 30%, o que deve aumentar o volume de recursos aplicados obrigatoriamente nesse tipo de empréstimo de R$ 28 bilhões para R$ 33,5 bilhões.
A liberação desses recursos será possível graças a uma redução no recolhimento compulsório sobre esses depósitos promovida ontem pelo Banco Central. A partir do próximo dia 29, os bancos serão obrigados a recolher no BC o equivalente a 42% dos saldos em conta corrente, contra 45% recolhidos pelas regras atuais.
Trata-se da quinta medida tomada pelo BC nas últimas três semanas para tentar aumentar a oferta de dinheiro no mercado e, assim, garantir o funcionamento do sistema financeiro e a manutenção da oferta de crédito.
Até anteontem, mudanças nas regras do compulsório já permitiram colocar até R$ 105,7 bilhões à disposição dos bancos -o valor efetivo a ser injetado no mercado depende do interesse das instituições financeiras em utilizar alguns mecanismos criados pelo BC. Esse número representa 41% de todo o dinheiro recolhido pelo BC por meio do compulsório no final de agosto, antes do agravamento da crise.

Setores
Até ontem, não havia sido tomada nenhuma medida para socorrer nenhum setor específico. Ou seja, o dinheiro liberado poderia ser usado livremente, de acordo com as decisões de cada banco. Com a decisão de ontem, as instituições financeiras ficam obrigadas a aplicar o dinheiro liberado em empréstimos ao setor agrícola.
No começo do mês, o Banco do Brasil já havia anunciado que iria antecipar a liberação de R$ 5 bilhões para o financiamento da safra 2008/09. Não eram, porém, de recursos adicionais ao setor.


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