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Sócio da Oi critica proposta de criar rede estatal de banda larga
Já presidente da Telefônica não descarta parceria, mas diz que governo precisará cumprir a sua parte
ELVIRA LOBATO
EM SÃO PAULO
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, atacou
ontem a criação de uma rede
estatal de banda larga, ideia que
está sendo gestada pelo governo federal. A Andrade Gutierrez é acionista controladora da
Oi, que seria afetada pela concorrência do Estado.
Azevedo, que também integra o Conselho de Administração da Oi, disse que o Brasil fez
opção pelo modelo privado de
telecomunicações quando a
União vendeu o controle das
empresas do Sistema Telebrás,
em 1998. "O retrocesso não faz
sentido", declarou.
A criação de uma rede pública de banda larga é defendida
pelo Ministério do Planejamento e pela Casa Civil da Presidência da República. A proposta é que seja construída com
as redes ociosas de fibras óticas
das empresas estatais Chesf,
Furnas, Eletrobrás e Petrobras.
Cogita-se também o uso da rede da Eletronet, que está em
processo de falência e tem 49%
de participação da Eletrobrás.
O projeto foi encomendado
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em setembro. Dois
grupos de trabalho foram formados, dentro do governo, para
preparar a proposta, com data
prevista para conclusão em 10
de novembro.
Divergência
A rede nacional de banda larga teria extensão de 31,5 mil
quilômetros de fibras óticas e
cobriria 4.245 municípios, onde vivem 87% da população.
Os ministérios das Comunicações e do Planejamento têm
concepções divergentes sobre o
projeto. Enquanto o ministro
Hélio Costa (Comunicações)
quer que a rede seja montada
com as operadoras privadas, o
secretário-executivo do Planejamento, Rogério Santana, defende que ela seja gerenciada
pela estatal Telebrás (que seria
fortalecida com uma capitalização da União) para criar um
ambiente de competição.
Pequenos provedores de internet usariam a infraestrutura
pública para oferecer acesso
em banda larga, sobretudo no
interior do país.
Pelos cálculos do Ministério
do Planejamento, seria possível
construir essa rede estatal de
banda larga por R$ 3,2 bilhões,
incluindo a infraestrutura (rede) e os acessos.
Já o ministro Hélio Costa
apresenta números mais próximos aos das operadoras. Segundo ele, a conta fecharia em
R$ 10 bilhões.
A cifra corresponde, segundo
o presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente, ao investimento total das operadoras
privadas em banda larga no ano
passado. Hélio Costa e Rogério
Santana, do Planejamento, não
foram encontrados até a conclusão desta edição.
Críticas
A reação de Azevedo foi a primeira manifestação pública da
parte das teles sobre a criação
da rede pública de banda larga.
Segundo ele, há consenso entre
as teles de que há um compromisso histórico com o modelo
privado. "A Telebrás só está viva para cobrir a deficiência de
pessoal da Anatel", afirma. Parte dos funcionários da agência é
empregada da Telebrás.
Azevedo diz que apoia o plano nacional de banda larga,
desde que as teles façam parte
dele e que seja gerenciado por
empresa com controle privado.
Valente, da Telefônica, concorda com um modelo público-privado para a universalização
da banda larga, mas diz que a
expansão do serviços é emperrada pelo Estado, que não cumpre seu papel. "Não dá para expandir sem licença e sem espectro de radiofrequência. Se o
governo não cumprir sua parte,
a gente não tem o que fazer."
O presidente da Claro, João
Cox, afirma que a operadora levou a infraestrutura de 3G (telefonia celular de terceira geração) a 300 cidades que aguardam a chegada das redes de
transmissão.
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