São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO

Lojistas estão repassando a alta do dólar para manter lucratividade

Varejo vende menos e fatura mais

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O volume de vendas do comércio varejista brasileiro caiu 1,23% em setembro, após dois meses consecutivos de desempenho positivo. Apesar da queda no volume, a receita nominal das vendas cresceu 6,32%.
Para o IBGE, responsável pela pesquisa, isso significa que os comerciantes estão repassando a alta do dólar para manter as margens de lucratividade, mesmo com as vendas em baixa.
De acordo com Nilo Macedo, da equipe de analistas do IBGE, esse comportamento é mais evidente em segmentos oligopolizados, como o de super e hipermercados. As vendas do segmento caíram 5,71% em volume, mas a receita cresceu 3,06% em setembro.
"A margem de lucratividade é algo que o empresário tenta manter a todo custo. Quando o lucro não é interessante, ele acaba fechando", afirmou Macedo.
No acumulado do ano, até setembro, o volume de vendas no varejo caiu 0,23%. A receita cresceu 6,08%.
Para o analista do IBGE, o comportamento das vendas em setembro reflete "uma situação muito indefinida que já vem há bastante tempo".
A indefinição, de acordo com Macedo, nada mais é que um reflexo de indefinições maiores, como a da tendência da taxa de juros, ou de situações negativas que perduram, como a elevada taxa de desemprego e a queda no rendimento do trabalho.
Macedo rejeita a hipótese de que o varejo esteja vivendo uma situação de estagnação ou de estagflação (falta de crescimento com inflação elevada).
Segundo ele, "indefinição" é a palavra que melhor se encaixa na situação, havendo segmentos que estão até com desempenho muito favorável, como o de combustíveis e lubrificantes, cujo volume de vendas cresceu em julho, agosto e setembro, respectivamente, 7,26%, 10,56% e 11,37%.
Quanto à possibilidade de estagflação, Macedo afirma que a aceleração inflacionária precisava estar bem maior para caracterizar essa situação.
Ainda assim, o técnico não arrisca uma previsão otimista para as vendas de Natal. "Não acredito que este seja melhor do que o Natal do ano passado", disse.
Ele soma aos problemas dos juros, do emprego e da renda o clima de expectativa sobre o que vai fazer o novo governo. "Mas o Natal às vezes surpreende em cima da hora", ressalva.


Texto Anterior: Conjuntura: Indústria paulista tem nova queda
Próximo Texto: Luís Nassif: A supersiderúrgica nacional
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.