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COMÉRCIO
Lojistas estão repassando a alta do dólar para manter lucratividade
Varejo vende menos e fatura mais
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O volume de vendas do comércio varejista brasileiro caiu 1,23%
em setembro, após dois meses
consecutivos de desempenho positivo. Apesar da queda no volume, a receita nominal das vendas
cresceu 6,32%.
Para o IBGE, responsável pela
pesquisa, isso significa que os comerciantes estão repassando a alta do dólar para manter as margens de lucratividade, mesmo
com as vendas em baixa.
De acordo com Nilo Macedo, da
equipe de analistas do IBGE, esse
comportamento é mais evidente
em segmentos oligopolizados, como o de super e hipermercados.
As vendas do segmento caíram
5,71% em volume, mas a receita
cresceu 3,06% em setembro.
"A margem de lucratividade é
algo que o empresário tenta manter a todo custo. Quando o lucro
não é interessante, ele acaba fechando", afirmou Macedo.
No acumulado do ano, até setembro, o volume de vendas no
varejo caiu 0,23%. A receita cresceu 6,08%.
Para o analista do IBGE, o comportamento das vendas em setembro reflete "uma situação
muito indefinida que já vem há
bastante tempo".
A indefinição, de acordo com
Macedo, nada mais é que um reflexo de indefinições maiores, como a da tendência da taxa de juros, ou de situações negativas que
perduram, como a elevada taxa de
desemprego e a queda no rendimento do trabalho.
Macedo rejeita a hipótese de
que o varejo esteja vivendo uma
situação de estagnação ou de estagflação (falta de crescimento
com inflação elevada).
Segundo ele, "indefinição" é a
palavra que melhor se encaixa na
situação, havendo segmentos que
estão até com desempenho muito
favorável, como o de combustíveis e lubrificantes, cujo volume
de vendas cresceu em julho, agosto e setembro, respectivamente,
7,26%, 10,56% e 11,37%.
Quanto à possibilidade de estagflação, Macedo afirma que a
aceleração inflacionária precisava
estar bem maior para caracterizar
essa situação.
Ainda assim, o técnico não arrisca uma previsão otimista para
as vendas de Natal. "Não acredito
que este seja melhor do que o Natal do ano passado", disse.
Ele soma aos problemas dos juros, do emprego e da renda o clima de expectativa sobre o que vai
fazer o novo governo. "Mas o Natal às vezes surpreende em cima
da hora", ressalva.
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