São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 2002

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EM TRANSE

Pressionado por dívida cambial, moeda dos EUA vai a R$ 3,68 ; risco-país cai 4,2%, para 1.759 pontos

Dólar sobe e anula calma pós-eleitoral

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar fechou o dia em alta, cotado a R$ 3,68. Com a valorização de ontem, acaba o efeito positivo acumulado pelas quedas sucessivas após o período eleitoral e a moeda passa a acumular uma alta de 1,38% no mês.
O câmbio passou o dia descolada dos outros mercados, onde o C-Bond (principal título da dívida brasileira) fechou com valorização de 2%, fazendo o risco-país cair 4,2% para 1.759 pontos.
Uma das causas de pressão no câmbio foram os movimentos do mercado em decorrência da parcela da dívida cambial do governo que vence no próximo dia 20.
Durante a tarde, o Banco Central (BC) promoveu um leilão de contratos de "swap" cambial e vendeu U$ 1,06 bilhão de dólares em títulos. Com essa operação, o BC efetuou a rolagem de 44,1% da dívida da próxima semana.
Após a leilão, que foi bem recebida pelo mercado, a pressão na cotação ficou menor e a moeda, que chegou a ser vendida na máxima do dia a R$ 3,724, diminuiu o ritmo de alta.
Segundo analistas, a notícia de que a Argentina não irá pagar sua dívida com o Banco Mundial teve pouca impacto no mercado de câmbio, pelo menos ontem.
Entretanto, João Medeiros, da corretora Pioneer afirma que o fato traz mais instabilidade para o mercado. Segundo ele, com isso os investidores tendem a querer diminuir sua exposição aos mercados latino-americanos, o que traz maior falta de liquidez nas transações cambiais e assim menor espaço para o dólar cair.
Devido a concentração de novos vencimentos dos títulos do governo atrelados ao dólar nas próximas semanas, os analistas acham remota a possibilidade da moeda norte-americana ceder no curto prazo.
"Com tudo que está acontecendo acho difícil o dólar cair. A menos que aconteça algo realmente interessante", diz Medeiros.
Segundo ele, é mais provável uma nova alta da taxa Selic (taxa básica de juros) na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) da próxima semana, devido ao aumento da inflação.


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