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REVISÃO DO ACORDO
Lorenzo Perez, que integra missão do Fundo, diz que alta de preços não assusta e está sob controle
Para FMI, inflação é apenas "bolha cambial"
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar da disparada dos preços
nos últimos meses, o FMI (Fundo
Monetário Internacional) considera que a inflação no Brasil está
sob controle e que as altas taxas
são resultado exclusivamente de
uma "bolha cambial".
"Não estamos assustados [com
o aumento da inflação]. Achamos
que é a bolha cambial. Não mais
[do que isso]. Pode, com uma boa
política, continuar a correr bem",
disse Lorenzo Perez, que integra a
missão do Fundo que visita o país.
Perez esteve reunido, com outros representantes da entidade,
por três horas com o presidente
do BC (Banco Central), Armínio
Fraga, na sedo do banco no Rio.
Perez chefiava as missões do
FMI no país. Desta vez, está no
Brasil também com o objetivo de
passar o cargo para o atual responsável pelas visitas técnicas do
Fundo, o argentino Jorge Marquez-Ruarte.
Mais reservado, Ruarte se limitou a dizer que a reunião "foi muito boa" e "muito produtiva", sem
informar que tema foi tratado.
Segundo Perez, foram três os
pontos centrais das discussões
com o BC: câmbio, política fiscal e
política monetária.
Questionado sobre possíveis alterações na meta de superávit primário -fixada em 3,75% do PIB
para 2003-, Perez afirmou que
isso "poderá ser lido no memorando, quando sair".
Ao ser indagado sobre a mesma
questão, Marquez-Ruarte disse
que não comentaria o assunto.
"Não posso falar agora. Só mais
adiante, na semana que vem."
Sempre depois das visitas o FMI
prepara e divulga um documento
com informações obtidas no país.
A missão do FMI, segundo Perez, termina na próxima semana,
com uma reunião com integrantes da equipe de transição de Lula.
Desde segunda-feira no país, a
missão objetiva fazer a revisão trimestral do acordo de US$ 30 bilhões do Brasil com o Fundo, firmado em setembro deste ano.
Sem acordo
Nos encontros com chefes de
Estado, ministros e presidentes de
BCs, Marquez-Ruarte está acostumado a discutir cifras bilionárias.
Com a engraxate Bianca da Silva
de Oliveira, 11, o valor tratado foi
muito menor: R$ 1. Foi essa a
quantia que a menina pediu ao
chefe da missão do FMI, dizendo
estar com fome. Com a cabeça, ele
se negou a dar o dinheiro, no aeroporto Santos Dumont (Rio).
Bianca disse ganhar de R$ 10 a
R$ 20 por dia. Os pais, afirma, são
catadores de papel. A menina não
sabia o nome nem do atual presidente nem do eleito. Mas sabia
qual a principal atribuição do
FMI: "Emprestar dinheiro".
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