São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 2002

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REVISÃO DO ACORDO

Lorenzo Perez, que integra missão do Fundo, diz que alta de preços não assusta e está sob controle

Para FMI, inflação é apenas "bolha cambial"

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar da disparada dos preços nos últimos meses, o FMI (Fundo Monetário Internacional) considera que a inflação no Brasil está sob controle e que as altas taxas são resultado exclusivamente de uma "bolha cambial".
"Não estamos assustados [com o aumento da inflação]. Achamos que é a bolha cambial. Não mais [do que isso]. Pode, com uma boa política, continuar a correr bem", disse Lorenzo Perez, que integra a missão do Fundo que visita o país.
Perez esteve reunido, com outros representantes da entidade, por três horas com o presidente do BC (Banco Central), Armínio Fraga, na sedo do banco no Rio.
Perez chefiava as missões do FMI no país. Desta vez, está no Brasil também com o objetivo de passar o cargo para o atual responsável pelas visitas técnicas do Fundo, o argentino Jorge Marquez-Ruarte.
Mais reservado, Ruarte se limitou a dizer que a reunião "foi muito boa" e "muito produtiva", sem informar que tema foi tratado.
Segundo Perez, foram três os pontos centrais das discussões com o BC: câmbio, política fiscal e política monetária.
Questionado sobre possíveis alterações na meta de superávit primário -fixada em 3,75% do PIB para 2003-, Perez afirmou que isso "poderá ser lido no memorando, quando sair".
Ao ser indagado sobre a mesma questão, Marquez-Ruarte disse que não comentaria o assunto. "Não posso falar agora. Só mais adiante, na semana que vem."
Sempre depois das visitas o FMI prepara e divulga um documento com informações obtidas no país.
A missão do FMI, segundo Perez, termina na próxima semana, com uma reunião com integrantes da equipe de transição de Lula.
Desde segunda-feira no país, a missão objetiva fazer a revisão trimestral do acordo de US$ 30 bilhões do Brasil com o Fundo, firmado em setembro deste ano.

Sem acordo
Nos encontros com chefes de Estado, ministros e presidentes de BCs, Marquez-Ruarte está acostumado a discutir cifras bilionárias.
Com a engraxate Bianca da Silva de Oliveira, 11, o valor tratado foi muito menor: R$ 1. Foi essa a quantia que a menina pediu ao chefe da missão do FMI, dizendo estar com fome. Com a cabeça, ele se negou a dar o dinheiro, no aeroporto Santos Dumont (Rio).
Bianca disse ganhar de R$ 10 a R$ 20 por dia. Os pais, afirma, são catadores de papel. A menina não sabia o nome nem do atual presidente nem do eleito. Mas sabia qual a principal atribuição do FMI: "Emprestar dinheiro".


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