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SECA INTERNACIONAL
Nos primeiros 15 dias de outubro, os recursos superavam em US$ 125 mi o financiamento de setembro
Crédito para exportação retorna, mas em conta-gotas
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O estoque de linhas de crédito
internacionais para o país encolheu US$ 6,3 bilhões desde junho
do ano passado, pico dos financiamentos externos, até o dia 15
de outubro, último dado disponível no Banco Central.
Os primeiros dias de outubro,
porém, trouxeram sinais de alívio
para a secura de crédito. Até o dia 15 daquele mês os
recursos disponíveis superavam
em US$ 125 milhões o total de financiamentos de setembro.
O dinheiro para financiar exportadores, importadores e outros tomadores internos de recursos andou tão curto que desde o
final de agosto o BC colocou US$
1,48 bilhão de suas reservas para
financiar a exportação e mais US$
2,8 bilhões nos chamados leilões
de linha, para suprir os bancos locais de moeda estrangeira.
Segundo Emílio Garófalo, ex-diretor da área externa do BC, as
linhas de crédito internacional diminuíram muito neste ano, mas
não faltaria dinheiro para financiar o comércio exterior se parte
dos recursos não fosse desviada
para outros fins.
Segundo operadores do mercado, é prática corrente empresas
obterem financiamentos à exportação e usarem o dinheiro para
aplicar no mercado financeiro local, ganhando com a diferença entre as taxas de juro.
A operação é simples: o "exportador" obtém a linha de crédito
em um banco local, por meio de
uma operação de ACC (Antecipação de Contrato de Câmbio).
O banco repassa ao exportador
recursos que capta no exterior a
uma taxa que, há dois meses, estava em torno de 5% ao ano. "Esses
contratos têm de estar vinculados
a um pedido firme de um importador ou a um projeto de exportação, o banco é responsável pelos
seus clientes", diz Garófalo.
O crédito é concedido em reais e
aplicado em operações no mercado financeiro local que oferecem
taxas superiores às cobradas nas
linhas de comércio exterior.
Nos últimos meses, segundo
analistas ouvidos pela Folha, as
operações de swap (proteção)
cambial ou de cupom cambial
eram as mais procuradas por serem as mais lucrativas. No auge
da crise cambial, o cupom chegou
a 50% ao ano. Segundo esses analistas, trata-se de uma operação
lucrativa, mas de alto risco, devido à volatilidade do mercado.
José Maria Carvalho, diretor do
departamento de capitais estrangeiros e câmbio do BC, explica
que a empresa que antecipa receitas de exportação, mediante um
ACC, tem até 540 dias para embarcar as mercadorias.
"Nesse período, ela pode aplicar
o dinheiro levantado junto ao
banco como quiser; isso é legal.
Mas, se não houver o embarque, o
contrato de câmbio é cancelado e
o exportador terá de pagar ao BC
a taxa de juros Selic sobre o total
do financiamento contratado",
diz ele. Além disso, terá de reembolsar o banco em dólar e mais as
taxas contratadas.
Carvalho afirma que o BC
acompanha contrato a contrato
de exportação, bem como o embarque das mercadorias. Isso vale
para todas as operações acima de
US$ 10 mil, segundo ele.
Oxigênio
Em outubro, as linha de comércio exterior começaram a receber
um pouco de oxigênio. "Houve
um leve aumento nas linhas de financiamento à exportação", diz
Fernando Honorato Barbosa,
economista do BBV Banco.
Segundo ele, "os prazos de financiamento também esticaram
um pouco, antes das eleições as linhas estavam muito curtas, com
vencimentos até dezembro".
Mas há poucos negócios sendo
fechados, pois as taxas estão muito altas, segundo Garófalo. "A volta das linhas externas depende de
uma negociação com os bancos
internacionais para reduzir as taxas de juros e da garantia de destinação dos recursos para o financiamento ao comércio exterior,
sem desvios", diz Garófalo.
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