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PF faz operação contra doleiro em SP
Doze escritórios e residências relacionados à "offshore" Agata foram alvo de ação de busca e apreensão pela polícia
Empresa é acusada de ter recebido remessas ilegais de US$ 600 milhões, segundo informações reunidas pela CPI do Banestado
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal realizou
ontem uma operação de busca
e apreensão em 12 escritórios e
residências de São Paulo e Barueri que têm algum tipo de relação com a "offshore" (empresa sediada no exterior) Agata
International Holdings e com
Roger Clement Haber, acusado
de operar como doleiro. O alvo
das operações são remessas ilegais feitas por empresários.
Numa das empresas supostamente ligadas a Haber, a Romipar Participações, localizada
num prédio de escritórios de alto nível no Itaim Bibi (zona sul
de São Paulo), a PF apreendeu
R$ 210 mil em dinheiro vivo.
Passaporte apreendido
O passaporte de Clement Haber também foi apreendido
-ele não pode deixar o Brasil
enquanto não terminar o processo criminal contra ele. A polícia temia sua fuga do país.
A Agata, uma "offshore" criada nas Ilhas Virgens Britânicas,
um paraíso fiscal no Caribe, é
acusada de ter recebido remessas ilegais de US$ 600 milhões,
segundo dados reunidos pela
CPI do Banestado. A "offshore", tipo de empresa em que é
virtualmente impossível descobrir quem são seus controladores, tinha uma conta no MTB
Bank de Nova York, depois
comprado pelo Hudson United
Bank.
A Agata ganhou notoriedade
por causa de políticos, empresários e publicitários famosos
que teriam usado os doleiros
que controlam essa "offshore"
para fazer remessas para fora
do Brasil. A lista inclui a Casas
Bahia, o ex-prefeito Paulo Maluf e os publicitários Duda
Mendonça e João Santana,
marqueteiros, respectivamente, das campanhas de eleição
(2002) e reeleição (2006) do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
A Casas Bahia, maior rede de
varejo eletrônico do país, é acusada de ter remetido US$ 1,06
milhão para um conta no banco
italiano Ambrosiano Veneto
por meio da Agata. O valor teria
sido creditado inicialmente na
conta da Agata no MTB Bank e
de lá transferido para a Itália. A
Casas Bahia nega que a remessa
tenha sido feita.
O marqueteiro João Santana,
que comandou a campanha de
reeleição de Lula neste ano, é
acusado de ter recebido US$
528,8 mil fora do Brasil entre
1999 e 2000 por meio da conta
da Agata. Policias acreditam
que ele possa ter recebido esses
valores da campanha do argentino Eduardo Duhalde. Um assessor de Santana disse ontem
que ele estava em Buenos Aires
e não poderia ser localizado.
Segundo o assessor, o marqueteiro não tem conta no exterior.
Duda Mendonça, que fez a
campanha presidencial de Lula
em 2002, também é acusado de
ter recebido ao menos US$
668,2 mil pela Agata. Ele nega.
Maluf é acusado de ter usado
a Agata em duas situações. Numa delas, teria transferido US$
1,5 milhão para Duda Mendonça, em 1997. O dinheiro teria
saído de "offshore" aberta na
Inglaterra pela família Maluf, a
Durant Internacional. Em
agosto de 2005, o doleiro Vivaldo Alves contou ao Ministério
Público Estadual que transferiu US$ 200.030,00 da conta
Chanani, atribuída a Maluf, para a Agata, em 16 de dezembro
de 1998. Maluf nega as acusações. A conta da Agata no MTB
foi aberta por Myriam Haber e
Roger Clement Haber em junho de 1996. Eles forneceram
um endereço na rua Pedroso
Alvarenga, no Itaim Bibi. Os
Haber não foram localizados
pela reportagem.
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