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Zona do euro já vive sua primeira recessão
Economia no terceiro trimestre recua em média 0,2% nos 15 países que adotam moeda única européia, criada em 1999
Queda no crédito, consumo e exportações geram retração; França surpreende e registra crescimento, mas Espanha e Itália encolhem
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Agora é oficial: a zona do euro
está em recessão pela primeira
vez desde a adoção da moeda
comum, em 1999. A confirmação do encolhimento de boa
parte da economia européia
ocorreu na véspera da reunião
de cúpula de hoje em Washington, na qual os países do continente podem ceder uma fatia
de poder nas instituições multilaterais a países emergentes.
Os números divulgados ontem pela Eurostat, a agência de
estatísticas da União Européia,
mostram que o PIB (Produto
Interno Bruto) médio dos 15
países da zona do euro sofreu
contração de 0,2% no terceiro
trimestre, repetindo desempenho do trimestre anterior.
A contração econômica por
dois trimestres consecutivos
configura uma situação de recessão, segundo a definição
aceita pela maioria dos especialistas. No caso da zona do euro,
chama a atenção a rapidez da
desaceleração: há três meses os
economistas apostavam que o
risco de recessão era de só 1 para 3, segundo pesquisa da agência de notícias Bloomberg.
De lá para cá, o aperto no crédito se agravou, reduzindo o
consumo, os investimentos e as
exportações dos países da região. Maior economia da Europa e exportadora número um
do mundo, a Alemanha foi uma
das mais afetadas e puxou o
PIB da zona do euro para baixo.
Na quinta-feira a recessão
alemã tornara-se oficial, com
contração de 0,5% no terceiro
trimestre, após retrocesso de
0,4% no segundo. Por trás do
declínio está uma queda no
consumo e na exportação de
automóveis e máquinas pesadas para países emergentes,
que deve continuar: a expectativa é de uma nova contração
no quarto trimestre.
Ontem foi confirmado que a
Itália, terceira maior economia
da zona do euro, também entrou em recessão. Seu PIB contraiu 0,5% no terceiro trimestre, após retração de 0,3% no
anterior. A economia da Espanha, por enquanto, ainda não
entrou em recessão, mas já encolheu 0,2% no terceiro trimestre -a primeira queda em
15 anos, mas havia crescido
0,1% entre abril e junho.
A surpresa foi a França, da
qual todos esperavam um número negativo que confirmasse
as suspeitas de recessão que o
próprio governo já antecipara,
mas que cresceu 0,14%. "É uma
cifra surpreendente", disse a
ministra da Economia francesa, Christine Lagarde. "Todos
já se preparavam para debater a
recessão."
A taxa anualizada de crescimento da economia da zona do
euro foi de 0,7%, enquanto a
média dos 27 países da UE foi
de queda de 0,2%, depois de ter
registrado expansão zero no
trimestre anterior. Nos últimos
meses, BCs da Europa injetaram bilhões no mercado, e os
países anunciaram pacotes de
estímulo econômico. O último,
na Alemanha na semana passada, chegou a US$ 23 bilhões.
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