São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2008

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Operações financeiras "punem" CSN e MMX

Siderúrgica tem queda de 94,3% no lucro do 3º trimestre; mineradora de Eike Batista registra prejuízo de R$ 343 mi

CSN aponta perda de R$ 1,3 bi com operações ligadas ao desempenho de seus papéis no exterior; MMX culpa "hedge" (proteção) e câmbio

DA SUCURSAL DO RIO

Operações no mercado financeiro afetaram negativamente os balanços da mineradora MMX e da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).
A mineradora do empresário Eike Batista registrou prejuízo de R$ 343 milhões no terceiro trimestre, influenciada por operações de "hedge" (proteção) e pela desvalorização cambial. Já a CSN divulgou lucro de R$ 39,6 milhões, montante que representa queda de 94,3% em relação ao resultado do terceiro trimestre do ano passado, de R$ 699,175 milhões.
A siderúrgica atribuiu a redução dos ganhos a uma perda de R$ 1,3 bilhão com um derivativo ligado ao desempenho das ações. No balanço, a CSN menciona uma queda de US$ 23 na cotação das ações dos ADRs (recibos de ações de empresas estrangeiras negociadas nos EUA), que impactou uma operação financeira denominada Total Return Equity Swap, praticada desde 2003. A operação troca a rentabilidade de seus ADRs contra uma determinada taxa de juros. A companhia diz ter ganho, até o final do primeiro semestre, R$ 3,1 bilhões com esse tipo de operação.
Nos primeiros nove meses do ano, a CSN acumula lucro de R$ 1,8 bilhão. A receita líquida cresceu 35,7% em relação a igual trimestre do ano passado e somou R$ 4,029 bilhões de julho a setembro deste ano.
O prejuízo da MMX está relacionado ao resultado financeiro. Ela menciona despesas como o pagamento em reais do equivalente a US$ 15 milhões destinados ao cumprimento da cláusula rescisória do contrato de assessoria financeira referente à venda de ativos da MMX Minas-Rio e da MMX Amapá para a Anglo American. Além disso, teve despesas de R$ 165 milhões de "hedge" (proteção) de moeda.
A mineradora afirma que tem uma política de eliminação dos riscos financeiros usada para minimizar os efeitos da variação cambial sobre seus investimentos e custos. As receitas da empresa são, em grande parte, atreladas ao dólar, já que os preços do minério de ferro e do ferro gusa são cotados no mercado internacional.
Com base numa previsão de investimentos e custos de US$ 1,5 bilhão para o período do segundo semestre de 2008 até 2011, a empresa contratou proteções equivalentes a US$ 650 milhões para o período 2008/ 2009. Esses contratos não têm impacto imediato no caixa, mas só na data de vencimento, com períodos concentrados em fevereiro e agosto de 2009.
As duas empresas citam o cenário de incerteza, por conta da retração na economia mundial. Para a CSN, apesar dos resultados favoráveis registrados pela indústria automobilística, há perspectiva de arrefecimento das vendas e da produção de veículos no país. Na parte de linha branca (como geladeiras), afirma que as restrições de crédito, a alta taxa de juros e as incertezas sobre o câmbio podem afetar o consumo.
A MMX afirma que a atual crise financeira está levando a um desaquecimento da atividade econômica global "num ritmo nunca antes visto".
Segundo a MMX, a tendência é que haja uma reorganização dos participantes do mercado, beneficiando os que apresentam maior produtividade. Para se adaptar à demanda menor por minério de ferro e ferro gusa, a empresa suspendeu as atividades da planta de Corumbá.


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