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INVESTIMENTOS
Pouca rentabilidade faz investidor migrar para renda fixa e DI; governo teme por recursos de habitação
Em baixa, poupança perde R$ 14 bi no ano
DA REPORTAGEM LOCAL
A rentabilidade da caderneta de
poupança, que tem caído mês a
mês, promete decepcionar ainda
mais os investidores. Esse resultado pode se refletir no aumento
dos saques das cadernetas, movimento que tem sido forte ao longo deste ano.
Tome-se um exemplo: uma caderneta de poupança que vence
no dia 6 de janeiro pagará apenas
0,589% de rentabilidade mensal.
Neste ano, o ganho da poupança ficou em apenas 11,1%, um
pouco acima da projeção da Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas) para o IPC (Índice
de Preços ao Consumidor) no
ano, em torno dos 8%. Em um
cálculo hipotético, considerando
o rendimento de 6 de janeiro, a
poupança renderia em 2004 algo
em torno de 7%.
O rendimento da poupança foi
um pouco melhor em meados
deste ano. Em julho, melhor mês
do ano, a poupança rendeu
1,05%. Mas, desde então, a rentabilidade desse tipo de aplicação
tem diminuído mês a mês.
O baixo retorno da poupança
tem feito os investidores decidirem sacar seus recursos e buscarem aplicações mais rentáveis. No
ano, até o fim de outubro, os saques feitos nas cadernetas de poupança superaram os depósitos em
R$ 13,8 bilhões.
Outras opções
Para Ricardo Magalhães, gerente de investimentos da Mellon
Global Investments, os investidores vão continuar saindo da poupança "para os fundos de renda fixa e DI". "Somente se a Selic (a taxa de juros básicos da economia,
hoje em 17,5% ao ano) caísse muito, abaixo dos 10% ao ano, a poupança faria frente a essas aplicações", diz Magalhães.
A poupança paga juros de 6%
ao ano mais a variação da TR (Taxa Referencial).
Enquanto a poupança perde recursos, os fundos de renda fixa registraram captação líquida (diferença entre saques e aplicações)
de R$ 29,6 bilhões neste ano, segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). Os fundos DI tiveram captação positiva de R$ 443 milhões somente nos cinco primeiros dias
deste mês.
Os fundos DI e de renda fixa são
normalmente compostos por títulos públicos, pós-fixados ou
prefixados, acompanhando a variação dos juros.
Esse movimento não agrada o
governo, pois é do saldo das cadernetas que sai a maior parte dos
recursos que financiam a casa
própria. Esse fato estaria levando
o governo a estudar formas de
melhorar a rentabilidade da poupança, segundo analistas do mercado.
(FABRICIO VIEIRA)
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