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MERCADO FINANCEIRO
Defensores de corte mais agressivo se apóiam em inflação baixa e no consumo ainda reprimido
Juro cai entre 1 e 1,5 ponto, dizem analistas
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Analistas de bancos e corretoras
esperam a próxima reunião do
Copom (Comitê de Política Monetária) divididos entre apostas
de cortes de um ponto percentual
e 1,5 ponto percentual nos juros.
O Copom deve anunciar na
quarta-feira sua decisão para a taxa básica de juros, que é atualmente de 17,5% ao ano.
Uma boa parte de analistas do
mercado, porém, afirma acreditar
que o Banco Central fará uma redução mais conservadora, de um
ponto percentual. Esse corte faria
a taxa básica de juros, a Selic, terminar o ano em 16,5%.
Os defensores de uma queda inferior à do mês passado, quando o
Copom cortou 1,5 ponto percentual, se apóiam na própria ata da
reunião do Comitê de novembro.
No documento, o BC afirmava
que havia ""incertezas importantes quanto à magnitude e à defasagem dos efeitos da política monetária na economia". Quem
aposta em um corte mais agressivo lembra que o que deve nortear
a decisão do Copom é a presença
ou não de pressão inflacionária.
""Os sinais de retomada econômica que se observam não são inflacionários. O que cresceu, ocupou capacidade ociosa, e o faturamento do comércio, segundo o
IBGE, caiu pela 11ª vez consecutiva", diz Hugo Penteado, economista-chefe do ABN Amro Asset
Management, que acredita que o
Copom optará por uma redução
de 1,5 ponto percentual.
Em razão do bom comportamento do IPCA, de os dados do
varejo estarem muito fracos e do
superávit cambial, Marcelo
Cypriano, economista do BankBoston, também diz esperar queda de 1,5 ponto percentual. O que
deveria preocupar, para ele, é se
há impacto da política monetária
na expansão do consumo.
"Seis meses depois do início da
queda de juros não aconteceu nada", diz Cypriano. "Está mais difícil de ativar o consumo desta vez
[do que em outras vezes que o BC
reduziu os juros]", completa.
"A demanda final está mais reticente em aparecer porque há indícios de maior endividamento
desta vez. Em São Paulo, é recorde
a quitação de dívidas de pessoas
inadimplentes", diz Penteado.
Outro argumento é que os juros
reais ex-ante, que consideram
"swap" de 360 dias x inflação projetada de 12 meses, estão em torno
de 9,30%. Segundo Cypriano, esse
patamar "já embutiria queda de
1,5 ponto percentual".
O Itaú também afirma esperar
queda dessa amplitude na Selic.
Entre as duas últimas reuniões
do Copom, os juros reais praticamente não haviam caído. O corte
de 1,5 ponto percentual em novembro, que surpreendeu o
mercado financeiro, fez a curva
desses juros se acelerar e recuar
de 10,48% para 9,26% -na sexta-feira passada.
Quem defende uma redução
mais conservadora, de um ponto
percentual, afirma que um corte
"mais ousado" levaria os juros
reais rapidamente a um nível
muito baixo, de cerca de 8%.
"Seria bom um corte maior,
mas acredito que o BC reduzirá
um ponto percentual porque já
está próximo spum patamar de
juros de equilíbrio. O importante
é a trajetória de queda", diz Beto
Scretas, da Schroeders Brasil.
"O cenário de inflação com que
o Copom irá se deparar nesta semana é favorável, tanto pela inflação corrente quanto pela expectativa de inflação nos próximos doze meses", diz Octavio de
Barros, economista-chefe do
Bradesco, que também espera
redução de um ponto percentual. Economistas do HSBC, do
Unibanco e do Banco Modal dizem ter a mesma expectativa para a decisão do Copom.
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