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São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Defensores de corte mais agressivo se apóiam em inflação baixa e no consumo ainda reprimido

Juro cai entre 1 e 1,5 ponto, dizem analistas

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Analistas de bancos e corretoras esperam a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) divididos entre apostas de cortes de um ponto percentual e 1,5 ponto percentual nos juros.
O Copom deve anunciar na quarta-feira sua decisão para a taxa básica de juros, que é atualmente de 17,5% ao ano.
Uma boa parte de analistas do mercado, porém, afirma acreditar que o Banco Central fará uma redução mais conservadora, de um ponto percentual. Esse corte faria a taxa básica de juros, a Selic, terminar o ano em 16,5%.
Os defensores de uma queda inferior à do mês passado, quando o Copom cortou 1,5 ponto percentual, se apóiam na própria ata da reunião do Comitê de novembro.
No documento, o BC afirmava que havia ""incertezas importantes quanto à magnitude e à defasagem dos efeitos da política monetária na economia". Quem aposta em um corte mais agressivo lembra que o que deve nortear a decisão do Copom é a presença ou não de pressão inflacionária.
""Os sinais de retomada econômica que se observam não são inflacionários. O que cresceu, ocupou capacidade ociosa, e o faturamento do comércio, segundo o IBGE, caiu pela 11ª vez consecutiva", diz Hugo Penteado, economista-chefe do ABN Amro Asset Management, que acredita que o Copom optará por uma redução de 1,5 ponto percentual.
Em razão do bom comportamento do IPCA, de os dados do varejo estarem muito fracos e do superávit cambial, Marcelo Cypriano, economista do BankBoston, também diz esperar queda de 1,5 ponto percentual. O que deveria preocupar, para ele, é se há impacto da política monetária na expansão do consumo.
"Seis meses depois do início da queda de juros não aconteceu nada", diz Cypriano. "Está mais difícil de ativar o consumo desta vez [do que em outras vezes que o BC reduziu os juros]", completa.
"A demanda final está mais reticente em aparecer porque há indícios de maior endividamento desta vez. Em São Paulo, é recorde a quitação de dívidas de pessoas inadimplentes", diz Penteado.
Outro argumento é que os juros reais ex-ante, que consideram "swap" de 360 dias x inflação projetada de 12 meses, estão em torno de 9,30%. Segundo Cypriano, esse patamar "já embutiria queda de 1,5 ponto percentual".
O Itaú também afirma esperar queda dessa amplitude na Selic.
Entre as duas últimas reuniões do Copom, os juros reais praticamente não haviam caído. O corte de 1,5 ponto percentual em novembro, que surpreendeu o mercado financeiro, fez a curva desses juros se acelerar e recuar de 10,48% para 9,26% -na sexta-feira passada.
Quem defende uma redução mais conservadora, de um ponto percentual, afirma que um corte "mais ousado" levaria os juros reais rapidamente a um nível muito baixo, de cerca de 8%.
"Seria bom um corte maior, mas acredito que o BC reduzirá um ponto percentual porque já está próximo spum patamar de juros de equilíbrio. O importante é a trajetória de queda", diz Beto Scretas, da Schroeders Brasil.
"O cenário de inflação com que o Copom irá se deparar nesta semana é favorável, tanto pela inflação corrente quanto pela expectativa de inflação nos próximos doze meses", diz Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco, que também espera redução de um ponto percentual. Economistas do HSBC, do Unibanco e do Banco Modal dizem ter a mesma expectativa para a decisão do Copom.


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