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"Vamos crescer o que for possível", afirma Mantega
Ministro não se compromete com meta de 5% anunciada logo após a reeleição
Titular da Fazenda diz apenas que espera para 2007 um crescimento da economia maior do que o registrado neste ano
SHEILA D'AMORIM
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) não quis se comprometer com a meta de crescimento da economia de 5% para
2007 alardeada pelo governo
após a vitória eleitoral. Em vez
disso, preferiu falar que o ano
que vem será melhor que este.
Segundo ele, o governo trabalha com "a possibilidade de
aproveitar todo o potencial de
crescimento que existe. Vamos
crescer o que for possível. Certamente será mais do que crescemos em 2006".
Segundo antecipou a Folha
ontem, nas últimas reuniões da
equipe econômica, a projeção
do PIB para 2007 já teria sido,
reservadamente, reduzida para
4% com aval do próprio Lula.
Logo após a reeleição de Lula, Mantega afirmou que o país
entraria em "nova fase". "Vai ficar mais claro o caráter desenvolvimentista, com crescimento maior da economia. O desenvolvimentismo virá à tona,
com crescimento acima de 5%,
geração de mais empregos."
Na mesma linha do ministro
de não citar números, o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, disse que o importante
é ter condições para elevar os
investimentos. "Não somos
obrigados a crescer 5%. Temos
que criar condições para melhorar o ambiente do investimento. Aí o crescimento virá."
A mudança de atitude adapta
o discurso oficial ao que já pregava o empresariado: só com
medidas de incentivo à produção será muito difícil fazer o
país crescer 5% em 2007.
Para o deputado federal Armando Monteiro Neto (PTB-PE), presidente da CNI (Confederação Nacional de Indústria), a meta de 5% para o ano
que vem é impossível. "Os
constrangimentos que limitam
o crescimento da economia
brasileira estão presentes. Se
começarmos uma agenda correta, de controlar gastos, produzir desonerações interessantes, recuperando os níveis de
investimentos, se perseverar
nessa agenda o Brasil poderá
crescer de maneira sustentável, a esse nível de 5%, num horizonte de quatro a cinco anos."
Mais crítico, o presidente do
Simpi (Sindicato da Micro e
Pequena Indústria do Estado
de São Paulo), Joseph Couri,
afirma que, para alcançar os
5%, Lula precisa "inverter a lógica atual onde o segundo escalão do governo diz o que o primeiro escalão deve fazer".
Já o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) manteve
previsão de 5%. "Acho que é
possível, sim. Achamos que é
preciso fazer algumas coisas,
por isso estamos desenhando
algumas medidas para ajudar a
economia a crescer 5%.".
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