São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

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"Vamos crescer o que for possível", afirma Mantega

Ministro não se compromete com meta de 5% anunciada logo após a reeleição

Titular da Fazenda diz apenas que espera para 2007 um crescimento da economia maior do que o registrado neste ano


SHEILA D'AMORIM
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Guido Mantega (Fazenda) não quis se comprometer com a meta de crescimento da economia de 5% para 2007 alardeada pelo governo após a vitória eleitoral. Em vez disso, preferiu falar que o ano que vem será melhor que este.
Segundo ele, o governo trabalha com "a possibilidade de aproveitar todo o potencial de crescimento que existe. Vamos crescer o que for possível. Certamente será mais do que crescemos em 2006".
Segundo antecipou a Folha ontem, nas últimas reuniões da equipe econômica, a projeção do PIB para 2007 já teria sido, reservadamente, reduzida para 4% com aval do próprio Lula.
Logo após a reeleição de Lula, Mantega afirmou que o país entraria em "nova fase". "Vai ficar mais claro o caráter desenvolvimentista, com crescimento maior da economia. O desenvolvimentismo virá à tona, com crescimento acima de 5%, geração de mais empregos."
Na mesma linha do ministro de não citar números, o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, disse que o importante é ter condições para elevar os investimentos. "Não somos obrigados a crescer 5%. Temos que criar condições para melhorar o ambiente do investimento. Aí o crescimento virá."
A mudança de atitude adapta o discurso oficial ao que já pregava o empresariado: só com medidas de incentivo à produção será muito difícil fazer o país crescer 5% em 2007.
Para o deputado federal Armando Monteiro Neto (PTB-PE), presidente da CNI (Confederação Nacional de Indústria), a meta de 5% para o ano que vem é impossível. "Os constrangimentos que limitam o crescimento da economia brasileira estão presentes. Se começarmos uma agenda correta, de controlar gastos, produzir desonerações interessantes, recuperando os níveis de investimentos, se perseverar nessa agenda o Brasil poderá crescer de maneira sustentável, a esse nível de 5%, num horizonte de quatro a cinco anos."
Mais crítico, o presidente do Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo), Joseph Couri, afirma que, para alcançar os 5%, Lula precisa "inverter a lógica atual onde o segundo escalão do governo diz o que o primeiro escalão deve fazer".
Já o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) manteve previsão de 5%. "Acho que é possível, sim. Achamos que é preciso fazer algumas coisas, por isso estamos desenhando algumas medidas para ajudar a economia a crescer 5%.".


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