|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF indicia Dantas sob acusação de calúnia
Segundo a polícia, ele e ex-diretor da Kroll teriam forjado documento sobre supostas contas de autoridades no exterior
Banqueiro nega qualquer participação em dossiê, publicado pela revista "Veja" em 2006, com nomes de Lula e ex-ministros
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Investigação conduzida pela
Polícia Federal desde maio de
2006 concluiu nesta semana
tratar-se de uma "armação" o
conjunto de documentos que
apresentam autoridades brasileiras, entre as quais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
como donas de vultosas contas
bancárias no exterior.
Ao fechar o inquérito relacionado ao caso, a PF indiciou sob
a acusação de crime de calúnia,
enquadrado na Lei de Imprensa, o banqueiro Daniel Dantas,
do Opportunity, e o executivo
Frank Holder, ex-diretor da
Kroll, multinacional que atua
na área de investigação.
Caluniar, nos termos da lei, é
atribuir a alguém falsamente
fato definido na legislação como crime. Em caso de condenação, a pena prevista é de prisão de seis meses a três anos,
além de multa.
Caberá agora ao Ministério
Público Federal decidir se acusa ou não, diante da Justiça, os
investigados pela PF.
A investigação foi aberta por
conta de reportagem publicada
na revista "Veja" em maio de
2006, na qual foram reproduzidas partes de documentos que
listavam autoridades, suas supostas contas bancárias e saldos de que dispunham.
Os correntistas seriam, além
de Lula, os ex-ministros Márcio
Thomaz Bastos, Luiz Gushiken, Antonio Palocci e José
Dirceu, além do senador Romeu Tuma (DEM-SP) e do ex-diretor da PF Paulo Lacerda,
hoje comandando a Abin.
Para a PF, Dantas foi o mentor da "armação". E teria usado
Frank Holder para materializar
a farsa. Os objetivos seriam
dois, pelo menos.
No caso de Thomaz Bastos,
ex-ministro da Justiça, e de Lacerda, uma possível vingança
pela Operação Chacal, investigação da PF que levou Dantas a
responder a ação penal, na qual
hoje defende-se pela suposta
prática dos crimes de violação
de sigilo e corrupção.
Quanto às demais autoridades, teriam sido incluídas no
dossiê como forma de pressioná-las, já que, na ocasião, Dantas, pelo Opportunity, disputava o controle da Brasil Telecom
com o Citibank, fundos de pensão, cujos diretores são nomeados pelo governo, e a Telecom
Italia.
Em março de 2005, os fundos fecharam um acordo com o
Citibank e passaram a ter o
controle da empresa, destituindo Dantas. Mas a disputa seguiu pelas vias judiciais. Em 30
de setembro de 2005, o Opportunity saiu do comando da Brasil Telecom.
O relatório do inquérito informa à Justiça Federal que o
pedido de quebra internacional
de sigilo para verificar a existência das supostas contas acabou frustrado por esbarrar em
falta de fundamentos suficientes e também na inexistência
de acordos de cooperação jurídica que sustentassem a medida pleiteada.
Mas a PF avalia que, diante
dos outros elementos colhidos
que indicam a falsidade do material, essa quebra se tornou irrelevante. A investigação revelou que o dossiê, com o indicativo das contas, tinha pelo menos
três versões, que chegaram ao
conhecimento da "Veja".
Conforme a reportagem de
"Veja", versão também repetida em depoimento, o banqueiro Daniel Dantas disse que soube, por meio da Kroll, da existência do dossiê. Repassou, então, a informação à revista, que
por sua vez buscou contato
com Frank Holder e publicou o
documento.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Outro lado: Dantas nega envolvimento com o caso Índice
|