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Produtor de carne vê "protecionismo" da UE
Para associação de exportadores, ameaça de impor restrições ao produto brasileiro decorre de disputa de mercado
Para Pratini de Moraes, Brasil avançou no setor e "pisou no calo de muita gente, como a Irlanda",
que defende barreiras
MARINA FALEIROS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os produtores de carne brasileira encaram como um "protecionismo sanitário" as alegações da UE (União Européia)
de que o país poderá sofrer restrições na exportação de carne
bovina para o bloco econômico.
Marcus Vinícius Pratini de
Moraes, presidente da Abiec
(Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), afirma que as medidas têm
caráter comercial e político,
por conta da liderança mundial
brasileira no setor.
"O Brasil cresceu abruptamente, multiplicou por dez
suas exportações e agora atende 182 mercados. Claro que
neste processo pisou no calo de
muita gente, como a Irlanda, o
país que mais tem agredido a
produção brasileira", afirma o
executivo.
Segundo reportagem publicada ontem na Folha, a porta-voz do comissário europeu de
Saúde, Nina Papadoulaki, disse
que foram detectados problemas nas inspeções sanitárias
feitas pela missão da UE que
esteve no Brasil em novembro.
De acordo com Pratini de Moraes, o Brasil vai se adaptar às
novas condições, que se referem principalmente a questões
de rastreabilidade e controle
do trânsito de animais no país.
"O que existe é um grande
volume de especulações, mas
aguardamos medidas e recomendações da União Européia.
O próprio governo brasileiro já
anunciou nas últimas duas semanas um conjunto de portarias que esperamos que satisfaça os técnicos europeus."
Ele explica que existem 5 milhões de propriedades agrícolas no Brasil, e por isso é difícil
rastrear totalmente o gado.
"Mas somente um número restrito de frigoríficos exportam
para a região, esses, sim, aptos
a atender tranqüilamente os
requisitos impostos pela UE."
A UE é o segundo maior mercado para a carne brasileira,
com 21% do total do volume
exportado. Em valor, a importância é ainda maior, já que os
cortes para a região são mais
sofisticados.
Conquista de mercados
Para Pratini de Moraes, o perigo em uma nova restrição vinda da UE é que outros clientes
do Brasil sejam influenciados,
causando um efeito cascata nas
vendas da carne brasileira. Segundo o presidente, os produtores brasileiros vão atender às
normas sanitárias e continuar
se impondo nos mercados, porém o governo brasileiro precisa agir para coibir a criação
abusiva de normas. "Como em
2005, quando o Canadá acusou
o Brasil de ter um caso de vaca
louca, o que não era real."
Pratini de Moraes diz que o
Brasil tem se mostrado competente na adaptação de pedidos
de todos os clientes, inclusive
com abates halal, que seguem
os preceitos islâmicos, e unidades especiais para atender o público judaico, por exemplo.
Por meio de um comunicado,
a JBS, maior exportadora brasileira de carne, diz que atende
"rigorosamente as normas fitossanitárias" de todos os países com os quais mantém relações comerciais. A nota ainda
afirma que a empresa possui 20
plantas industriais, sendo que
10 estão habilitadas para exportar para a União Européia.
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