São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

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Produtor de carne vê "protecionismo" da UE

Para associação de exportadores, ameaça de impor restrições ao produto brasileiro decorre de disputa de mercado

Para Pratini de Moraes, Brasil avançou no setor e "pisou no calo de muita gente, como a Irlanda", que defende barreiras

MARINA FALEIROS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os produtores de carne brasileira encaram como um "protecionismo sanitário" as alegações da UE (União Européia) de que o país poderá sofrer restrições na exportação de carne bovina para o bloco econômico.
Marcus Vinícius Pratini de Moraes, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), afirma que as medidas têm caráter comercial e político, por conta da liderança mundial brasileira no setor.
"O Brasil cresceu abruptamente, multiplicou por dez suas exportações e agora atende 182 mercados. Claro que neste processo pisou no calo de muita gente, como a Irlanda, o país que mais tem agredido a produção brasileira", afirma o executivo.
Segundo reportagem publicada ontem na Folha, a porta-voz do comissário europeu de Saúde, Nina Papadoulaki, disse que foram detectados problemas nas inspeções sanitárias feitas pela missão da UE que esteve no Brasil em novembro. De acordo com Pratini de Moraes, o Brasil vai se adaptar às novas condições, que se referem principalmente a questões de rastreabilidade e controle do trânsito de animais no país.
"O que existe é um grande volume de especulações, mas aguardamos medidas e recomendações da União Européia. O próprio governo brasileiro já anunciou nas últimas duas semanas um conjunto de portarias que esperamos que satisfaça os técnicos europeus."
Ele explica que existem 5 milhões de propriedades agrícolas no Brasil, e por isso é difícil rastrear totalmente o gado. "Mas somente um número restrito de frigoríficos exportam para a região, esses, sim, aptos a atender tranqüilamente os requisitos impostos pela UE."
A UE é o segundo maior mercado para a carne brasileira, com 21% do total do volume exportado. Em valor, a importância é ainda maior, já que os cortes para a região são mais sofisticados.

Conquista de mercados
Para Pratini de Moraes, o perigo em uma nova restrição vinda da UE é que outros clientes do Brasil sejam influenciados, causando um efeito cascata nas vendas da carne brasileira. Segundo o presidente, os produtores brasileiros vão atender às normas sanitárias e continuar se impondo nos mercados, porém o governo brasileiro precisa agir para coibir a criação abusiva de normas. "Como em 2005, quando o Canadá acusou o Brasil de ter um caso de vaca louca, o que não era real."
Pratini de Moraes diz que o Brasil tem se mostrado competente na adaptação de pedidos de todos os clientes, inclusive com abates halal, que seguem os preceitos islâmicos, e unidades especiais para atender o público judaico, por exemplo.
Por meio de um comunicado, a JBS, maior exportadora brasileira de carne, diz que atende "rigorosamente as normas fitossanitárias" de todos os países com os quais mantém relações comerciais. A nota ainda afirma que a empresa possui 20 plantas industriais, sendo que 10 estão habilitadas para exportar para a União Européia.


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